SP: policiais socorrem PM ferido e burlam regra de esperar pelo resgate

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo investiga um grupo de policiais militares que teriam descumprido uma resolução do governo que impede os PMs de socorrer vítimas de crimes. Um vídeo gravado por uma câmera de segurança no dia 10 de janeiro, no bairro Moema, zona sul de São Paulo, mostra agentes socorrendo um homem - que fora baleado por ladrões em uma tentativa de roubo de carro - após aparentemente perceberem que ele era um colega da corporação. Edson Luiz Camargo da Cunha, 47 anos, um PM reformado que trabalhava como segurança, foi levado por uma viatura policial ao Pronto-Socorro do Hospital São Paulo (zona sul), mas morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Uma resolução assinada pelo secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, determina que os policiais que primeiro atenderem a uma ocorrência de lesões corporais graves devem preservar o local do crime até a chegada da perícia - em vez de socorrer a vítima, devem acionar imediatamente a equipe do resgate, Samu ou o serviço de emergência. Segundo a advogada criminalista Roselle Adriane Soglio, a polícia fez tudo errado no caso do dia 10 de janeiro. "O que o vídeo sugere fortemente é que os policiais que atenderam a ocorrência só se dispuseram a socorrer o ferido quando perceberam que se tratava de um colega de farda", disse ela. "O que se vê no vídeo é que os policiais nem ofereceram socorro (e tratava-se de um caso emergencial), nem preservaram a cena, já que eles mesmos vasculharam o carro e a vítima, além de terem permitido a permanência de populares no local", afirmou Roselle Soglio. O promotor de Justiça Luiz Roberto Faggioni disse que a resolução "gerou o caos": "se tenta salvar, o policial pode ser punido. Se não tenta, pode condenar feridos à morte por omissão de socorro".

Por Terra