O advogado Paulo César Tavella Navega, que representa os pais de Henrique Arnaldi, morto por policiais militares em 2008, no bairro Cecap, irá recorrer da decisão judicial que definiu o pagamento de R$ 100 mil por danos morais à família.
O rapaz morreu no dia 19 de outubro de 2008 com três tiros nas costas durante uma blitz de trânsito no bairro Cecap, onde morava. Na época a versão dos policiais foi a de que Arnaldi não havia respeitado a voz de parada, estava armado e havia disparado contra os militares, que chegaram a apresentar uma arma como sendo da vítima.
Testemunhas negaram a versão. Os pais entraram com pedido da ação indenizatória baseando-se no relato das testemunhas, assim como no laudo da Polícia Científica com o resultado de exame que não apontou a presença de pólvora nas mãos do jovem.
Após a morte de Arnaldi, moradores se revoltaram e atearam fogo na bilheteria do terminal de ônibus do bairro e destruíram uma base da Guarda Municipal. A decisão judicial condenou o estado a pagar R$ 100 mil em indenização e mais cerca de R$ 150 mil em pensão aos pais do rapaz.
“A sentença do doutor Wander Pereira Rossette Júnior é irretocável em relação à solução da lide, que reconheceu a responsabilidade civil do Estado, merecendo somente um pequeno reparo com relação ao valor da indenização por danos morais”, disse Navega.
Ele afirmou ainda que o valor de R$100 mil é irrisório diante das circunstâncias do caso, de comoção na cidade. Além do sofrimento dos pais, que perderam seu único filho. O advogado disse ainda que, diante de decisões judiciais parecidas como a de Henrique, a Justiça costuma conceder indenizações com valores maiores.
“No caso de uma cirurgia plástica que dá errado, por exemplo, a pessoa chega a receber R$ 100 mil por danos morais e ainda está viva. Mas estamos falando de um caso de morte e por isso vamos recorrer somente em relação aos danos morais, já que o restante da decisão está adequado”, afirmou o advogado.
Procuradoria estuda recurso 
A Procuradoria Geral do Estado (PGE), por meio de assessoria de imprensa, informou no final da tarde de sexta-feira (4), que o órgão recebeu intimação sobre o caso na última terça-feira (1) e que a PGE examina o teor da decisão para decidir se também entrará com recurso.