A greve dos rodoviários entra em seu quarto dia na Região Metropolitana do Recife , afetando os quase dois milhões de passageiros que usam o serviço por dia. Na manhã desta quinta (4), o Governo do Estado informou que entrou no circuito como mediador. A Secretaria de Articulação Regional e Social de Pernambuco (Seart) e a Secretaria das Cidades estão intermediando conversas entre as partes envolvidas - já foram ouvidos representantes dos trabalhadores (atual gestão do Sindicato dos Rodoviários) e oposição (Conlutas) e agora o governo busca intermediar um consenso com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) em reunião ainda a ser agendada.

De acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte, nesta quinta-feira (4), durante o horário de pico, que vai das 5h30 às 9h, 79,3% da frota circulou – portanto, abaixo dos 80% exigidos pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A informação é de que boa parte desses ônibus está parada no meio da rua e, nos 17 terminais, há ônibus saindo e entrando precariamente. O Consórcio informou que pediu apoio à polícia para reforçar a segurança nos terminais e que está fiscalizando e informando os números diariamente à imprensa e ao TRT. Fernando Bandeira, presidente do Urbana, disse que 81% da frota de ônibus estava na rua nesse horário. Ele também disse que vai manter esse índice à tarde e que para garantir a volta para casa vai contratar motorista terceirizado, se for necessário.

Uma reunião do Urbana/PE está prevista para esta quinta-feira, por volta do meio-dia, para discutir as providências que podem ser tomadas. Segundo o Urbana/PE, uma das medidas que poderia ter sido adotada nesta manhã era a contratação de mão de obra temporária do cadastro de reserva, mas isso só seria feito se os rodoviários não aparecessem – e eles foram trabalhar, saíram da garagem, mas deixaram os veículos no meio da rua.

A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) informou que os bloqueios aos ônibus que estão sendo realizados nas ruas do Recife durante a greve pela Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) são a pedido do Grande Recife Consórcio de Transporte, que é o operador do sistema.

Durante a greve, a reportagem da TV Globo flagrou situações de superlotação em veículos de pequeno porte do Transporte Complementar, gerenciados pela CTTU. Questionada sobre o fato, a CTTU disse que todos os 150 veículos responsáveis pelo transporte complementar são credenciados e passam por fiscalização regularmente, mas, durante a greve, houve uma flexibilização na forma de transportar os passageiros, para garantir o direito de ir e vir ao maior número de pessoas possível, em uma situação atípica e emergencial.

Justiça 
O presidente do TRT, desembargador Ivanildo Andrade, disse que a função do Tribunal já foi cumprida ao julgar a greve ilegal e divulgar essa informação. “Com o julgamento, entregamos a decisão, acabou a nossa participação, não podemos intervir. Podíamos também tentar intermediação; fizemos isso exaustivamente. Nós não podemos fazer nada agora”, comenta.

Segundo ele, o caso ainda vai tramitar em julgado, tem prazo para recorrer, e pode ser objeto de revisão. Só depois disso é que as devidas punições serão aplicadas. “Eles estão descumprindo. Cada dia implica em aplicação da multa. Mas não é nessa fase agora”, disse o presidente do TRT.

Para o desembargador, a questão agora entra na esfera política. “Agora o problema é assegurar transporte público, isso é com o estado e a Prefeitura. E assegurar a ordem pública, que é papel da polícia”, explica. Segundo ele, cabe aos empregadores tomar as providencias que lhe competem. “Eles estão autorizados a despedir o empregado que deixou de trabalhar, inclusive” , declarou.