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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Caso Amarildo: PM se passou por traficante em telefonema interceptado



Soldado Marlon Campos Reis se passou pelo traficante "Catatau" para atrapalhar investigações

André NaddeoPortal Terra

"Ae, X-9, vou te pegar e fazer com você o mesmo que eu fiz com o 'boi'. Fica esperto." No jargão popular das comunidades, X-9 é quem delata e o "Boi", na ocasião, é o auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido da maior favela do Brasil, a Rocinha, desde o dia 14 de julho. Este é o conteúdo de uma ligação que teria sido feita por um traficante local, mas que, de acordo com Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), foi realizada pelo soldado Marlon Campos Reis com o intuito de atrapalhar as investigações da Polícia Civil sobre o desaparecimento de Amarildo.

Uma perícia de voz realizada por uma especialista do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), junto com cinco depoimentos de policiais que trabalhavam na ocasião na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, foram determinantes para incluir os crimes de fraude processual e formação de quadrilha (além de tortura e ocultação de cadáver) na nova denúncia à Justiça, que incluiu outros 15 PMs responsáveis, direta ou indiretamente, pelo sumiço de Amarildo. Antes destas provas apresentadas pelo Gaeco, outros dez PMs já estavam presos.

De acordo com a promotora e integrante do Gaeco Carmen Eliza Bastos de Carvalho, um policial infiltrado tinha suas gravações telefônicas interceptadas por autorização judicial. Diante disso, o major Edson Santos, então comandante da UPP da Rocinha, "já tendo conhecimento de que este policial estava sendo ouvido, montou sua equipe para fazer essa tentativa (de atrapalhar as investigações), colocando a culpa no tráfico local".

A gravação do traficante em questão, o "Catatau", consta no inquérito da 15ª DP (Gávea) que, originalmente, culpou o tráfico de drogas pelo sumiço de Amarildo, dentro do operação Paz Armada. Deflagrada um dia antes do desaparecimento do auxiliar de pedreiro, a operação tinha como objetivo coibir o tráfico de drogas na comunidade. Após conflitos nas investigações, a Divisão de Homicídios da Polícia Civil assumiu as investigações.

"Nada acontecia na comunidade sem a anuência dele (major Edson)", completou ainda a promotora, ao afirmar que Santos era o grande arquiteto das sessões de tortura e dificuldades implementadas junta à DH na elucidação dos fatos. Para confundir as investigações por ordem do então comandante da UPP, os soldados Marlon Campos e Douglas Vital, sempre segundo o MP, obtiveram um celular de um morador da Rocinha e se dirigiram ao bairro de Higienópolis, na zona norte do Rio, para realizar a ligação.

"Foi realizada a perícia e constatou-se que não era a voz do Catatau. Diante dissp, foi feito o confronto de voz de 34 PMs e, enfim, chegamos a um resultado positivo", complementou a promotora do caso. "A perícia deu positiva e as antenas dos celulares particulares do soldado PM Marlon e soldado Vital demonstram que os mesmos estavam sob aquela ERB (estação de rádio-base) na data e hora que aquele telefonema foi feito", concluiu.

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