segunda-feira, 9 de abril de 2012
Grupo de Cachoeira determinava até promoções de PM's em Goiás
Goiás - Além de utilizar a estrutura da Polícia Civil e Militar para proteger o funcionamento de bingos, a organização criminosa comandada pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, também indicava membros da quadrilha para promoções dentro da Polícia Militar de Goiás (PM-GO), segundo o inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a Operação Monte Carlo. O ex-comandante-geral da PM-GO, coronel Carlos Antônio Elias, negou qualquer influência do grupo de Cachoeira nos quadros da corporação.
De acordo com o inquérito da PF, o capitão Antonil Ferreira dos Santos foi promovido pelo coronel Elias “mediante exigências da Organização Criminosa”. “O que demonstra possivelmente uma forma de a Organização Criminosa retribuir algum serviço ou favor prestado pelo referido capitão”, afirma o relatório. Antonil é apontado pela PF como um dos policiais responsáveis pela segurança ostensiva de cassinos em Valparaíso e pelo fechamento bingos concorrentes após ordens do grupo de Carlinhos Cachoeira.
A suspeita da PF ocorreu após a gravação de uma conversa entre o braço direito de Cachoeira, Lenine Araújo de Souza, e o coronel Elias, em 21 de dezembro de 2010. Conforme a investigação, eles discutiam possíveis promoções nos quadros da PM-GO. Durante a conversa, Lenine faz referência ao nome de Antonil. O então comandante-geral da Polícia Militar respondeu. “Então, tá bom. Lá... tá defendendo gente boa, aí. Vamos pegar esses menino (sic) e ajudar eles”, declarou Elias conforme interceptação telefônica autorizada pela Justiça.
Em 23 de dezembro, foi publicado um listão no site da PM-GO contendo os nomes dos policiais promovidos por merecimento. O nome de Antonil estava entre eles. Seis dias depois, o agora capitão Antonil manteve contato com Lenine agradecendo a suposta indicação ao cargo. “Oi moço. Tô te passando o rádio aí, só pra você, é... só pra te dar a notícia aí que eu ia.... minha Promoção saiu. Tranquilo! Eu peguei minha Estrela hoje e foi publicada agora de manhã no Diário Oficial”, declarou Antonil na conversa telefônica interceptada pela PF. Lenine respondeu. “Se depender de nós, cê sabe que... O que tiver ao nosso alcance, a gente corre atrás mesmo”.
Na tarde deste domingo, o ex-comandante-geral da Polícia Militar disse que desconhecia o diálogo interceptado pela PF. Ele negou qualquer tipo de indicação por parte do grupo de Cachoeira. Elias explicou que a promoção de Antonil ocorreu por antiguidade. “A pontuação (exigência para promoção de cargos na PM-GO) não é feita pelo comandante. Ela é feita por uma comissão. Por uma comissão independente. Ela não requer que eu interfira nisso”, explicou. “Independente de quem pediu a indicação, ele teria conseguido”, complementou Elias.
O relatório da PF também afirma que o coronel Elias cobrou um suposto pagamento à organização criminosa de Carlinhos Cachoeira por intermédio de uma mulher identificada como Eliane. Em diálogo interceptado no dia 10 de janeiro de 2011, Eliane cobra de Lenine esse pagamento após saber que Cachoeira não tinha autorizado a transação. O dinheiro, na interpretação da PF, seria utilizado para o coronel saldar dívidas pessoais.
Para a PF, o coronel Elias também tinha recebido a promessa da organização criminosa de Cachoeira de permanecer no comando da Polícia Militar de Goiás. “É porque, realmente, a gente deu a esperança pra ele, que ele pu..., talvez, pudesse continuar” afirma Eliane sobre o ex-comandante-geral da PM-GO, conforme a PF. O coronel também negou esse pedido de pagamento levantado pela Polícia Federal. “Não teve isso não. Minha vida é totalmente aberta e transparente em relação a esses fatos”, declarou. Oficialmente, ele tinha a expectativa de continuar no cargo mais pelos “bons serviços” do que por alguma eventual ligação com o grupo de Cachoeira.
As informações são do repórter Wilson Lima, do IG
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