O que está acontecendo na PM da Paraíba?
A justificativa para a proibição da realização de movimentos grevistas por parte dos policiais militares sempre é focada no tipo de serviço essencial que a tropa exerce, não podendo a sociedade viver à revelia da proteção policial militar. As controvérsias surgem quando outras categorias tem o tal direito de greve, exercendo serviços também essenciais à população, e, coincidência ou não, ressalvada a peculiaridade das funções, têm tratamento bem mais agradável por parte dos governos – para não ir muito longe, citemos as polícias civis e federais, que historicamente são privilegiadas em comparação com as PM’s.
Mesmo na ilegalidade, muitas polícias militares já entraram em greve, e ao degustar o sabor da desordem, a sociedade de pronto exerce pressão no governo, que se vê compelido a negociar e ceder à reivindicação. Ultimamente, um meio termo tem sido buscado, dentro da legalidade, onde o serviço policial é prejudicado pelo não cumprimento da lei por parte do próprio Estado. A essa estratégia foram dados nomes como “tolerância zero” e “polícia legal”, como ocorre hoje na Polícia Militar da Paraíba.
Os policiais da PMPB, como foi feito na PM de Sergipe, e como se tentou fazer na PM da Bahia, se recusam a dirigir viaturas sem o curso para condutor de veículos de emergência, exigido pelo Código de Trânsito Brasileiro.
As Insatisfações na PMPB
O que desencadeou o Movimento Polícia Legal na Paraíba não foi apenas a insatisfação dos policiais com a defasagem salarial, mas também certo desprestígio que a Corporação vem tendo por parte do Secretário de Segurança Pública daquele estado, Gustavo Gominho, que é policial federal. Segundo o portal de notícias Paraíba 1, já ocorreram fatos como a prisão de um membro da Polícia Federal por parte da PM, que foi posteriormente, sem explicações, desautorizada.
Condições de trabalho é outra pauta, já que a PMPB também sofre da pobreza que parece ser democratizada entre a maioria dos estados brasileiros: falta de viaturas, coletes, armamentos etc. Por fim, a questão salarial, que já foi modificada pelo Governo em Medida Provisória publicada no Diário Oficial, após o início do Movimento, mas que ainda não agradou a categoria. Veja a tabela salarial atual (após a edição da Medida Próvisória) da PMPB, em comparação com o que estava estabelecido no início do governo atual (há mais de três anos atrás):
PATENTE ——— ATUAL ———- ANTERIOR —— PROGRESSO
Soldado:————- R$ 1.764,00 ——– R$ 1.564,36 —– R$ 199,64
Cabo:—————– R$ 1.971,46 ——- R$ 1.766,33 —— R$ 205.13
3º Sargento:——— R$ 2.213,38 ——- R$ 2.085,61 —— R$ 127.77
2º Sargento:——— R$ 2.538,74 ——- R$ 2.410,94 —— R$ 127,80
1º Sargento:——— R$ 2.917,26 ——- R$ 2.772,05 —— R$ 145.21
Subtenente:———- R$ 3.327,72 ——- R$ 3.196,20 —— R$ 131,52
Aspirante:———— R$ 3.086,28 ——– R$ 2.939,31 —– R$ 146.97
2º Tenente:——— R$ 3.857,66 ——- R$ 3.751,96 —— R$ 105.70
1º Tenente:———- R$ 4.476,02 ——- R$ 4.392,48 —— R$ 83,54
Capitão:————– R$ 5.280,96 ——- R$ 5.190,65 —– R$ 90,31
Major:—————- R$ 6.073,00 ——- R$ 5.990,22 —— R$ 82,78
Tenente-coronel:— R$ 6.867,78 ——- R$ 6.819,75 —– R$ 48,03
Coronel:————– R$ 8.664,34 ——- R$ 8.551,76 —– R$ 112,58
O diferencial paraibano
Ao que se vê, tal qual ocorreu com o movimento na Polícia Militar de Sergipe, o Polícia Legal paraibano está obtendo resultados. Muitas unidades estão sem viaturas em sua área de atuação, e a mídia está dando visibilidade ao movimento – e aqui é importante pontuar que uma disputa reivindicatória é, antes de tudo, uma disputa de comunicação.
O ambiente corporativo parece estar favorável à implementação dos objetivos do Movimento, já que os policiais motoristas não estão isolados, recebendo toda a carga de responsabilidade em tocar a reivindicação. Oficiais de dois batalhões já colocaram seus cargos à disposição do Governo, e o próprio Comandante Geral, Coronel PM Fernando, admitiu que “é uma reivindicação justa e meritória, pois eles (os policiais) querem uma qualificação melhor para melhor prestar o serviço policial ao cidadão”.
Torcemos para que a PMPB consiga avanços significativos, e que as benesses alcançadas se convertam em melhor qualidade de serviço prestado à população paraibana.
Vice-governador Luciano Cartaxo
Sobre o reajuste salarial, que na opinião de Luciano seria o verdadeiro motivo das mobilizações, o vice-governador afirmou que o governo está dialogando com a categoria, com o objetivo de chegar a um acordo.
Ele disse que o quadro econômico-financeiro do estado não permita uma proposta diferente da que já publicada em Diário Oficial e pediu a compreensão dos policiais, diante do aumento da violência nas cidades.
- Nós queremos que os policiais entendam também o momento financeiro de dificuldade do estado e que a sociedade não pode ficar na falta de segurança – disse Luciano Cartaxo, em entrevista à TV Correio.
Major Fábio acompanha mobilizações e “lamenta descaso do governo do estado”
Os Policiais Militares da Paraíba recolheram as viaturas nos pátios de todos os Batalhões do Estado. O deputado federal Major Fabio (DEM) lamentou o caos que está sendo implantado na segurança pública da Paraíba.
A operação padrão teve início em Campina Grande e o movimento ganhou todos os municípios da Paraíba. Os motivos são os baixos salários, viaturas desemplacadas, ausência do curso de formação de motoristas, coletes à prova de bala vencidos e, as péssimas condições do armamento utilizado. Em Campina Grande os Oficiais entregaram os cargos ao governador.
De acordo com o Major Fábio, o sentimento dos Policiais e de “indignação” com tratamento do Governo do Estado. O parlamentar adiantou que o movimento não tem conotação política. “Esse é um movimento social. Meu papel é de apoio e solidariedade a operação padrão que foi deflagrada pelos Praças e Oficiais da Polícia Militar da Paraíba”, esclareceu.
Nesta sexta-feira (2), o deputado visitou os PM,s que fazem segurança no presídio do Roger, em João Pessoa. “Convenci os companheiros a manter a segurança do presídio, caso o Governo não tome providencias, os Policiais estão dispostos a paralisar as operações por falta de condições de trabalho”, alertou o Major.
O deputado foi à Guarabira, no Brejo paraibano, onde ouviu o apelo dos Policiais por melhores condições de trabalho. De Cajazeiras chega a informação de que as viaturas também estão recolhidas. “O aumento proposto pelo governador não corresponde com o compromisso assumido pelo Comando Geral que, assegurou o mesmo reajuste concedido a Policia Civil. A Paraíba vai viver um caos na segurança pública”.
Fonte: Abordagem Policial e ParaíbaemQAP
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