Política
Bolsa Vergonha
Já ponderou Maquiavel:
"Um homem que, de profissão, queira fazer-se permanentemente bom, não poderá evitar sua ruína, cercado de tantos que bons não são". Eis uma lição que o Lula deveria ter aprendido antes de chegar à presidência. Talvez assim pudesse ter minorado os danos que, desde seu primeiro mandato, assessores e ministros, seus "companheiros", causaram a ele e ao Brasil. Lula é cercado de gente incompetente, de personalidade política e intenções duvidosas. Uma dessas figuras, ainda presente em seu governo, é o ministro da Justiça, Tarso Genro, homem de ideologia extremista, defensor de terroristas como Cesare Battisti e temas afins.
Nesse momento, em que policiais civis e militares de todo o País lutam pelo estabelecimento de um piso salarial mais justo e decente, o ministro Genro saiu-se com mais uma invenção absurda. Trata-se da "Bolsa Olímpica", que garantirá um incremento salarial de até R$ 1.200 a policiais que trabalharem nas cidades que irão sediar a Copa do Mundo de 2014 e no Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016. O benefício deve começar a ser pago na metade do ano que vem, com duração garantida até o fim dos eventos esportivos.
A ideia é leviana, torpe! Inaceitável esse tipo de discriminação, excluindo metade dos estados brasileiros e milhares de municípios, criando um programa para inglês ver, como se a batalha da segurança pública no Brasil se restringisse às cidades da Copa e ao Rio de Janeiro das Olimpíadas; como se a violência que assola o País só devesse ser contida em algumas metrópoles privilegiadas; como se as vidas que se perdem nas demais cidades tivessem menor valor; como se a vida dos policiais que se arriscam no municípios desfavorecidos não valessem tanto quanto as daqueles que atuarão nos eventos esportivos.
É uma "Bolsa Vergonha", ou da falta de vergonha, que afronta, inclusive, aqueles que por ela serão beneficiados, porque não implica numa melhoria salarial de fato, sendo apenas um agrado de momento, um autêntico cala boca, como a chupeta que se dá ao bebê que chora. Depois, quando os "gringos" forem embora, o medíocre benefício será cortado. Lá no Rio de Janeiro, os policiais voltarão a combater os traficantes nos morros, com pistolas compradas do próprio bolso contra armas pesadas e sofisticadas, sem direito a essa famigerada bolsa.
Não se investe em segurança pública com propaganda, ações isoladas, confete e serpentina. Os policiais de todo o País não suportam mais a concessão gratificações e benefícios temporários, dados e tomados conforme interesses políticos. Eles merecem e precisam de salários dignos, estrutura e condições de trabalho. Exigem, portanto, respeito. A Bolsa Olímpica, entretanto, é um desrespeito tamanho, que apareceu justamente agora, em um momento de recesso parlamentar, como um verdadeiro golpe contra os policiais e contra a própria democracia. Politicagem vil, pragmatismo nefasto - e maquiavélico.
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