Segundo o fotógrafo Bira Figueiredo, policiais reviraram gavetas, armários, fogão e jogaram seu equipamento fotográfico no vaso sanitário
Foto: Bira Carvalho / Divulgação
Por Terra
Quatro moradores da favela da Maré, na zona portuária do Rio de Janeiro, denunciaram na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado, que tiveram suas casas invadidas pela polícia na madrugada desta quinta-feira, durante uma operação da Polícia Militar prévia à ocupação da comunidade para a implantação de uma Unidade De Polícia Pacificadora (UPP).
Um dos denunciantes é o fotógrafo Bira Figueiredo, que teve a casa invadida por homens do Batalhão de Choque. Segundo ele, policiais reviraram gavetas, armários, fogão e jogaram inclusive seu equipamento fotográfico profissional no vaso sanitário. “Sinto vergonha e indignação de uma polícia que, ao invés de proteger, trata as pessoas deste jeito. Sou fotógrafo há 13 anos na Maré e nunca isso tinha me acontecido” conta.
Outro que diz ter sofrido com a violência foi o professor de Geografia do município do Rio de Janeiro, Bruno Paixão Reis. Ele faz mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mora na comunidade Nova Holanda, no Complexo da Maré, e está construindo sua casa. “Minha porta foi arrombada, quebraram o miolo da fechadura principal da porta e reviraram tudo em busca de uma pessoa que nem sei quem é”, disse.
Bruno conseguiu identificar os três policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) que invadiram sua casa e diz ter medo. “Mas ainda assim tenho que acreditar em que denunciando podemos mudar as coisas. Não confio em um Estado que tem uma polícia que age deste forma”, reclamou.
Bruno contou ainda que acaba de retornar de uma viagem de estudos na França e tinha euros e libras guardados junto ao passaporte. “Foi a única coisa que não encontrei quando cheguei em casa e quando perguntei aos policiais, um deles tirou meu passaporte e o dinheiro de dentro da farda e me disse que não precisa roubar aquilo”, afirmou. “Um deles, que se dizia o chefe da operação, ainda tirou fotos do meu passaporte com o celular.”
Tanto Bira quanto Bruno fizeram um Boletim de Ocorrência no 22º Batalhão da Polícia
Militar e na 21ª Delegacia de Polícia. Esta tarde peritos da Polícia Civil estiveram na comunidade para verificar as condições das casas dos quatro moradores que denunciaram as invasões. “Claro que eles já encontraram as coisas melhores, porque tinha que arrumar alguma coisa”, conta Bira, que ainda assim fotografou o estado em que sua casa foi encontrada após a passagem da polícia.
Militar e na 21ª Delegacia de Polícia. Esta tarde peritos da Polícia Civil estiveram na comunidade para verificar as condições das casas dos quatro moradores que denunciaram as invasões. “Claro que eles já encontraram as coisas melhores, porque tinha que arrumar alguma coisa”, conta Bira, que ainda assim fotografou o estado em que sua casa foi encontrada após a passagem da polícia.
O deputado Marcelo Freixo (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, disse que vai solicitar proteção especial para os quatro denunciantes. “Agora a vida deles é de responsabilidade do Estado”, afirmou Freixo, que disse que as invasões são totalmente ilegais, mesmo que os policiais digam que estavam em busca de suspeitos. “A Lei é igual para todos. Não pode valer de um jeito no Leblon e do outro na Maré”, disse.
Para Marcelo Freixo a responsabilidade é do governo do Estado e a Defensoria Pública vai entrar com uma ação contra o Estado. “Além disso, vamos fazer uma denúncia à corregedoria da Polícia Militar para que se apurem quem são os policiais envolvidos, para que sejam punidos e, se receberam ordens para as invasões, punir quem deu a ordem”, disse o defensor público Henrique Guelber.
Até o momento, nem a Polícia Militar, nem a Secretaria de Segurança se manifestaram sobre o episódio.
Bira Figueiredo pede que outras pessoas tomem coragem de denunciar casos como o que viveu. “Dei o exemplo com minha denúncia. Ali é um espaço de pessoas marginalizadas, mas não apenas de pessoas marginais, mas de gente que trabalha”, desabafou.
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