Informação policial e Bombeiro Militar

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

BA: com endurecimento de cerco, PMs ameaçam fechar avenida

Os cerca de 500 policiais militares que estão concentrados do lado de fora da Assembleia Legislativa da Bahia nesta quarta-feira ameaçam fechar a avenida Paralela, via expressa que liga o aeroporto ao centro de Salvador. A radicalização teria dois motivos: o não fechamento de um acordo com o governo do Estado para pôr fim à paralisação e o endurecimento do cerco do Exército ao prédio da AL, onde 200 PMs grevistas estão acampados.
Desde a manhã de hoje, as tropas federais não estão deixando entrar mais alimentos e água para os amotinados que permanecem no Parlamento, ao contrário de ontem, quando houve uma flexibilização do comandante da operação, o general Gonçalves Dias. O militar, que completava 62 anos, recebeu um bolo de presente dos grevistas e se emocionou. A cena de carinho teria desagradado o Palácio do Planalto, que entendeu ser uma manifestação de fraqueza de Dias. Ele teria recebido ordens para mudar seu estilo e "apertar" o cerco.
No início do dia, o presidente da Associação dos Policiais, Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco, que lidera a paralisação, disse que os grevistas se preparam para um embate. "A movimentação está diferente e também estamos nos preparando", afirmou ele.
O tenente-coronel Márcio Cunha, chefe de comunicação da 6ª Região do Exército, alertou aos jornalistas para que permaneçam dentro do QG montado para a imprensa. De acordo com ele, quem estiver fora desse perímetro não será assegurado pelas forças de segurança, alimentando os rumores de um possível embate entre grevistas e a tropa federal.
A todo o momento, chegam mais reforços do Exército. O efetivo, que ontem era de 1.038 homens, aumentou para 1.308 homens na manhã desta quarta. Além disso, o local também é vigiado por tropas da Força Nacional, da Polícia Federal e de PMs da Caatinga e do Semi-Árido nordestino. Nesta manhã, toda a Assembleia está cercada, ao contrário dos primeiros dias, quando o foco do efetivo federal estava em frente ao Parlamento. Os acessos ao Centro Administrativo da Bahia (CAB) voltaram a ser fechados.
Na tarde de ontem, uma reunião de quase sete horas entre representantes do governo da Bahia e líderes da greve terminou sem acordo. O governador Jaques Wagner voltou a reforçar a proposta apresentada aos grevistas em entrevista a uma emissora de televisão nesta manhã. A oferta é de reajuste de 6,5% retroativo a janeiro e de pagamento partilhado da Gratificação de Atividade Policial (GAP) 4 e 5 entre 2012 e 2015, com a primeira parcela em novembro deste ano. "Fizemos um esforço muito grande para garantir a GAP 4 a partir de novembro. Essa despesa (GAP 4 e 5) representa mais de R$ 170 milhões, é parte significativa do orçamento. Agora eu só posso esperar que cada policial entenda que o Estado tem um limite e não frustre a população da maior festa popular do mundo (o carnaval)", disse Wagner.
O líder dos grevistas, Marco Prisco, afirmou, também em entrevista a uma emissora de televisão, que "os 6,5% é um aumento linear para todo servidor público, então o soldo (salário dos militares) fica abaixo do mínimo". Prisco reforçou que os grevistas só entram em acordo com o governo se for revogada a prisão dos PMs baianos. A Justiça emitiu 12 mandados de prisão, sendo que dois grevistas já foram detidos. "Essa é uma questão que os policiais não querem nem sequer pensar em discutir. Quem pediu a prisão foi o governo, foi um ato político. Então, a Procuradoria do Estado pode pedir a revogação das prisões", disse o PM.
A greve
A greve dos policiais militares da Bahia teve início na noite de 31 de janeiro. Cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência em Salvador e região metropolitana. O número de homicídios dobrou em comparação ao mesmo período do ano passado. A ausência de policiamento nas ruas também motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas.
Em todo o Estado, eventos e shows foram cancelados. A volta às aulas de estudantes de escolas públicas e particulares, que estava marcada para 6 de fevereiro, foi prejudicada. Apenas os alunos da rede pública estadual iniciaram o ano letivo.
Para reforçar a segurança, a Bahia solicitou o apoio do governo federal. Cerca de três mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foram enviados a Salvador. As tropas ocupam bairros da capital e monitoram portos e aeroportos.
Dois dias após a paralisação, a Justiça baiana concedeu uma liminar decretando a ilegalidade da greve e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) suspenda o movimento. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos.
A categoria reivindica a criação de um plano de carreira, pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos.


Terra

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