Temer e Amorim atrasam e são vaiados na Aman
24/08/2013 às 17:09
Muitos parentes de militares estavam em pé desde as 8 horas e usavam guarda-chuvas para se proteger do sol de meio-dia. Alguns mais idosos passaram mal por causa do forte calor - a reportagem perguntou o número de atendimentos no fim da cerimônia, mas não obteve resposta. O bancário Irineu Roque, de 55 anos, que mora no Rio Grande do Sul, viajou até Resende para acompanhar a formatura militar do sobrinho. "Acho que foi um descuido inaceitável", disse ele. "Entendi que (o protesto) foi pelo atraso. Autoridades têm suas limitações, mas têm facilidades também", acrescentou. A estudante de publicidade e noiva de militar Naiara Araújo, de 21 anos, foi uma das poucas a não vaiar. "Não era necessário, a gente tem a rua para fazer isso. O momento aqui é de comemoração", justificou.
Em entrevista após a cerimônia, Temer atribuiu as vaias ao atraso e disse que a atitude das famílias era justificável, classificando a reação de "modestíssima". "Esse pessoal está sob sol inclemente. Se eu estivesse aí, não sei se também não me incorporaria", declarou o vice-presidente. Ele disse que pensou em desmarcar sua participação, mas acabou decidindo ir mesmo atrasado. Segundo assessores, Temer saiu de São Paulo de avião e não teve teto para pousar em Guaratinguetá, por isso precisou ir até São José dos Campos, de onde seguiu de helicóptero militar até a Aman. O vice-presidente não mencionou isso na entrevista.
"Acho que foi esta a razão (o atraso), não vejo outra", disse Temer, referindo-se ao protesto. "Afinal, os cadetes e suas famílias são pessoas disciplinadíssimas, mas para quem ficou sob calor insuportável por 2 ou 3 horas talvez tenha sido uma modestíssima reação", acrescentou.
Amorim saiu de carro do Rio e também chegou atrasado. Indagado se as manifestações haviam chegado à academia militar, o ministro classificou o protesto como "natural" para quem ficou esperando tanto tempo no calor, mas ressalvou que "depois, quando houve referência a mim e ao vice-presidente (nos discursos), não houve nenhuma reação". "Todos somos seres humanos", disse o ministro, atribuindo as vaias "ao sol e a coisas que estão um pouco fora do nosso controle".
Sem desculpa
Temer e Amorim não se desculparam pelo atraso. O acesso à Aman fica na Via Dutra, a 143 km do Rio e a 260 km de São Paulo. A entrega de espadins é uma das mais tradicionais cerimônias do calendário acadêmico militar. Réplica reduzida da espada de combate de Duque de Caxias, o espadim é entregue desde a década de 1930 aos cadetes que realizam o curso básico. Ao concluir o curso, após quatro anos, eles o devolvem e recebem a espada maior de oficial.
Dos 476 cadetes que participaram da cerimônia de ontem, a maioria é das regiões sudeste (277) e sul (82). Também estão matriculados no 1º ano da Aman 8 estrangeiros - de Angola, Nigéria, Paraguai, Peru, Suriname (2) e Venezuela (2). O nome da turma homenageia a sangrenta Batalha do Tuiuti, ocorrida em 24 de maio de 1866.
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