Informação policial e Bombeiro Militar

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Cabo ameaça dar voz de prisão para que seu pai seja transferido de um hospital para outro por decisão judicial.



Militar ameaça dar voz de prisão para pai ser transferido de hospital no DF

Local onde pai de bombeiro tratava câncer foi descredenciado de convênio. Ordem judicial obriga GDF a arcar com despesas de tratamento particular.
14/10/2015 13h58 - Atualizado em 14/10/2015 14h57
Por Isabella Calzolari
Do G1 DF

Um cabo do Corpo de Bombeiros ameaçou dar voz de prisão ao diretor do Hospital Santa Helena, em Brasília, para garantir o cumprimento de uma ordem judicial que determina a internação do pai dele na unidade. A decisão obriga o governo do Distrito Federal a transferir o aposentado da Polícia Militar, que tem câncer de estômago, do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) para a unidade particular.

De acordo com Nehemias de Melo, o pai fazia tratamento na rede privada desde agosto. O hospital, porém, foi descredenciado pela corporação após suspender atendimento a policiais alegando falta de pagamento. Com isso, o paciente não conseguiu ser atendido no início do mês e precisou ser levado para o Hran, onde permanecia internado até a manhã desta quarta-feira (14).

Ao G1, o Hospital Santa Helena disse que não vai comentar o caso porque não é parte direta no processo e apenas foi o local indicado pela juíza para receber o paciente. A unidade disse ainda que não vai comentar a atitude do bombeiro de "ameaçar" dar voz de prisão ao diretor.

O Corpo de Bombeiros disse que a ação do cabo foi como cidadão, já que ele estava baseado em uma ação judicial, não havendo nenhuma ligação entre a instituição com o fato envolvendo o militar. A Procuradoria-Geral do Distrito Federal afirmou não ter sido intimada até a tarde desta quarta-feira. A Polícia Militar falou que não localizou nenhuma ocorrência do tipo no sistema.

Decisão da Justiça pede a transferência imediata do PM  (Foto: Reprodução)
Decisão da Justiça pede a transferência imediata
do PM (Foto: Reprodução)

"Meu pai é da PM desde 1978 e sempre teve descontado do contracheque o valor do convênio médico. Não é justo que na hora que ele mais precisa ele não será amparado. Ele está exposto a bactérias, não tem médico, esteve em um corredor de hospital, ficou 12 horas sem atendimento médico", afirmou Melo.

Na última segunda-feira (12), o cabo conseguiu na Justiça uma ordem para a tranferência imediata do pai para a unidade. A decisão da juíza Ana Luiza Barreto diz ainda que todos os exames e procedimentos médicos devem ser bancados pelo GDF. A magistrada afirma que, em caso de descumprimento, poderia haver a possibilidade de prisão em flagrante.

Na terça, Melo disse que foi até o hospital, mas que os responsáveis afirmaram que não havia vaga e que não tinham sido notificados da decisão. "Passamos o dia inteiro na peregrinação, de fórum em fórum, para tomarmos conhecimento de que o hospital tinha sido notificado, ou seja, tomaram conhecimento oficialmente por meio do oficial de Justiça e tinham que cumprir a ordem."

"Estou fazendo esse esforço pela família militar e não só pelo meu pai. Os PMs estão desamparados. Eu queria que ele fosse atendido e pudesse lutar contra o câncer de forma digna. No Hran não tem nem oncologista. Dizem que podemos solicitar ressarcimento, mas eu não tenho R$ 5 mil por dia para pagar pelo tratamento do meu pai na rede particular."

Na manhã desta quarta, o bombeiro foi até a 5ª DP e pediu apoio da PM para ir até o hospital particular. Ao chegar no local com os policiais, ele foi recebido pelo advogado e representantes da instituição. Segundo ele, ficou acertado que o sargento aposentado seria transferido ainda nesta quarta, mas que o transporte deveria ser feito pelo governo.

Cabo Nehemias de Melo com ordem judicial em frente ao Hospital Santa Helena (Foto: Isabella Calzolari/G1)
Cabo Nehemias de Melo com ordem judicial em frente ao Hospital Santa Helena (Foto: Isabella Calzolari/G1)

"Tenho fé em Deus que agora será cumprida a ação judicial. Eles passaram que dependia apenas de uma ambulância, mas isso não é problema porque vamos dar um jeito de transferir ele. Agora os médicos do Hran têm que fazer um relatório e meu pai será transferido", diz Melo.

"Eu lamento ter que chegar a esse ponto. Ter que acionar o poder policial para fazer cumprir uma ordem judicial. Aqui está um direito conquistado. Infelizmente às vezes tem que ocorrer algo assim para a gente conseguir as coisas. Caso não fosse cumprida essa exigência legal, o último passo seria conduzir algum responsável do hospital para que fosse lavrado um termo", concluiu o bombeiro

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