PM preso no ano passado acusa ministro do Esporte de ter recebido propina, diz VEJA
por ESPN.com.brResponsável pela pasta do Esporte, que se transformou em centro das atenções na Esplanada dos Ministérios por conta dos importantes eventos que o Brasil vai receber nos próximos anos, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, o ministro Orlando Silva Júnior é alvo de reportagem da revista VEJA desta semana em que é acusado de ter recebido propina.
A revista conversou com o policial militar João Dias Ferreira, preso no ano passado sob acusação de ter feito parte de um esquema supostamente organizado pelo PCdoB, que há anos comanda o Ministério do Esporte, que desviava dinheiro público usando organizações não-governamentais (ONGs) como fachada. Segundo o PM, o ministro teria recebido o dinheiro das mãos de Célio Soares Pereira, um “faz-tudo” do esquema.
Em 2010, foram presos cinco pessoas acusadas de desviar dinheiro de um programa criado pelo governo federal que incentivava crianças carentes a praticar atividades esportivas, o Programa Segundo Tempo. Os supostamente envolvidos eram acusados de receber dinheiro do Ministério do Esporte por meio de ONGs.
Segundo o PM, o esquema no Ministério do Esporte pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. “As ONGs, segundo ele, só recebiam os recursos mediante o pagamento de uma taxa previamente negociada que podia chegar a 20% do valor dos convênios. O partido indicava desde os fornecedores até pessoas encarregadas de arrumar notas fiscais frias para justificar despesas fictícias”, diz o texto da revista.
Dias Ferreira também afirmou à VEJA que na gestão do ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, hoje governador do Distrito Federal, antecessor de Orlando Silva no ministério, o Programa Segundo Tempo já era uma espécie de “caixa 2” do PCdoB – e que o suposto gerente do esquema era o atual ministro.
Orlando Silva está em Guadalajara, no México, onde participou na última sexta-feira da abertura dos Jogos Pan-Americanos. Neste sábado, ele terá uma reunião com outros ministros do Esporte dos países do Mercosul. Por meio de seu perfil no Twitter, o ministro rebateu as acusações: "Daqui a uma hora, farei uma entrevista coletiva, aqui mesmo em Guadalajara, México, para desmascarar a farsa publicada hoje".
Em dez meses de governo, a presidenta Dilma Rousseff já fez algumas modificações em sua equipe ministerial – quase todas foram decorrentes de denúncias de corrupção. Já caíram os ministros Alfredo Nascimento (Transportes), Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Pedro Novais (Turismo) e Wagner Rossi (Agricultura), além de Nelson Jobim (Defesa) – este último, o único que não deixou o cargo em meio a denúncias.
Matéria vinculada.
Dirigente de ONG ameaça ministro do Esporte
O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias Ferreira é um personagem recorrente de denúncias envolvendo o Ministério do Esporte. Dias presidiu duas entidades acusadas de desviar cerca de R$ 2 milhões do programa Segundo Tempo do Ministério. Desde o começo das denúncias, Ferreira sempre se manteve na sombra. Há duas semanas, porém, ele mudou de atitude. Ferreira criou um blog e passou a atacar desafetos por meio dele. No blog, Dias promete, entre outras coisas, fazer revelações sobre “arrecadadores da gestão do Orlando Silva (ministro do Esporte)”. Ferreira afirma, também, que um ex-servidor do ministério, supostamente requisitado por Orlando Silva, cobrava propina para “sumir” com processos de prestação de contas dos convênios supostamente fraudados. Dias afirma que não pagou pelo serviço, mas dará nomes de quem teria aceitado pagar. O advogado de João Dias disse que não conseguiu localizá-lo para comentar o conteúdo do blog. Em nota à revista, o Ministério do Esporte afirma que não comentará “invencionices” do policial. Disse, ainda, que o autor das denúncias deveria “procurar a justiça”.
Reportagem publicada no blog Quidnovi, na sexta-feira, afirma que o soldado João Dias detalhou, a uma pessoa próxima à presidente Dilma Rousseff, desvios de dinheiro do programa Segundo Tempo para o PC do B, partido do ministro Orlando Silva. Ainda de acordo com a reportagem, Dias deu informações sobre desvios no contrato que o Ministério do Esporte mantém com uma empresa de publicidade. Entre os favorecidos com as supostas irregularidades estariam ex-funcionários e o chefe de gabinete do ministro Orlando Silva, Vicente José de Lima Neto. Segundo o Ministério do Esporte, a empresa foi contratada mediante licitação e as afirmações (João Dias) não têm fundamento. “As insinuações são invencionices”, diz a nota.
Em maio do ano passado, ÉPOCA publicou reportagem sobre relatório final da Operação Shaolin, da Polícia Civil de Brasília, que investigou desvios no Segundo Tempo a partir de convênios com as associações de João Dias. De acordo com a apuração da polícia, empresas de fachada cobravam 17% do valor das notas para emitir os papéis frios, sacar os recursos depositados pelas associações em suas contas e devolver o dinheiro para as ONGs de João Dias: a Federação Brasiliense de Kung Fu (Febrak) e a Associação João Dias de Kung Fu. As associações foram contratadas para desenvolver atividades esportivas com alunos da rede pública de ensino. Os investigadores afirmam que Dias desviou recursos para a compra de uma casa avaliada em R$ 850 mil para construir duas academias de ginástica e financiar sua campanha para deputado distrital em 2006.
Murilo Ramos
Fontes: Espn/Estadão & Epoca/Globo.com
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