As vinganças de Dilma

Governo corta verbas para seca

Pessoas estão reclamando de muita lentidão", disse a parlamentar

Portal: iterjornal
Tribuna do Norte

Dos R$ 2 bilhões prometidos pelo Governo Federal em 2012 para diminuir os efeitos da seca no Nordeste, R$ 380 milhões deixaram de ser repassados para os cofres dos estados. Isso levou deputados da oposição na Câmara Federal a criticarem o que chamaram "falta de planejamento". Os recursos puderam ser liberados por meio de Medidas Provisórias (MPs), editadas com fim de adquirir alimentos, providenciar abrigos emergenciais para os atingidos e distribuir água em carros-pipa. O deputado Felipe Maia (DEM) avaliou que a perda dos recursos ocorreu por falta de uma ação mais enérgica da União. "O Executivo permitiu que quase R$ 400 milhões fossem pelo ralo. Faltou planejamento, execução e responsabilidade com o povo da região", disse o parlamentar.

A deputada Fátima Bezerra (PT), da bancada de sustentação da presidenta Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional tem uma outra justificativa. Segundo ela, o Governo Federal tem tomado iniciativas, acionando Ministério (Integração, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social, Agricultura, entre outros, para oferecer aos estados afetados com a seca melhores condições de defesa, prevenção e ação. "Na verdade o que se espera é que no âmbito do estado o Governo tenha mais agilidade. Não é o que estamos vendo aqui. As pessoas estão reclamando de muita lentidão", disse a parlamentar.

De acordo com Fátima, todos os esforços estão sendo feitos, sobretudo nos últimos dez anos, no que diz respeito ao desenvolvimento regional do Nordeste. Ela lembrou que uma prova dessa tese é o fato de a região ter apresentado recentemente, em função dos investimentos, as melhores taxas de crescimento do país. "O que a gente tem ouvido dos trabalhadores do setor rural é a lentidão das ações no Estado. Já se sabe que a seca é um fenômeno que sempre vai existir. Por outro lado cabe a pergunta: onde está o plano estadual de recursos hídricos do Estado? Ele está sendo operacionalizado? As ferramentas que contém esse plano para minimizar estão sendo operacionalizadas?", indagou a petista.

Segundo ela, as informações que dispõe dão conta de que está tudo parado e a Emater - instituição responsável por fomentar ações na Zona Rural do estado - está passando por um processo de nos últimos dois anos de "desmobilização". "A própria governadora anda dizendo que as adutoras ajudarão muito. O dinheiro é do Governo Federal. Está aí a do Alto Oeste, que já está em teste. O dinheiro foi de onde, do governo federal. Então essas outras medidas de caráter para minimizar estão sendo feitas", completou ela.

Por outro lado, o deputado Felipe Maia assinala que os R$ 380 milhões que deixaram de ser repassados aos estados são referentes às medidas provisórias 566, 569 e 583, editadas ao longo de 2012 que abriam crédito extraordinário para amenizar os efeitos da estiagem no Nordeste. Da MP 566 foram perdido mais de R$ 164 milhões. Da MP 569 perdeu-se quase R$ 71 milhões e da MP 583 foram perdidos R$ 143 milhões. "O governo do PT faz evento em São Paulo para se vangloriar por estar tirando o povo da miséria, mas esses dados provam que isso não é verdade, pois o povo ainda passa fome por causa da seca que sempre assola o Nordeste", destacou Felipe Maia.

Pipeiros admitem parar entrega de água no Seridó

Pipeiros que atendem cidades da região do Seridó ameaçam suspender o atendimento a partir da próxima segunda, caso o atraso no pagamento dos dois últimos meses não seja regularizado. O repasse, segundo informações de blog da região, cabe ao Batalhão de Engenharia e Construção de Caicó, que administra os recursos federais destinado ao abastecimento de água em comunidades.

O coordenador Estadual da Defesa Civil (Cedec), Tenente- Coronel Josenildo Acioli admitiu que há atraso no repasse dos recursos para os pipeiros referentes aos meses de dezembro e janeiro, contudo disse desconhecer a possibilidade de suspensão do serviço. "O pagamento até janeiro já foi encaminhado e deverá ocorrer nos próximos dias", afirma.

O atraso ocorre, explica o coronel Acioli, devido a demora para entrega da documentação necessária ao credenciamento dos pipeiros. "A dificuldade está na documentação. Não estamos recebendo dos pipeiros, nem os comitês de fiscalização nos municípios estão enviando o material", afirma.

O governo do Estado, por meio da Defesa Civil, atende 26 municípios com abastecimento de água por carros-pipas. Enquanto o Exercito é responsável pela Operação em outros 112 municípios. A TRIBUNA DO NORTE não conseguiu contato com o Exército, no final da tarde de ontem.

Prognóstico sobre o inverno sai hoje

O prognóstico definitivo sobre as chuvas para o período de março a maio desse ano será informado hoje, ao final da 4ª Reunião de Análise Climática para a Região Nordeste do Brasil, que acontece na sede da Emparn, na base física do Jiqui, em Nova Parnamirim. Com as chuvas que caíram nos últimos dias, as condições se apresentam mais favoráveis, entretanto, não deverá haver grandes alterações em relação a conjectura anterior.

De certo, antecipou o chefe do Departamento de Meteorologia da Emparn, Gilmar Bristot, o inverno não deverá atingir patamar acima do normal, o quadro analisado aponta para incidências de chuvas no trimestre abaixo do normal ou - num cenário mais positivo - dentro da normalidade.

O Boletim Meteorológico referente aos meses de março-abril-maio foi elaborado por meteorologistas de toda região Nordeste, exceto da Paraíba e Piauí, reunidos ontem e hoje para avaliar as condições oceânicas-atmosféricas. O documento permeará as ações do Estado, após amargar a pior seca dos últimos 30 anos. O meteorologista manteve a cautela em antecipar dados, mas se mostrou otimista. "Com a mudança na configuração dos últimos dias pode haver melhora", disse.

O quadro atual é de irregularidades de chuvas, podendo haver maior incidência em alguns trechos como no Alto Oeste, no Vale do Rio Piranhas no Seridó. A ocorrência de precipitações em ponto difusos se deve a "questões físicas de relevo, umidade e as condições atmosféricas do oceano Atlântico Sul", explica Bristot.

Isso justifica a ocorrência das chuvas caídas no final de semana, que recarregaram reservatórios em cidades como Luís Gomes, distante 452 quilômetros de Natal, que enfrenta a escassez de chuvas desde 2010 e cujo abastecimento entrou em colapso no ano passado, no final de semana passado. O índice pluviométrico superou os 150 milímetros.

Em anos de bom inverno para a região do Semiárido potiguar, a estimativa é de que os pluviômetros marquem entre 600 a 700 mililitros e, para a região do Alto Oeste potiguar, a marca pode atingir 750 mililitros. A média, no entanto, deve se estabelecer abaixo disso este ano.

Em novembro, na última reunião dos meteorologistas, realizada em Fortaleza, o quadro era de chuvas abaixo do normal para o trimestre dezembro a fevereiro - o que se concretizou.

De quarta-feira para ontem, chuvas de baixa intensidade foram registradas em 28 municípios do Estado. As maiores médias no pluviômetros ocorreram em Extremoz com 12 mm, Em Santa Maria 10,4 mm e Nova Cruz 10mm.

A previsão da Emparn é que, até este sábado, as instabilidades associadas a presença da Zona de Convergência Intertropical continuem presentes sobre a região deixando o céu com predominância de parcialmente nublado e ocorrência de chuvas em todas as regiões do Estado.

No Interior as chuvas ocorrerão durante o período da tarde e noite, enquanto que no litoral as chuvas ocorrerão durante a madrugada e início da manhã.

Faern visita áreas afetadas pela seca

A Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern) realiza, a partir de hoje, uma caravana aos territórios mais afetados pela seca potiguar nesses últimos meses. A expedição intitulada "Retratos da Seca" percorrerá vários municípios com a intenção de mostrar a real situação dos produtores rurais. Uma equipe da TRIBUNA DO NORTE vai acompanhar a viagem que começa às 6h de hoje e tem previsão de encerramento somente na noite do próximo domingo, dia 24.

A expedição começa pelo zona rural do município de Lajes e segue por outras localidades até chegar a cidade de Santo Antônio do Salto da Onça. "Iremos visitar diversas localidades e mostraremos aos repórteres a situação da seca em nosso estado. Serão três dias de muita estrada e conversas com produtores. Com isso, esperamos sensibilizar as nossas autoridades para o perigo real dessa seca", explicou o presidente da Faern, José Álvares Vieira.

De Lajes, a caravana segue para a cidade de Ipanguaçu e logo depois para Assu. No segundo dia a expedição "Retratos da Seca" percorre a zona rural de Apodi e Pau dos Ferros. No último dia, a Caicó, abrindo a visita ao Seridó. Em todas as localidades, os viajantes vão conversar com os produtores rurais bem como com autoridades. Faz parte da programação, visitar nas câmaras de vereadores dos municípios. "Com esse roteiro, conseguiremos mapear as regiões mais atingidas pela estiagem e dar a nossa contribuição para amenizar esse grave problema que afeta desde o pequeno agricultor aos números de nossa economia", completou o presidente da Faern.