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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Grupo de delegados acusa capitão da PM de mandar matar um mototaxista


Grupo de delegados acusa capitão da PM de mandar matar um mototaxista em IpatingaCaso era apurado por jornalista executado este ano na cidade
O Estado de Minas

Publicação: 20/07/2013 06:00 Atualização: 20/07/2013 07:02

Segundo a polícia, Diunismar foi morto a tiros por dois homens em frente a uma padaria no Bairro Veneza, em Ipatinga (paulo filgueiras/em/d.a press - 18/4/13)
Segundo a polícia, Diunismar foi morto a tiros por dois homens em frente a uma padaria no Bairro Veneza, em Ipatinga


Um capitão da Polícia Militar foi preso ontem à tarde, em Belo Horizonte, em decorrência dos trabalhos da força-tarefa que investiga 14 assassinatos no Vale do Aço com indícios de participação de grupos de extermínio. Entre os casos estão as execuções a tiros do jornalista Rodrigo Neto, de 38 anos, em março deste ano, e do repórter fotográfico Walgney Assis de Carvalho, de 43, em abril. De acordo com o delegado Wagner Pinto, que chefia a força-tarefa, o oficial da PM Charles Clemencius Diniz Teixeira não está ligado às mortes dos dois profissionais de imprensa. Porém, é suspeito de ser o mandante da execução do mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o Juninho, de 41. Por ocasião do ataque ao mototaxista, o instalador de máquinas José Maria, de 58, foi atingido por uma bala perdida e também morreu.

O delegado Emerson Crispim de Morais, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela apuração do crime, ocorrido em 8 de fevereiro de 2007, disse que o capitão nega ter sido o mandante. Porém, ele e sua atual companheira, Cíntia Ramos Faridi, foram indiciados pelo duplo homicídio. No caso da morte do instalador, que não seria o alvo do casal, eles respondem por dolo eventual, quando assumem o risco de matar. Morais justificou o pedido de prisão preventiva do militar como forma de garantir a ordem pública. “Há várias testemunhas que confirmam os atritos entre a vítima e o acusado, seguidos de ameaças de morte”, disse o delegado, que descartou qualquer envolvimento do oficial nas execuções dos jornalistas.

As acusações contra Charles Clemencius faziam parte de um material que o repórter Rodrigo Neto vinha juntando pouco antes de morrer para produzir uma série de matérias. Diunismar era um trabalhador sem qualquer passagem pela polícia, mas o caminho dele cruzou com o do capitão, que trabalhava em Ipatinga, depois que sua então namorada, Cintia Faridi, passou a ter um caso com o militar, na época casado. Diante dos constantes atritos, seguidos de ameaças, entre os dois, Charles chegou a ser transferido para a cidade vizinha de Belo Oriente.

Discussão 

Diunismar Ferreira foi morto depois de se envolver numa discussão seguida de agressão à sua ex-companheira. A mulher o procurou para pegar seus pertences, colocando fim na relação do casal. Testemunhas contaram que Cíntia dirigia o carro do capitão da PM, com quem passou a morar, e durante o atrito, Diunismar chutou a porta do veículo. A ex-companheira então o ameaçou de morte e, passadas 11 horas, dois homens numa moto o abordaram numa padaria, no Bairro Veneza, em Ipatinga, para executá-lo com seis tiros. Foi quando o instalador José Maria também foi baleado e morreu.

Desde que a força-tarefa com quatro delegados do DHPP, de Belo Horizonte, iniciou as apurações no Vale do Aço, há três meses, já foram presos nove policiais, sendo três militares e seis civis. Um dos presos, o investigador Lúcio Lírio Leal, de 22, é suspeito de participação na execução do repórter Rodrigo Neto. Alessandro Neves, de 31, o Pitote, é apontado como o autor dos cinco disparos que atingiram o jornalista. Mesmo não sendo policial, ele circulava livremente pelas delegacias de Ipatinga e até participava de ações da Polícia Civil na cidade. Os dois foram presos no mês passado. Há outro policial preso, suspeito de participação no assassinato de Walgney Carvalho. As mortes dos jornalistas motivaram a troca da cúpula da Polícia Civil no Vale do Aço, em abril. 

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