Anistia Internacional pede o fim da violência policial ao governo do Estado
Entre 2014 e 2015, mais de 1000 pessoas foram mortas pela polícia do Estado do Rio de Janeiro
Na terça-feira (08/12), ativistas da Anistia Internacional irão até a sede do governo estadual, no Palácio Guanabara, bairro de Laranjeiras, protocolar a entrega de petição endereçada ao governador Luiz Fernando Pezão, com mais de 59 mil assinaturas pedindo o fim das execuções praticadas pela polícia e a investigação dos homicídios decorrentes de intervenção policial no Estado do Rio de Janeiro.
"É fundamental que o líder do executivo e responsável pela implementação da política de segurança pública do Estado se posicione claramente contra as execuções praticadas pela polícia. Trata-se de gesto político indispensável para encerrar essa cultura de barbárie, e justamente por isso é o primeiro pedido da petição. Porém, até agora, mesmo com episódios recentes que ganharam ampla divulgação na imprensa, não houve resposta concreta para além da responsabilização individual dos policiais envolvidos em alguns casos", afirma Atila Roque, diretor da Anistia Internacional Brasil.
Nos últimos meses, milhares de pessoas de todo o Brasil e de outros países em que a Anistia Internacional atua, como Suíça, Espanha, Bélgica, Portugal e Estados Unidos, se mobilizaram nas redes e nas ruas. A campanha #DigaNãoàExecução foi lançada em agosto, junto com o relatório "Você matou meu filho - Homicídios cometidos pela Polícia Militar na cidade do Rio de Janeiro". O documento detalha casos em que a Polícia Militar faz uso excessivo e arbitrário da força, ameaças a defensores de direitos humanos e moradores de favelas, invasões ilegais de domicílio, furtos, agressões físicas e execuções extrajudiciais reportadas como "autos de resistência". Tragédias recentes, com o dos cinco jovens fuzilados dentro de um automóvel em Costa Barros, no final de novembro, mostram que a cultura da execução persiste dentro da polícia militar. Entre 2014 e 2015, mais de 1000 pessoas foram mortas pela polícia do Estado do Rio de Janeiro.e a cultura da execução persiste dentro da polícia militar. Entre 2014 e 2015, mais de 1000 pessoas foram mortas pela polícia do Estado do Rio de Janeiro.
"Só a pressão da sociedade pode romper esse silêncio. Essas assinaturas representam as vozes de dezenas de milhares de pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo que se solidarizam com as mães e familiares das vítimas e entendem que o combate à criminalidade não deve ser incompatível com o respeito à vida".
Alguns resultados já foram alcançados pela mobilização: o anúncio da chefia da Polícia Civil de que os homicídios cometidos por policiais no Rio de Janeiro serão investigados pela Delegacia de Homicídios, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre autos de resistência na Assembleia Legislativa (ALERJ) e a apuração do Ministério Público sobre o caso do menino Eduardo de Jesus, morto por policiais na porta de casa no dia 2 de abril de 2015 no Complexo do Alemão, que acabou por denunciar os policiais envolvidos na operação, diferente da conclusão do inquérito policial que justificou a ação como legítima defesa. Uma cópia da petição também será protocolada na sede do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro na tarde desta terça-feira, dia 08/12.
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