BBC Brasil
"Policiais militares participam de formatura em São
Paulo (foto: Reuters)"
O batalhão da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a
unidade de elite da polícia paulista, aumentou seu índice de letalidade em 78%
em um período aproximado de cinco anos, entre 2007 e 2011.
Segundo dados da Ouvidoria da Polícia, a unidade matou 46
pessoas que teriam resistido à prisão em 2007. Nos anos seguintes o número foi
se elevando até atingir 82 em 2011 - o que representa uma variação de 78%.
Só no primeiro semestre deste ano o número de vítimas fatais da
Rota já chega a 48 pessoas. Em maio, o mês que antecedeu a recente onda de
ataques contra policiais, unidade matou 17 pessoas, dez a mais que no mês de
abril (142% de alta, sendo que a média da PM foi de 44%).
Com aproximadamente 750 policiais, o batalhão hoje representa
menos de 1% do efetivo total da PM, de quase 81 mil homens. Porém, no período
entre 2007 e 2011 foi responsável por 14% dos mais de 2.200 casos de
'resistência seguida de morte' registrados pela corporação como um todo.
Membros da Secretaria de Segurança Pública dizem sem se
identificar que seria preciso levar em conta o fato de que a Rota seria usada
pela cúpula da PM para atuar em casos onde há expectativa de choque com
criminosos.
Soluções
O ouvidor da polícia Luiz Gonzaga Dantas pretende discutir com
as cúpulas da Segurança Pública e da Justiça duas medidas para tentar diminuir o
número de pessoas mortas em suposto confronto com a Polícia Militar.
Uma delas é a adoção de uma regra na qual os PMs ficariam
impedidos de levar para o hospital suspeitos baleados em trocas de tiros com
policiais. Eles seriam obrigados a chamar uma ambulância da prefeitura ou do
Corpo de Bombeiros para fazer o socorro.
Atualmente são os próprios policiais que levam suas vítimas ao
pronto-socorro dentro do carro de polícia.
Segundo Dantas, a mudança faria com que as vítimas fossem
atendidas por pessoal especializado - aumentando suas chances de sobrevivência -
e dificultaria eventuais tentativas dos policiais de executar os suspeitos no
caminho para o hospital.
'Recebemos denúncias na ouvidoria de que alguns casos nos
quais (um suspeito) leva um tiro na perna ou no braço mas chega no hospital
morto', diz Dantas. 'Essa medida vai fazer com que a sociedade não desconfie da
atuação da polícia', afirma.
A outra medida seria enviar todos os casos de 'resistência
seguida de morte' para juízes do Tribunal do Júri, que são especializados em
julgar casos de homicídios.
Atualmente, os casos são repassados também para juízes de
outras especialidades, segundo Dantas.
BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo
tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O autor desse Blog não se responsabiliza pelos comentários aqui postado. Sendo de inteira responsabilidade da pessoa que o fez as consequências do mesmo.