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segunda-feira, 23 de março de 2015

Primeiros eles estão tentando acabar com resistência à prisão! Agora querem acabar com o Desacato! A Defensoria Pública de São Paulo acionou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH-OEA) solicitando que o Brasil deixe de aplicar a norma que tipifica desacato. A Defensoria Publica se baseia num caso ocorreu em 2012, um homem foi preso,processado e condenado por desacato porque chamou policiais militares de corruptos no momento em que foi abordado e detido por porte de drogas, para uso próprio. O acusado nega ter feito isso. Até hoje, a comissão não se pronunciou sobre o caso. No novo pedido, a defensoria quer que o Artigo 331 seja retirado do ordenamento jurídico.

Defensoria Pública paulista pede que OEA suspenda processos por desacato

Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil

Edição Stênio Ribeiro


A Defensoria Pública de São Paulo acionou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH-OEA) solicitando que o Brasil deixe de aplicar a norma que tipifica desacato como crime. O pedido foi encaminhado este mês à comissão em caráter cautelar, ou seja, emergencial.

A defensoria alega que o desacato, previsto no Artigo 331 do Código Penal Brasileiro, viola o Artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, ratificada pelo Brasil em 1992, que trata da liberdade de expressão e do direito à informação. A defensoria requer que a comissão solicite ao Estado brasileiro a adoção de medidas visando à descriminalização do desacato. Entre elas, pede que os processos criminais por este crime sejam suspensos, assim como os inquéritos em curso e o cumprimento de pena das pessoas já condenadas por desacato. “Há muito tempo a comissão entende que a criminalização do crime de desacato viola os direitos humanos fundamentais”, disse o defensor público Bruno Shimizu, do Núcleo de Situação Carcerária, em entrevista hoje (23) à Agência Brasil.

O pedido complementa comunicação feita em agosto de 2012, quando a defensoria acionou a comissão para contestar uma condenação criminal por desacato. No caso específico de 2012, um cidadão foi processado e condenado por desacato porque, segundo policiais militares, no momento em que foi abordado e detido por porte de drogas, para uso próprio, ele os chamou de corruptos. O acusado nega ter feito isso. Até hoje, a comissão não se pronunciou sobre o caso. No novo pedido, a defensoria quer que o Artigo 331 seja retirado do ordenamento jurídico.

Para a defensoria, as forças de segurança brasileiras usam a criminalização por desacato como forma de reprimir manifestações populares. Segundo Shimizu, somente na primeira manifestação do Movimento Passe Livre (MPL), em janeiro deste ano, em São Paulo, 34 adultos e quatro menores foram presos por desacato.

“Em 2013, quando houve as manifestações, muitas pessoas foram presas para averiguação. Dezenas de pessoas foram presas aleatoriamente e levadas para um distrito policial, sem acusação. Entramos com uma ação civil pública para proibir esse tipo de coisa. Mas, quando as manifestações voltaram a ocorrer este ano, sentimos uma diferença no modo de agir do Estado. Começou-se a imputar crime de desacato para legitimar as prisões”, disse o defensor. Segundo Shimizu, a defensoria notou que muitos manifestantes tinham sido torturados por policiais militares e que o desacato, nesses casos, foi usado para legitimar a violência contra os manifestantes.

Shimizu enfatizou que a prática é adotada para legitimar arbitrariedades. “O crime de desacato dispensa proteção diferenciada a um agente do Estado em relação a um cidadão comum. Se eu xingar um cidadão comum, o máximo a que eu posso responder é pelo crime de injúria, mas, se eu xingar uma pessoa que exerce uma função pública, o crime se torna mais grave. Não faz sentido que o Estado possa criminalizar, de forma diferente, pela categoria da pessoa”, afirmou.

Procurado, o Ministério da Justiça informou que não cabe à pasta se pronunciar sobre o assunto. A Agência Brasil não conseguiu contato com representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para comentar o pedido da Defensoria Pública de São Paulo.


Fonte: Agência Brasil

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