Um motorista de ônibus morreu após complicações em ferimentos causados por tiros de bala de borracha que teriam sido disparados por um policial militar. O caso ocorreu em Biguaçu, na Grande Florianópolis, no quintal da casa do motorista e veio à tona após a morte do surfista Ricardinho, como mostrou a reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV.
Carlos morreu no dia 17 de janeiro e foi enterrado no dia em que completaria 32 anos. O atestado de óbito informa que entre as causas da morte está o ferimento de projétil não letal, um tiro de bala de borracha que teria sido disparado pela polícia.
O caso ocorreu na madrugada do dia 12 de janeiro. Um casal vizinho da casa da mãe do motorista, no bairro Rio Caveiras, começou a brigar e o irmão de Carlos chamou a polícia. Quando a viatura chegou, a confusão com o casal já havia sido resolvida, mas Carlos, o irmão e o cunhado estavam discutindo.
(Foto: Reprodução/RBS TV)
O boletim de ocorrência registrado pela família informa que Carlos Alexandre teria gritado com um dos policiais de forma alterada. O policial tentou acalmar o rapaz, mas outro agente público teria ido até a viatura, pegado uma arma e atirado duas vezes no motorista. "Acertou dois tiros no peito do meu filho, a queima roupa, bem próximo dele", detalha Laureci da Rosa, mãe de Carlos.
Segundo ela, os policiais deixaram o local e Carlos ficou aguardando socorro. Ele sangrava muito devido aos tiros no peito e na barriga.
A viatura da polícia voltou até o local com outras duas guarnições. Segundo a família, mesmo baleado e sem oferecer resistência, Carlos Alexandre foi atingido por novos disparos, desta vez, com a arma de choque. "Chegaram essas duas viaturas e deram voz de prisão para meu filho dentro do meu cercado. Não entendo, voz de prisão por quê? Se ele não estava armado e já estava sangrando com os dois tiros no peito", questiona a mãe.
(Foto: Reprodução/RBS TV)
Os policiais também registraram boletim de ocorrência no batalhão da PM por desacato, desobediência e resistência. No documento, eles dizem que Carlos Alexandre teria empurrado um dos policiais e ignorado as ordens para se acalmar. Como ele não teria obedecido, os policiais precisaram usar o armamento não letal para controlar a situação.
Na mesma noite, Carlos Alexandre foi levado para a um pronto-socorro. O ferimento apresentou complicações nos dias seguintes e ele foi encaminhado para o hospital. "Ao chegar no Hospital Florianópolis foi feito raio X, tomografia, aí já internaram ele. Fizeram a cirurgia, depois chamaram a minha nora e disseram que tinha muita sujeira e fragmentos da bala de borracha", detalha Laureci.
Festa surpresa
Após passar por procedimento cirúrgico, o motorista ficou otimista com a recuperação. "Tá ruim, mas tá bom. Mas vou sair dessa", afirmou em um vídeo para a família. Em outro vídeo, ele disse para a filha de 8 anos que, no dia do aniversário dele, estaria em casa para comemorar seus 32 anos.
(Foto: Reprodução/RBS TV)
"Como o pai ia fazer aniversário no domingo, ela estava esperando com festa surpresa, tinha cortado papelzinho para jogar nele quando viesse do hospital. A festa está até hoje esperando”, lamenta Márcia Domingos, sogra de Carlos. Ele morreu com uma parada cardíaca dois dias após gravar a mensagem para a filha.
"No domingo (18) enterrei o meu filho. Era o dia do aniversário dele, ia fazer 32 anos, e eu enterrei o meu filho. É uma dor inexplicável. Não vou mais trazer meu filho de volta, mas não vou deixar passar impune. Quero justiça e vamos fazer justiça", afirma a mãe.
Em nota, a Polícia Militar informou que instaurou inquérito policial militar para apurar a situação e que não vai se pronunciar até a conclusão do caso para não interferir nas investigações. De acordo com a Polícia Civil, até a publicação desta reportagem, apenas a mãe da vítima havia sido ouvida. Pelo menos duas testemunhas e dois policiais ainda serão interrogados.
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