Rio de Janeiro
Quatro coronéis são exonerados por suspeita de fraude na compra de itens para hospitais da PM
Oficiais eram lotados em unidades da corporação no Rio e em Niterói. MP investiga contratos para aquisição de produtos
RIO — Quatro coronéis da Polícia Militar foram exonerados, nesta quarta-feira, de seus cargos na área de saúde por conta de possíveis irregularidades na aquisição de material para hospitais da corporação. Além de uma investigação interna da PM, o Ministério Público (MP-RJ) estadual, com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), está investigando os contratos de compra de produtos. Foram afastados de seus cargos, no Hospital da Polícia Militar de Niterói, os coronéis Kléber dos Santos Martins, da Diretoria Geral de Administração e Finanças (DGAF); Alberto Alves Borges, da Diretoria Geral de Saúde (DGS); e Sérgio Sardinha, diretor da unidade. O coronel Armando Porto Carreiro de Souza, diretor do Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio, também foi afastado. Os quatro vão passar a cumprir expediente na Diretoria Geral de Pessoal, considerada a “geladeira” da corporação.
Em nota, a Polícia Militar informou que a “decisão do comando da corporação foi pelo afastamento dos oficiais até a conclusão do Inquérito Policial-Militar já aberto visando a dar maior transparência nas apurações”. A PM comunicou ainda que, por enquanto, não dará mais informações a respeito das investigações. O Ministério Público estadual, por sua vez, confirmou que há uma apuração, que segue sob segredo da Justiça.
ROMBO DE R$ 11 MILHÕES
De acordo com a denúncia do MP, entre os contratos investigados está a compra de 13.720 aventais com dinheiro do Fundo de Saúde da Polícia Militar (Fuspom) para o Hospital da PM em Niterói. Mas 9.620 peças teriam desaparecido. Outro contrato sob suspeita foi para a compra de 75 mil litros de ácido peracético para o Hospital Geral da PM, nunca entregues. Nos dois casos, o volume contratado também foi considerado muito acima do necessário para abastecer uma única unidade de saúde. Um hospital de grande porte, por exemplo, consome cerca de 700 aventais por ano. No caso do ácido, seriam necessários cinco caminhões-pipas para armazenar o material. A estimativa é de que o rombo no Fuspom chegue a R$ 11 milhões.
O Fuspom recebe recursos de toda a tropa da Polícia Militar, que, por sua vez, tem direito a utilizar as duas unidades hospitalares, além de quatro policlínicas, uma odontoclínica e uma rede de clínicas credenciadas. Além do desconto feito na folha de pagamento dos PMs, o Fuspom recebe repasses do estado e da União. A investigação começou quando o ex-gestor do fundo Décio Almeida da Silva foi exonerado, em setembro. Foi aberta uma sindicância interna para apurar se havia irregularidades e, como foram detectados indícios de crime, a PM abriu um Inquérito Policial-Militar.
FURTOS EM UPP E NO BOPE
No mês passado, oito pistolas da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Caju, na Região Portuária, desapareceram. O Comando da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) instaurou um inquérito para apurar o caso. Policiais que estavam de plantão prestaram depoimentos, e os dois soldados responsáveis pela Reserva Única de Material Bélico (Rumb) foram presos administrativamente por 72 horas. A investigação tem prazo de conclusão de 40 dias. Segundo o CPP, os dois foram afastados da função e estão respondendo ao inquérito em liberdade, fazendo tarefas administrativas.
Em 2005, quatro oficiais e um sargento foram indiciados pelo desaparecimento de 26 armas da Seção de Material Bélico do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Dez pistolas e 16 fuzis sumiram. A investigação se estendeu por quase dois anos e, ao final, não chegou a uma conclusão sobre os culpados. Os PMs investigados no caso foram responsabilizados apenas por não terem fiscalizado corretamente o material da unidade.
Fonte: O Globo
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