quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Carta ao Partido dos Trabalhadores no Recife
Veja a íntegra:
Carta ao Partido dos Trabalhadores
O Partido dos Trabalhadores sempre foi reconhecido pela sua intensa e incessante disposição ao debate, nos caracterizamos como um partido de propostas ousadas e críticas contundentes, através do princípio democrático da participação e da construção coletiva. Esta construção histórica vem sendo substituída pelo pragmatismo e imediatismo de grupos políticos comandados por Humberto Costa, João Paulo, Múcio Magalhães, Mozart Sales, Josenildo Sinézio, Dilson Peixoto, Isaltino Nascimento e Pedro Eugênio, mais preocupados com sua própria sobrevivência política do que com os rumos do PT.
Desgastados por uma prévia, que poderia ter sido evitada, se as avaliações acordadas fossem cumpridas e o resultado da vontade da base partidária fosse respeitada, ainda padecemos de um funcionamento precário das instâncias, pela falta de compromisso destes mesmos grupos. Em Pernambuco são os principais responsáveis pela ausência de quórum no Diretório Estadual, desde junho de 2011, retrato do total abandono do PT promovido por estes agrupamentos.
Neste momento, durante a campanha à prefeitura do Recife, estes equívocos são evidenciados para toda a população. Os últimos programas do guia eleitoral da coligação “Para o Recife Continuar Mudando” tem atacado de forma virulenta e intempestiva o governo do estado, do qual nosso partido é integrante. Com afirmativa mentirosa, sobre a privatização da COMPESA e aumento da tarifa, o candidato do nosso partido trata um aliado estadual e nacional como inimigo. Lembramos que o próprio prefeito à época, João Paulo, assinou um contrato de programa com a COMPESA e jamais falou em privatização.
Qual a razão deste movimento? É ideológico ou puro pragmatismo eleitoral? Não nos resta outra resposta, estamos vendo a criação de uma justificativa que nos leva a um afastamento do campo democrático e popular. Uma ruptura irresponsável e calcada em uma grande inverdade. Uma tentativa desesperada de tentar nacionalizar a disputa, através de sofismas e argumentos casuísticos. “Esquerdizar” para justificar a irresponsabilidade política de Humberto Costa e seu grupo pelo isolamento do PT, num manobra desesperada e eleitoreira.
Através desta estratégia errática, nos distanciamos das referências petistas e corremos risco da perda de base social. O PT apequena-se perante a sociedade, utilizando práticas que sempre condenou e das quais foi vítima. Trata aliados históricos como se fossem adversários.
O futuro do PT em nosso estado e particularmente na maior cidade de Pernambuco depende de uma reflexão consequente e honesta sobre os erros cometidos na nossa trajetória recente. Não nos cabe transferir a responsabilidade dos erros políticos aos demais partidos aliados, nem muito menos às lideranças destes. Os equívocos começaram e permanecem no interior de nossa organização partidária. É fruto da política do personalismo, da falta de democracia interna e do desrespeito aos militantes e lideranças oriundas de outros campos, que não o majoritário. O sujeito político mais importante é o partido, que é coletivo e maior que eventuais mandatos. Para restabelecer as condições de diálogo, é fundamental a autocrítica e o reconhecimento dos equívocos cometidos nesta campanha, desde a formação da chapa majoritária, passando pela falta de defesa da atual gestão petista no Recife, até os temas colocados de forma desconexa, que despolitiza o debate e não conquista o imaginário da classe trabalhadora para um projeto verdadeiro transformador e justo.
Sempre é bom lembrar que as eleições passam, as divergências pontuais e conjunturais devem ser tratadas como tal, e as alianças maduras testadas na luta social e política necessitam ser preservadas.
Assinam:
Organização Marxista – OM
Novos Rumos
Democracia Socialista – DS
Coletivo Quilombo
PT de Lutas e de Massas – PTLM
Movimento PT
Militantes da Mensagem ao Partido
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