Brasil, Bósnia, Suécia, Guatemala. O combate ao crime levou o ex-policial militar pernambucano Gustavo Henrique de Barros Fulgêncio, 45 anos, a uma vida que não conhece fronteiras. Único brasileiro a fazer parte da Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala, ele está no país centro-americano de 14 milhões de habitantes desde setembro de 2015, após ter sido enviado pela polícia da nação escandinava, na qual trabalha desde 2007.
Na Cidade da Guatemala, Gustavo trabalha investigando contrabando, financiamentos de campanha, corrupção governamental, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. O agente, que fala inglês, espanhol e sueco, encarou o desafio de combater ilícitos num país classificado em 123º no último ranking de corrupção da Transparência Internacional, composto por 168 nações. A número 1 é a Dinamarca, a menos corrupta, e o Brasil está na 76ª posição.
Após alguns dias no Recife, visitando familiares, o investigador voltou para a Guatemala, onde deve passar pelo menos mais dois anos. “Os índices de corrupção e violência são muito altos lá, por isso a ONU criou a comissão em 2007, após um pedido do governo. Desde então, 200 casos foram trabalhados e cerca de 160 pessoas presas, entre elas o ex-presidente Otton Pérez Molina e a vice Roxana Baldetti”, explica. Também fazem parte do grupo policiais da Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Colômbia, Honduras, El Salvador, Costa Rica, França e Suíça.
Antes de chegar à Guatemala, Gustavo trabalhou no policiamento ostensivo e também em investigações na Suécia. “Essa experiência me deu uma visão maior das coisas. No Brasil, a Polícia Militar faz um trabalho ostensivo e a Polícia Civil faz a investigação. Na Suécia, não existe essa divisão e o trabalho fica mais fácil. As investigações andam com mais celeridade. Um exemplo é que 90% dos homicídios são esclarecidos”, diz o policial que entrou para a corporação sueca sem concurso. Demonstrou interesse, preencheu uma inscrição e foi aceito.
Em 2013, Gustavo entrou para a divisão internacional, onde trabalhou com cumprimento de mandados de prisão, vigilância e solicitações de informações para investigações. A experiência de trabalhos no exterior vem de longe. Ainda quando era policial militar em Pernambuco, foi enviado, em setembro de 1993, para uma missão de paz na Bósnia, no auge de um conflito ético que deixou oito mil mortos. Ele permaneceu no país até setembro de 1994. “Nesse período fui monitor policial da Unprofor (força de proteção das nações unidas) e trabalhávamos com monitorando os policiais e suas atribuições. Além disso, a gente facilitava o encontro das famílias com os soldados que estavam na guerra entre sérvios e croatas”, contou.
O pernambucano ingressou na Polícia Militar em 1990 e saiu em 2006, após uma licença de seis anos. “Antes de pedir o desligamento da polícia pernambucana, cheguei a trabalhar como carteiro e dei aulas de espanhol na Suéca”, relembra Gustavo, pai de dois filhos, de 11 e 22 anos, que vivem na Suécia. Em Pernambuco, Gustavo trabalhou nos batalhões de Radiopatrulha, de Policiamento de Guardas, no 12º e no 10º, em Palmares. Além disso passou também pelo prédio da Secretaria de Defesa Social (SDS) e pelo Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar.
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