O resultado do relatório da 5ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, realizada pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Ministério da Justiça, que aponta Alagoas como o Estado mais violento do Brasil foi duramente criticado por associações dos servidores da segurança pública no Estado.
Para o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil de Alagoas (Adepol), delegado Antônio Carlos Lessa, o resultado negativo já era esperado. “A quantidade de delegados em todas Alagoas é insuficiente. As delegacias não têm estrutura para fornecer aos agentes um local ideal de trabalho e apresenta inúmeros problemas estruturais. Se faz por bem, mais do que nunca, uma ação enérgica do Estado”, colocou.
Ainda segundo ele, além de contratar, remanejar e preparar os agentes da segurança, o Executivo tem por obrigação fornecer políticas públicas que possibilitem aos jovens um amanhã de paz. “Infelizmente, a maioria dos assassinatos no estado tem ligação com as drogas. É importante o trabalho ostensivo da Polícia Militar e o investigativo da Polícia Civil”, ressaltando – por diversas vezes na entrevista – que um programa de ‘políticas públicas’ pode trazer o resultado desejado por toda sociedade.
O Presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar de Alagoas, Major Fragoso, também comentou o resultado da ONG e lamentou o sofrimento do ‘povo alagoano’. “Colocar apadrinhados políticos para gerir pastas importantes só pode resultar nesse triste relatório. A corporação da PM apresenta um grande déficit nos seus quadros e desta maneira a tendência é só piorar”, pontuou.
Em entrevista ao CadaMinuto, Fragoso disse ainda que o projeto apresentado pela Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) que pretende trazer 800 militares da reserva para o serviço burocrático na segurança pública não vai funcionar. “Quem se encontra, hoje, lotado no serviço burocrático têm suas ‘indicações políticas’, problemas de saúde ou são importantes neste setor. Com isso, tudo vai continuar na mesma ”, esclareceu.
O militar colocou ainda que os investimentos na segurança pública são insuficientes. “É só observar os resultados, um relatório atrás do outro apontando Alagoas como o estado mais violento, é lamentável. Precisamos mudar essa realidade, a sociedade não suporta mais”, disse.
Segundo o relatório, o problema é que todos os outros “concorrentes” apresentaram diminuição nestes índices. Paraíba, Pernambuco e Rondônia, segundo, terceiro e quarto no mesmo ranking, aparecem com 38,2%, 36,4% e 35,1%, ou seja, praticamente a metade dos números apresentados em Alagoas.
Alagoas mantém a liderança em outros índices, como os crimes violentos letais intencionais. Aí o Estado chega a 70% de mortes por 100 mil habitantes, contra 38,8% da Paraíba, 38,1% de Pernambuco e 38,0% de Sergipe.
Apenas o 12° em gastos com a Segurança Pública
Mesmo com estes números Alagoas é apenas o 12° lugar do Brasil com gastos em Segurança Pública. Em relação aos números do anuário de 2009-2010 a situação de Alagoas também impressiona. Houve um crescimento da população carcerária em 51,3% e o aumento no número de homicídios dolosos chegou a 42,8%.
O levantamento da ONG, divulgado na tarde desta quarta-feira, 23, em Brasília, faz um Raio X da segurança pública brasileira e é relativo ao ano de 2010. O anuário reúne dados sobre homicídio doloso (incluindo homicídio culposo), latrocínio, crimes violentos letais intencionais (incluindo homicídio doloso, latrocínio e lesão lorporal seguida de morte), roubo de veículos, roubo (total), tráfico de entorpecentes, posse ilegal de arma, estupro, lesão corporal dolosa, gastos com a segurança pública, população carcerária, criminalidade juvenil.
A média nacional é de 21,5 mortes por 100 mil habitantes em 2010. Os números tiveram uma pequena queda com relação ao ano de 2009 que registrou 21,9. Mesmo com a redução, os índices ainda não estão de acordo com o recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê 10 homicídios para 100 mil habitantes numa situação de epidemia.
Por: Cadaminuto
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