Após a delegada manter preso um suspeito de tráfico de drogas e liberar outros dois detidos por avaliar que seriam apenas usuários, tiveram início as trocas de acusações e desentendimento entre as polícias
No 1º DIP, a delegada plantonista Magna Pires de Santana autuou Miguel por tráfico e associação para o tráfico de drogas e fez com que os empresários assinassem um TCO, pela posse de drogas para consumo
Um procedimento policial realizado em uma delegacia de Manaus, que culminou com liberação de dois empresários capturados com grande quantidade de drogas, acabou gerando atrito e desentendimento entre as polícias Civil e Militar do Amazonas, após haver suspeita de favorecimento para livrar os dois homens, considerados de alto poder aquisitivo.
O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Amazonas (Sindepol-AM) e a Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas (AOPBMAM) divulgaram, cada uma, notas contestando as informações repassadas pelo outro à imprensa sobre o caso, e gerando dúvidas a respeito do procedimento policial e da verdade dos fatos.
A suspeita começou após os empresários Carlos Eduardo Nogueira Back, 26, e Yuri Andrade Czovny, 25, serem liberados pela Polícia Civil do Amazonas mesmo após serem capturados em flagrante com o total de quatro quilos de drogas. Junto com eles estava Miguel Ângelo Lopes da Silva, 24, o único a ficar preso e ir para a cadeia.
Carlos e Yuri estavam junto de Miguel na noite da última sexta-feira (13) na rua Humaitá, bairro Cachoeirinha, Zona Sul de Manaus. A captura deles foi efetuada pela Força Tática (FT) da Polícia Militar.
Segundo o tenente Renato dos Santos Bentes, da FT, o objetivo da abordagem era prender Miguel, conhecido como “Olhão” e suspeito de ser traficante. Entretanto, ao chegarem ao local, os policiais encontraram os dois empresários em frente à casa de Miguel, dentro de um veículo S-10 preto, de placas OAC-9081, no momento em que negociariam a compra de entorpecentes, de acordo com o tenente.
Em vistoria, foram encontradas grandes e pequenas porções de maconha na S-10, embaixo do volante do automóvel e nas mochilas dos empresários, que disseram serem usuários e que Miguel seria o fornecedor. Entretanto, segundo Bentes, Miguel deu outra versão para a história e disse que os empresários também são traficantes e revendem drogas em festas.
“(Miguel) Confirmou que eles (empresários) são compradores assíduos, compram ‘fiado’ e em valores grandes para revender nas festinhas”, disse Bentes. A equipe da FT ainda encontrou isqueiros e dichavadores na S-10, o que indica uso, e mais drogas na casa de Miguel.
Delegacia
Os três suspeitos foram levados ao 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e a delegada plantonista Magna O. Pires de Santana autuou Miguel por tráfico e associação para o tráfico de drogas e fez com que os empresários assinassem um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), pela posse de drogas para consumo e fossem, em seguida, liberados, já que não seriam traficantes.
Por telefone à reportagem, o tenente Bentes afirmou que ressaltou à delegada Magna a suspeita que todos os três teriam cometido o crime de tráfico de drogas devido às características e à quantidade de entorpecentes. Porém, mesmo assim, a autoridade, no uso das atribuições dela, verificou que apenas Miguel era traficante.
Por meio de nota, o Sindepol-AM jogou a culpa para a PM pela liberação dos empresários. “Tanto o tenente que conduziu a situação como o soldado que a testemunhou, declararam [...] que os dois empresários eram apenas usuários de droga, e que o terceiro elemento (Miguel) seria o dono de todo material entorpecente”, consta na nota.
Ainda conforme a nota, “os próprios empresários narraram terem ido [...] comprar a maconha, tendo os dois assumido (sic) que são usuários de entorpecente há um ano”. Miguel também “confessou ser sua toda a droga”, de acordo com o sindicado. Por essas razões, segundo o Sindepol-AM, a delegada Magna resolveu prender só Miguel.
Contestação
Logo depois, a AOPBMAM também lançou uma nota negando as informações dadas pelo Sindepol-AM. “Os fatos narrados pelo oficial da PM traziam a verdadeira versão dos fatos, [...] ou seja, os dois suspeitos tinham em sua posse um tablete de droga e algumas outras porções, totalizando mais de 1 kg”, consta na nota da PM.
“Destacamos que o Código de Processo Penal prevê que cabe ao delegado o poder de analisar cada caso e decidir pela tipificação mais adequada ao fato a ele apresentado. [...] Ressaltamos que se houve erro foi por parte da autoridade policial judiciária e não dos policiais que narraram a verdade”, diz outro trecho da nota da AOPBMAM.
Secretário
Por telefone, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, defendeu que tanto a PM quanto a Polícia Civil tentaram fazer o que entenderam como correto. “Os dois estavam trabalhando achando que estavam fazendo o melhor procedimento. O Judiciário vai decidir se era tráfico ou não”, disse.
“Não tenho detalhes sobre o que ocorreu, vou esperar a posição da Corregedoria, que vai analisar se eles cumpriram as normas cabíveis. Há uma questão que atormenta todos os delgados, que é decidir isso no calor do momento. Vamos conversar com as a partes para eu não haja arrojo entre eles”, informou Sérgio Fontes.
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