5/7/2013 12:41
Por Redação - de Brasília
O uso de recursos públicos para o pagamento das passagens aéreas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, de ida e volta no trecho Brasília-Rio, não consiste em qualquer irregularidade, segundo afirmou um jurista ao Correio do Brasil, na condição de anonimato. Ainda que ele não tivesse qualquer compromisso oficial na cidade, apenas o desejo de assistir ao jogo entre Brasil e Espanha, no camarote do apresentador da Rede Globo Luciano Huck, no Maracanã, o trânsito entre a Capital Federal e a residência da autoridade, que é no município, franquia-lhe a liberdade para ir e vir neste percurso.
Mas a distância entre o discurso de cunho moralista do presidente do STF e a prática do cidadão Joaquim Barbosa o colocou em xeque perante a opinião pública, logo após a divulgação das notícias de que tanto o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quando da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), utilizaram-se dos benefícios concedidos ao cargo para cumprir agendas pessoais ou, no mínimo, heterodoxas. Barbosa, que outrora frequentava as redes sociais como uma espécie de “vingador” dos bons costumes e algoz dos ‘mensaleiros’, tem visto sua sua imagem derreter nas últimas horas.
“Joaquim Barbosa também foi pro Maracanã com dinheiro público! Não tem virgem na zona! E o filho vai trabalhar no Caldeirão do Huck”, enxovalhou o cronista José Simão, em seu blog, ao assinalar que o filho de Barbosa, Felipe, foi contratado para trabalhar com o dono do camarote que ele frequenta, em jogos no Maracanã, como lembrou o jornalista Fernando Brito, editor do site Tijolaço: “O Dr. Barbosa é habitué do camarote, no qual já assistiu ao amistoso Brasil e Inglaterra, na reabertura do Maracanã. Afinal, o Dr. Barbosa não é chegado a mordomias”.
Brito acredita que Barbosa “não tenha previsto que ele próprio pudesse ser vítima de uma acusação lançada assim ao país, como fato indominável, sem direito de uma explicação ou análise ponderada. Ou que não creia na famosa cítara jurídica de que a honra é como um baú de penas que, aberto ao vento, não há como reparar. Ou daquela outra, sobre a mulher de César”.
Filho na Globo
Felipe Barbosa, filho do presidente do STF, é formado em comunicação social e entrou para a equipe de produção do programa Caldeirão do Huck, na Rede Globo, conforme publicou a jornalilsta Keila Jimenez, em sua coluna no diário conservador paulistano Folha de S. Paulo Outro Canal, nesta sexta-feira.
“Procurada pela coluna, a Globo e fontes na produção da atração negaram a contratação de Felipe. Disseram que ele foi apenas fazer uma visita ao Projac, no Rio. Mais tarde, a emissora confirmou a contratação”, afirma a jornalista.
– Foi um péssimo momento para o ministro Barbosa usar seus créditos na cota aérea do STF, e pior ainda por ter o filho empregado no programa de TV do apresentador. No primeiro caso, porque o discurso se distancia da prática. E no segundo, a presença do presidente da mais alta corte de Justiça do país no camarote de Luciano Huck sugere a ideia obvia de que ele teria usado de sua influência para arrumar um emprego para o filho na Rede Globo, alvo hoje da suspeita de dever milhões de reais aos cofres públicos, em impostos sonegados. A assessoria do ministro, desta vez, cochilou – disse o jurista ao CdB.
Barbosa acompanhou a partida ao lado do filho Felipe no camarote de Huck. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Supremo informou que apenas o ministro viajou de Brasília ao Rio com as despesas pagas pelo STF. Os voos de ida e de volta ocorreram em aviões de carreira. O Tribunal também confirmou que não havia na agenda de Barbosa nenhum compromisso oficial no Rio durante o final de semana.
O uso desenfreado de recursos da Corte para viagens fora da agenda oficial já foi revelado nos últimos meses. Os ministros têm usado dinheiro do STF para viagens durante o recesso, quando estão de férias, e para levar as mulheres em voos internacionais.
Ao longo dos últimos quatro anos (de 2009 a 2012), o total de recursos públicos gasto em passagens pelos ministros e suas esposas foi de R$ 2,2 milhões, sendo que R$ 1,5 milhão foi usado em viagens internacionais. No período, foram destinados R$ 608 mil para as mulheres de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski – ainda na corte -, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Eros Grau – já aposentados.
Barbosa também foi questionado pela reforma do banheiro do seu apartamento funcional, em Brasília, que custou mais de R$ 90 mil.
Fonte: Correio do Brasil.
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