Ministério Público pede a transferencia do tenente que era responsável pelo presídio militar onde entrou as bebidas. Segundo a Promotora o tenente não pode ficar na Unidade Prisional, onde trabalhava.

Promotora pede transferência de PM do caso das cervejas para BPChoque

Segundo ela, tenente não pode ficar na Unidade Prisional, onde trabalhava.
Entrega de 2.600 latas da bebida ocorreu no domingo, em Benfica, no Rio.

Alba Valéria Mendonça Do G1 RJ


A promotora Isabella Pena Lucas, da Auditoria Militar, pediu à Justiça Militar, nesta segunda-feira (24), que o tenente, que estava como oficial de dia na Unidade Especial Prisional (UEP) da Polícia Militar, em Benfica, na Zona Norte do Rio, e permitiu a entrega de 2.600 latas de cerveja na unidade, seja transferido para o Batalhão de Choque (BPChoque), no Centro do Rio.

“Devido à fragilidade, à vulnerabilidade e no mínimo ao alto despreparo dos policiais da UEP”, o policial suspeito não pode permanecer preso na unidade.

Em seu despacho, a promotora diz que por questões de hierarquia e disciplina “o militar não pode ficar acautelado no mesmo lugar onde trabalhava”. No documento, diz que “o fato é grave para a vida militar e que a justificativa de seus advogados (que pediram a liberdade provisória do tenente) é incompatível com a realidade dos fatos, já que se alega que a bebida entrou para ser inspecionada por outro militar preso, o que não tem o menor cabimento”.

A promotora diz ainda que já oficiou o Comando Geral da PM e a Secretaria de Segurança Pública para que sejam tomadas as devidas providências para acabar com a falta de segurança e qualificação da unidade e assim evitar novas irregularidades.

Suspeitos presosO secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, informou na tarde desta segunda-feira (24) que já foram identificados e estão presos os suspeitos de entregarem 2.600 latas de cerveja na tarde de domingo (23) na Unidade Especial Prisional da PM.

"Eles serão julgados e provavelmente irão para a rua", disse Beltrame, na solenidade em que foi assinada a prorrogação da presença da Força de Pacificação nos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha.

O secretário informou ainda que já sabia do caso desde domingo (23).

De acordo com o comandante da unidade prisional, tenente-coronel Wilson Gonçalves, o batalhão tem 14 câmeras de monitoramento, que não estavam em funcionamento, mas que foram recuperadas quando o coronel assumiu a unidade. No entanto, segundo ele, no portão em que o carro entrou não há monitoramento. Ele pretende aumentar o número de câmeras.

Na manhã desta segunda, o corregedor geral da PM, Waldyr Soares Filho, disse que foi aberto um Inquérito Policial Militar para investigar a entrega das latas de cerveja. Segundo Soares Filho, o oficial de dia que trabalhava no momento da entrega das bebidas será autuado por permitir a entrada dos produtos no batalhão. Para o corregedor, pode se tratar de uma encomenda feita por militares presos. Mas ele não crê que cerveja seria para uma festa no local.

A informação sobre o veículo carregado com bebidas chegou ao serviço de inteligência da Corregedoria na noite de domingo (23). Ao saber do caso, ele determinou que policiais da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DJPM) fizessem a investigação.

Segundo o corregedor, os agentes foram ao local e encontraram as latas de cerveja dentro de uma Fiat Fiorino no estacionamento da unidade. Um homem, que seria o motorista do veículo, foi detido e contou que as bebidas pertenceriam a um dos detentos. A carga foi apreendida.

Nova unidade prisional deve ficar pronta em 2012
No dia 4 de outubro, o governador Sérgio Cabral anunciou que uma nova unidade prisional para policiais militares será construída em Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, e a atual Unidade Especial Prisional será transformada em presídio feminino.

Segundo a Secretaria de Segurança, o governo definiu que a nova unidade ficará em um terreno dentro da área de Gericinó (Complexo Penitenciário de Bangu) e que deve estar concluída até o fim de 2012.

Suspeito de pertencer à milícia fugiu em setembro
No início de setembro, o ex-PM conhecido como Carlão, suspeito de pertencer a uma milícia que atua em Campo Grande, na Zona Oeste, fugiu da atual Unidade Especial Prisional, onde estava preso desde junho do ano passado. Meses antes da fuga, Carlão chegou a dar uma festa de aniversário para seu filho dentro da unidade prisional.

Após o episódio, os PMs presos por suspeita de envolvimento na morte da juíza Patrícia Acioli em agosto, em Niterói, não foram levados para a Unidade Especial Prisional e sim para o presídio de Bangu 1.

No dia 22 de setembro, a assessoria da PM havia informado que a Unidade Especial Prisional já tinha passado por cinco trocas de comando desde que o comandante-geral Mário Sérgio Duarte assumiu a corporação, em julho de 2009. Duarte deixou o cargo em 28 de setembro. Ele estava no cargo há pouco mais de 2 anos. A decisão do comandante da PM em deixar o cargo aconteceu após a prisão do tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, suspeito de ser o mandante da morte da juíza Patricia Acioli, em agosto. Oliveira foi exonerado do comando do 22º BPM (Maré) e está preso. Ele afirma ser inocente.

O novo comandante da PM, coronel Erir Ribeiro Costa, assumiu no dia 29 de setembro. No dia 14 de outubro, a PM anunciou mudanças no comando de balhões da corporação, entre elas, a da Unidade Prisional.

Fonte: G1 Rio de Janeiro