247 - A paralisação dos policiais militares da Bahia vai ganhando contornos cada vez mais políticos. Os dois principais líderes do movimento grevista no Estado são do PSDB e do PSB, que juntos pressionam o governo petista de Jaques Wagner. A situação das grandes cidades baianas está bem crítica. Explodiu a onda de violência com índices assustadores de homicídios. Mesmo após fechar um acordo com o governador Wagner e depois de decisão judicial que determinou o fim da greve, a categoria agora optou pelo aquartelamento, como represália à prisão do líder do movimento, o vereador tucano Marcos Prisco. Enquanto isso, o deputado estadual Capitão Tadeu, do PDB, busca assumir a liderança do movimento.
Toda a manifestação dos policiais na Bahia tem claros contornos políticos. Diante do governo petista de Jaques Wagner, PSDB e PSB tentam enfraquecer a administração a menos de seis meses para a eleição. Com a prisão de Marcos Prisco, decidida pela Polícia Federal por causa do movimento grevista de 2012 (e não por causa dos atos desta semana), o deputado socialista emitiu nota de repúdio que demonstra a forte conotação política-eleitoral das manifestações.
"Ao governo do Estado pela traição aos Policiais e bombeiros militares baianos, pois mesmo tendo um acordo para o final da greve manda prender Prisco. Mesmo após Marco Prisco, vereador de Salvador, ter assinado um acordo aceitando o final da greve, contrariando inclusive parte da tropa, o governo mais uma vez trai a boa vontade dos policiais e bombeiros militares e manda prender Prisco. A prisão ocorre na data que os cristãos comemoram a Sexta-Feira Santa, um dia após o acordo que pôs fim à greve, caracterizando um ato de traição do governo para com os policiais militares. Dessa forma, neste momento, por exigência dos policiais e bombeiros militares, saio da condição de moderador do movimento reivindicatório e assumo a liderança do mesmo. Assim sendo, conclamo toda a tropa para suspender as atividades IMEDIATAMENTE até que o governo providencie a soltura de Prisco. Pede-se que esta moção de repúdio seja encaminhada à cúpula da Secretaria de Segurança do Estado da Bahia", afirma a nota do Capitão Tadeu.
A tropa então ouviu o pedido de Tadeu e durante a madrugada deste sábado (19) decidiu pelo aquartelamento. O comando da PM no Estado ainda não tem dimensão do aquartelamento das tropas, mas confirmou registros "em maior ou menor escala" pelo Estado, inclusive nas duas maiores cidades, Salvador e Feira de Santana. Em Feira de Santana, por exemplo, que somou mais de 40 homicídios no período da greve desta semana, a informação em um posto da Polícia Rodoviária Estadual era que grande parte da categoria estava reunida na sede da Aspra, a associação de praças e bombeiros liderada por Prisco.
Mais cedo, no final da noite de sexta-feira (18), cerca de cem policiais haviam se reunido em frente à Câmara Municipal de Salvador em encontro convocado após a prisão de Prisco. Representantes da Aspra procuravam enfatizar que o encontro fora uma manifestação espontânea de solidariedade a Prisco e que o recado dele era no sentido de não retomar a greve. A tentativa de assembleia se dispersou por volta das 22h30, mas os ânimos não se acalmaram, a julgar pelos desdobramentos das horas seguintes.
A opção pelo aquartelamento tem cunho meramente político, uma vez que o governo atendeu as principais reivindicações da categoria, como reconheceu o vereador Prisco, antes de ser preso. “Quase todas as reivindicações foram atendidas”, disse ele. De mesmo modo, O pedido da prisão dele não partiu do governo, mas sim do Ministério Público Federal da Bahia. No ano passado, o MPF/BA denunciou Prisco e mais seis pessoas por crimes praticados contra a segurança nacional durante a greve da PM, ocorrida em 2012. De acordo com o Ministério Público, os denunciados, entre vereadores, soldados e cabos da PM, auferiram com a greve lucros políticos nas eleições municipais.
Com as manifestações de agora, PSDB e PSB buscam os mesmos dividendos políticos, só que agora com as eleições estaduais. Como é processado por crime político grave pelo MPF, qualquer recurso contra a prisão de Prisco somente pode ser ajuizado no Supremo Tribunal Federal.