fevereiro 14, 2015 at 12:26 am by Odilon Rios
A nota escrita pelo coronel da Polícia Militar, Lima Junior, parabenizando a “ação corajosa” de um PM à paisana ao matar três assaltantes de uma van instituiu, oficialmente, a pena de morte em Alagoas. Será esta a ação do Governo Renan Filho (PMDB) no combate à violência, pelo menos entre o líder dos militares.
Agir em legítima defesa – o caso do policial militar, assim como de qualquer cidadão- tem uma conotação perante a lei.
Outra conotação, porém, é a nota do comandante Lima Junior. Ao elogiar o PM, Lima Junior manda recado à tropa: qualquer policial que queira sair do anonimato terá de pilhar corpos de bandidos, em nome dos cidadãos de bem.
É a institucionalização da barbárie. O retorno da lei de Talião. Assim agiram os vândalos na Idade Média, a juventude nazista na Europa.
Destacava-se quem matava mais. No caso alagoano, quem matar mais pretos, miseráveis- os nossos bandidos.
Como o jovem Davi da Silva, torturado, morto e cujo corpo foi ocultado por militares.
O código militar tem 134 artigos. Entre eles, cabe ao militar “a convivência pacífica e harmoniosa da população, fundada nos princípios éticos vigentes na sociedade” (artigo 6º); “I – dedicação integral ao serviço policial militar; II – fidelidade a instituição a que pertence, mesmo com o risco da própria vida; III – culto aos símbolos nacionais e estaduais; IV – probidade e lealdade em todas as circunstâncias; V – disciplina e respeito a hierarquia; VI – rigoroso cumprimento das obrigações e ordens; VII – tratar o subordinado com dignidade e urbanidade” (artigo 31).
Fora o longo artigo 39, onde se define a ética do militar.
Quantas notas de apoio recebe o oficial que rege a orquestra da PM?
Onde está publicada a nota de apoio aos militares que ajudaram na segurança do Maceió Verão? Nada de mortes em um evento de massa.
E aos que se arriscam em lugares dominados pelo crime, onde a presença do Estado é fictícia?
Quantas medalhas merece o PM que ajuda seus tantos companheiros dependentes de álcool e outras drogas, quase inválidos na tropa?
A partir de agora, a porta para o acesso ao estrelato depende das novas regras do comandante: rasgar a Constituição, defender a pena de morte (abolida no Brasil no século 19) e o aviso aos subordinados.
Eis o artigo de número 135, que não existe na lei. E sim na prática.
O mesmo Comando da PM que aplaude a morte silencia sobre o coronel que esbofeteou uma mulher em uma seção eleitoral;
É o mesmo Comando Geral que igualmente silencia sobre o outro coronel, chamado de laranja em uma eleição por um juiz;
E o outro coronel que repassava informações privilegiadas ao deputado estadual sobre operações da Polícia Federal em Alagoas? Alguma nota de repúdio?
E aquele militar que atirou em um cachorro?
Há silêncios ensurdecedores. É dura a realidade. Mais difícil ainda é perceber que o pau que bate em Chico não bate em Francisco.
E o alagoano pode esperar um banho de sangue no combate ao crime. Com a assinatura do coronel Lima Junior. Haverá bastante tinta para notas de apoio.
Tudo em nome da moral. E dos bons costumes.
Fonte: repórter Alagoas
kd o pronunciamento do citado oficial
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