sexta-feira, 20 de julho de 2012
Diretor técnico de saúde denuncia PM por ação arbitrária e coação contra médico; corporação nega
O médico Matheus Goudinho Gonçalves foi agredido por um pai durante atendimento a uma criança na Policlínica do Coxipó na quarta-feira à noite. A polícia foi chamada e o médico acabou detido. Ele teria sido obrigado a retirar a queixa de agressão do Boletim de Ocorrência (BO) para ser liberado do Cisc Planalto, após ficar em cela com outros presos.
A denúncia é do diretor técnico Médico da Atenção Secundária da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, Daniel Augusto dos Santos, responsável técnico pelas policlínicas da cidade. Ele afirma que o policial cometeu abuso de poder e coação por conhecer o pai da criança, Edson Santana da Silva. Coronel da corporação nega agressão e abuso.
"Policiais militares coagiram o médico para retirar a queixa contra o agressor, o pai da criança. Houve abuso de poder e coação", revela o diretor. "O médico foi coagido a tirar o BO. O policial falou que se não tirasse o BO, não seria solto. Tudo com a conivência do delegado de plantão".
O caso já foi comunicado ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso (CRM-MT), Sindicato dos Médicos e Comando Geral da Polícia Militar (PM).
Causas
De acordo com Daniel, enquanto a criança era atendida na policlínica com um corte na testa, o pai se alterou pelo procedimento que era feito. O fato levou a polícia até à unidade de saúde. Ele diz que o procedimento de enrolar a criança em um lençol para acalmá-la, prescrito na literatura médica, teria sido um dos motivos da alteração do pai.
"A criança já estava atendida, suturada. O pai estava alterado. A criança estava muito nervosa. Tem procedimento que nós fazemos, de enrolar no lençol a criança para atendimento. Enrola-se o lençol para criança não ficar agitada para conseguir costurar. Criança nova mexe muito. O pai não queria isso e começou a alterar", detalha.
"O pai atrapalhou o atendimento. O médico solicitou polícia porque o pai atrapalhava o atendimento e foi agredido dentro da policlínica", explica.
Segundo o diretor Daniel, o "soldado que atendeu a ocorrência era amigo do agresseor e o PM prendeu o médico. Foi colocado em cela junto com outros presos".
O diretor Daniel diz que o médico pediu demissão nesta quinta-feira e que está "extramamente abalado". "Ligou chorando como uma criança". Ele informa ainda que a diretora da policlínica fez novo Boletim de Ocorrência para fazer denúncia formal na Delegacia de Polícia no Cisc Planalto
Além de todo o embaraço da situação, afirma o diretor Daniel, "quando o médico estava preso, uma testemunha relatou que policiais militares estavam ironizando o médico".
Corporação
O coronel Jadir Metello da Costa, do Comando Regional 1, responsável pela metropolitana de Cuiabá, afirma que o fato que ocorreu é outro. Ele encaminhou para a reportagem um Boletim de Ocorrência confeccionado em que consta o médico Matheus Goudinho como suspeito.
"O Boletim de Ocorrência existe, está registrado. São detalhes do que eu vi e li. O boletim sobre o que aconteceu existe", diz.
"Quando a polícia foi solicitada, a priori, seria agressão. Quando os policiais chegaram na policlínica, não era agressão. Era um 'atrito verbal' de ambas as partes, entre um médico e pai de criança que levou corte na altura da testa", relata conteúdo do BO.
"O pai fazia questionamento ao médico sobre o atendimento e procedimento do seu filho. As duas partes foram conduzidas e entregues na delegacia. É o limite da PM", argumenta. "A Polícia Militar pegou e fez o encaminhamento das duas partes e daí por diante é questão da delegacia", diz o coronel Costa.
Da Reportagem local - Jonas da Silva
Fonte: olhar Direto
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