Os pais de Dileone Lacerda de Aquino, jovem executado em 12 de março por policiais militares no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos (SP), serão indenizados em R$ 100 mil, informou nesta segunda-feira a Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
O pedido havia sido feito à Procuradoria-Geral do Estado em maio. Segundo a defensora Daniela Skromov, a finalidade era buscar uma composição extrajudicial para o caso, evitando levá-lo ao Judiciário e aguardar por anos uma decisão. Além do pagamento, o acordo prevê uma pensão mensal de um terço de salário mínimo e reembolso de gastos com sepultamento.
Em seu relatório, a Procuradoria reconhece que a morte de Dileone foi causada pelos PMs. "Está claro que o óbito de Dileone foi causado pela ação dos policiais militares, que agindo nessa condição, lavaram-no para o interior do Cemitério Parque das Palmeiras, onde a vítima levou um tiro no peito. Depois disso seguiram para o hospital, no intuito de simular que socorreram a vítima, e que a morte de seu em razão dos ferimentos produzidos durante a troca de tiros, anteriormente ocorrida", diz o documento.
Para Daniela, o acordo não compensa a dor sofrida pela família, mas é oportuno. "O valor não indeniza a dor dessa família, mas o acordo é importante e foi aceito pela Defensoria Pública porque houve concordância dos familiares com seus termos. Prolongar a discussão do caso é prolongar a dor. Assim, reconhecemos a atitude positiva do Estado de ter se prontificado a indenizar com certa agilidade em uma composição extrajudicial, atitude essa que deve ser estimulada", considera a defensora, para quem o caso deve servir de exemplo para futuros acordos administrativos em demais episódios de letalidade policial.
Mulher denuncia execução de PMs ao 190
Em 12 de março, Dileone foi perseguido por dois PMs após relato de um roubo de carro, que colidiu contra o portão de uma casa na zona leste da capital paulista. Dileone abandonou o veículo e, na sequência, foi atingido na perna e algemado. O jovem teria entrado em uma viatura policial com vida e deixado o veículo no Cemitério Parque das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos.
Uma mulher não identificada presenciou o episódio e fez a denúncia em tempo real para o telefone 190 do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). Enquanto assistia ao assassinato, ela narrava os fatos para o 190, que registrou tudo. A mulher chegou a abordar a viatura enquanto fazia a denúncia.
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