Um dia depois de novos atos de vandalismo em São Paulo, o governo do estado criou uma força tarefa para identificar e punir os baderneiros que se infiltram em manifestações pacíficas. E um casal preso, nesta segunda-feira (7), foi indiciado e enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
Pra quem trabalha na região central de São Paulo, já virou rotina. Juntar os cacos da destruição provocada por vândalos que se misturam a manifestantes. Uma agência bancária teve a frente e os caixas atacados.
A população já deve estar cansada de ver essas cenas, mas tem que ser destacado: uma janela de um supermercado, um local muito frequentado especialmente final de tarde, começo de noite. Vândalos arrebentaram até lascas da parede. Mais vidros quebrados. Em um estacionamento e do lado mais uma agência bancária depredada. O vidro da frente sumiu. Sumiu por estar no chão.
A manifestação de segunda-feira (8) foi por melhorias na educação e em apoio aos professores do Rio de Janeiro. De forma pacífica, um grupo percorreu a Avenida Paulista e outro, as ruas do Centro. A polícia apenas acompanhou as passeatas que seguiram, sem problemas, até a Praça da República onde os dois grupos se encontraram em frente à Secretaria Estadual da Educação.
O protesto continuava tranquilo, pouco tempo depois pessoas mascaradas se infiltraram na multidão e começaram a provocar os policiais. Depois, passaram a atirar bombas caseiras contra a PM.
Imagens feitas pela Policia Militar mostra o comandante da operação contendo a tropa em meio às bombas.
Um rapaz pegou uma bomba no chão e jogou na direção dos policias. E começou a confusão.
O pânico se instalou na praça. Motoristas fugiram pela calçada e passageiros ficaram acuados dentro dos ônibus.
Um grupo de baderneiros atacou uma viatura da Polícia Civil e virou o carro. Ao todo, 11 pessoas foram detidas. Cinco continuam presas, entre elas, um casal de namorados preso em flagrante.
“Na mochila, achamos uma bomba deflagrada do chão ou não, os grafites, os lenços, que normalmente eles usam pra cobrir a cara aí quando eu peguei a máquina fotográfica, tudo registrado, o patrimônio sendo quebrado, tudo, tudo sendo estourado”, afirmou Genildo Fonseca, investigador.
Eles foram indiciados e enquadrados na Lei de Segurança Nacional pelos crimes de sabotagem, dano ao patrimônio público, incitação ao crime, formação de quadrilha e pichação. O rapaz ainda vai responder por porte de artefato explosivo.
“A partir do momento que existe um ataque ao sistema democrático e essa lei ela defende o sistema democrático. Ela pode e deve ser aplicada também”, disse Carlos Kauffmann, jurista.
“A resposta do estado pode ser dada através da aplicação do Código Penal sem a necessidade da utilização da Lei de Segurança Nacional”, explica o jurista Marcelo Leal.
A Polícia Militar está analisando várias imagens para tentar identificar os líderes dos grupos violentos.
“Nós monitoramos os comportamentos dos integrantes das manifestações, procuramos identificar comportamentos que desviem do comportamento normal e indiquem a prática de ilícitos e dependendo da natureza desse comportamento ou providenciamos a intervenção de imediato ou encaminhamos isso à Polícia Civil.”, ressaltou o comandante do policiamento do Centro da PM de SP, Reynaldo Rossi.
Nesta terça-feira (8), à tarde, a Polícia Militar foi autorizada a voltar a utilizar balas de borracha para conter a violência nas manifestações.
As polícias de São Paulo e o Ministério Público formaram uma força tarefa para criar condições de punir mais rapidamente os vândalos. A ideia é abrir um inquérito único e enquadrar os detidos no crime de formação de quadrilha.
“O que nós estamos combatendo são atos de vandalismo, são crimes que atentam contra o patrimônio e a integridade das pessoas, inclusive, perturbando o direito de livre manifestação”, destacou o secretário de Segurança Pública de SP, Fernando Grella.
A Secretaria de Segurança de São Paulo declarou que o uso da Lei de Segurança Nacional para enquadrar o casal não foi uma recomendação do governo do estado - e sim uma decisão do delegado que investiga o caso.