O aluno da Polícia Militar Paulo Aparecido Santos de Lima teve morte cerebral nesta segunda-feira (18), antes de completar o sonho de entrar para a corporação. Após participar de um treinamento para ser agente de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no último dia 12, Paulo passou mal e foi internado em estado grave com insolação e queimaduras nas mãos e nas nádegas. Segundo o jornal "Extra" , ele teria sido vítima de um trote. A PM nega, mas a família não acredita na versão oficial.
"A gente desconfia que maltrataram ele. Como uma insolação vai causar morte cerebral e falência de vários órgãos?", questiona a parente.  Os médicos, segundo a prima Crislaine de Souza, atestaram morte cerebral, instantes após visita da família ao enfermo no Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio, Zona Norte do Rio, na noite desta segunda (18).
A assessoria da PM, através de nota, informou que o aluno sofreu um mau súbito enquanto estava em forma, junto com outros cerca de 490 alunos. O jovem, segundo a PM, foi socorrido imediatamente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, em seguida, levado ao hospital da corporação.
Depois de ter recebido a informação da piora do quadro de Paulo nesta segunda, a família voltou ao hospital para uma visita. Quando chegou em casa, em Japeri, foi informada da morte. Segundo Crislaine, o primo sonhava ser agente da corporação há pelo menos 3 anos, quando fez o primeiro concurso para se tornar policial militar. Não passou "por um detalhe".
"Ele fez tudo certo, mas ficou faltando um exame médico ou físico, não lembro direito. Isso foi em 2010. Aí fez de novo. Ele esperou esse tempo todinho para entrar agora. Ele era muito calado. O sonho dele era entrar para a PM. Ele seria capaz de aguentar tudo quieto, como  fez, para conseguir o sonho dele", especulou.
Apesar disso, Crislaine reforçou que, em nenhum momento, o aspirante a policial disse à família que teria sido vítima de trote. Ela confirmou que autoridades se colocaram à disposição da família para ajudas básicas e para descobrir os motivos da morte. "Prestaram muita assistência mesmo. É por conta de três ou quatro que a imagem de uma corporação vai para a lama", esbravejou.
Entenda o caso 
Paulo teria sido vítima de um trote durante o treinamento no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cefap), em Sulacap, na Zona Oeste, na terça-feira (12). Ele estava internado no Hospital Central da PM, no Estácio, na Zona Norte. De acordo com a denúncia, o aluno teria sido obrigado a ficar sentado no asfalto debaixo do sol de meio-dia. Outros alunos também teriam sido hospitalizados também por causa de insolação e liberados depois, conforme informações da PM. “Seu diagnóstico teria sido uma insolação grave, devido à alta temperatura registrada na tarde do dia 12, com sensação térmica próxima a 48°C”, diz a nota. A assessoria da PM disse ainda que foi aberto inquérito para apurar o caso.