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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Bombeiro que fez resgate de jovem morta por tubarão vai a enterro em PE



24/07/2013 15h54 - Atualizado em 24/07/2013 16h31


Família, amigos e namorado cantaram músicas para Bruna Gobbi, 18 anos.
Moradores de Escada também compareceram à cerimônia nesta quarta.

Katherine CoutinhoDo G1 PE
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Mesmo sem conhecer a jovem, moradores de Escada compareceram ao velório (Foto: Katherine Coutinho / G1)Mesmo sem conhecer a jovem, moradores de Escada compareceram ao velório (Foto: Katherine Coutinho / G1)
O corpo da estudante Bruna Silva Gobbi, 18 anos, morta após ataque de tubarão na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na segunda (22), foi sepultado às 14h30 desta quarta-feira (24) no Cemitério Descanso Eterno, em Escada, Zona da Mata Sul de Pernambuco, onde mora parte da família da vítima. O corpo da estudante paulistana chegou ao cemitério por volta das 13h. O bombeiro militar Fábio Francisco da Silva, que estava na moto aquática e ajudou no resgate de Bruna e da prima dela, Daniele Souza, fez questão de dar apoio aos familiares e compareceu à cerimônia.
"A gente sente um peso na consciência, mesmo tendo feito tudo que podia fazer. Não fui um herói, fiz o que optei fazer. Quando se é bombeiro, isso é algo para o que você se prepara", disse o bombeiro. Os pais, a irmã de 10 anos, parentes pernambucanos e também de São Paulo e do Rio Grande do Sul, terra natal do pai, acompanharam o velório. A família chegou ao cemitério em um micro-ônibus do Corpo de Bombeiros.
Tio da vítima é cumprimentado por bombeiro que participou do resgate (Foto: Katherine Coutinho / G1)Tio da vítima é cumprimentado por bombeiro que participou
do resgate (Foto: Katherine Coutinho / G1)
"Esse é um momento de muita dor para todos nós. A mãe dela não tem condições de falar, pedimos que respeitem esse momento deles. Algumas pessoas passaram mal e precisaram ser levadas para o posto de saúde, é um momento de muito estresse", afirmou o tio dela, Sérgio da Costa.

O namorado de Bruna, Gabriel Brito, se sentiu mal na cermônia. Durante o sepultamento, ele fez questão de colocar uma rosa vermelha junto do caixão. "Adeus, minha princesa, você vai morar para sempre no meu coração", se despediu Gabriel, muito emocionado, lembrando também que a namorada sonhava ser aeromoça.

Pai da jovem, Valdir Gobbi, ajudou a colocar o caixão da filha no local. Muito emocionado, se abraçou aos parentes. "Me desculpe, mas eu não estou conseguindo falar. Não tenho mais palavras nem forças", disse Valdir pela manhã, antes de ver o corpo da filha.

Mesmo sem conhecer a jovem, moradores do município fizeram questão de comparecer ao enterro. A comerciante Maria do Carmo Nascimento e a servente Marineide de Lima acreditam que é uma forma de dar apoio. "É difícil para qualquer um perder alguém que gosta. Eu moro perto do avô dela, não tenho muito contato, mas quis vir", contou.

Parentes e amigos da jovem se despediram dela com canções e orações, enquanto o túmulo era fechado, lembrando o quanto a menina era alegre e decidida. A avó, Isaura Nascimento, fazia orações e pedia a Deus para cuidar de sua menina. "Que seja feita a vontade de Deus", disse.
Namorado de Bruna, Gabriel Brito, colocou rosa vermelha junto ao caixão (Foto: Katherine Coutinho / G1)Namorado de Bruna, Gabriel Brito, colocou rosa vermelha
junto ao caixão (Foto: Katherine Coutinho / G1)
De acordo com Sérgio da Costa, o pai de Bruna deve retornar a São Paulo ainda nesta quarta, assim como a prima e a tia-avó que vieram com Bruna de féiras, mas a mãe retorna apenas no fim de semana.
Causa da morte
O laudo divulgado na tarde de terça (23) pelo Hospital da Restauração (HR), onde Bruna faleceu, informa que a paciente chegou à unidade, por volta das 15h da segunda, com uma mordida de tubarão na perna esquerda e em choque hipovolêmico, caracterizado pela perda de grande volume de sangue. A jovem já havia tido duas paradas cardiorrespiratórias antes da admissão no HR, sendo uma na UPA da Imbiribeira, para onde ela foi levada primeiro, e outra na ambulância. A terceira aconteceu no hospital.

Bruna teve a perna amputada acima da coxa esquerda e foi mantida na UTI respirando com ajuda de aparelhos e tomando drogas vasoativas, além de outros medicamentos para controle do choque hipovolêmico. Ela evoluiu para uma parada cardiorrespiratória irreversível e morreu por volta das 23h30, sendo encaminhada para o IML na mesma noite.

Na terça, o comerciante Davi Leonardo Alves, tio de Bruna que mora em Olinda, foi ao IML e disse à imprensa que a família vai processar o governo estadual, usando o argumento que o Corpo de Bombeiros alertou apenas sobre a corrente marítima e não para o risco de ataque de tubarão. A corporação negou a denúncia, afirmando que informou sobre ambos os perigos três vezes, e falou que não pode prender nem tirar ninguém da água à força.
Pais, tia-avó e primos se emocionaram no sepultamento (Foto: Katherine Coutinho / G1)Pais, avó e primos se emocionaram no sepultamento (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Equipamentos de proteção
Os bombeiros informaram que no socorro foi utilizado o "sharkshield" para afastar os tubarões. O equipamento emite ondas eletromagnéticas de 20 a 30 metros de distância e o barulho incomoda o animal, fazendo com que se afaste. Eles também explicaram que o trânsito intenso na hora do resgate fez com que a vítima fosse levada, em um carro da Polícia Militar, primeiramente para UPA da Imbiribeira, a fim de que os médicos de lá pudessem estabilizá-la. Ao mesmo tempo, uma ambulância já tinha sido acionada para levá-la ao HR, a principal emergência da cidade.

Bruna foi a primeira mulher a morrer após ser mordida por um tubarão no estado, desde que os ataques começaram a ser contabilizados pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit).

A estudante visitava Pernambuco, onde passava férias com a família. Ela chegou no dia 18 ao estado, com mãe e uma tia-avó, e já tinha ido ao interior. Elas voltariam para a capital paulista nesta quarta (24). Bruna estava na praia de Boa Viagem com a mãe, a tia-avó, primos que moram em Olinda e uma prima, Daniele Souza Gobbi. Ela disse que sabia dos riscos de ataque, mas acreditava que pudesse acontecer apenas no fundo do mar. 

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