'Policiais criminosos' de ação no PR devem ser processados, diz ex-secretário de FHC
Paulo Sérgio Pinheiro cobra punição; protesto de professores em Curitiba deixou ao menos 213 feridos na tarde desta quarta-feira
Ana Fernandes - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, que esteve à frente da Secretaria de Direitos Humanos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), fez duras críticas nesta quinta-feira, 30, à ação da Polícia Militar nesta quarta-feira, 29, em Curitiba, que deixou ao menos 213 feridos ao reprimir protesto de professores e cobrou punição. "Só espero que o procurador-geral de Justiça do Paraná processe os mandantes e os policiais criminosos que fizeram essa repressão", disse.
"É absolutamente revoltante que, em plena democracia do século XXI, o governo do Paraná trate manifestantes pacíficos usando bala de borracha, cachorros pitbull e bombas", declarou Pinheiro.
Apesar de ter sido ministro em um governo do PSDB, mesmo partido do governador Beto Richa, Pinheiro não hesitou em condenar a ação. Ele disse que é "conversa para boi dormir" a argumentação feita por Richa de que os policiais combatiam os manifestantes violentos, os chamados black blocs.
"Isso é conversa para boi dormir de que foi para enfrentar os black blocs. Os black blocs são uns gatos pingados. Para enfrentar os black blocs, a polícia usou uma força absolutamente desproporcional", disse.
Pinheiro afirmou também que, em sua avaliação, a PM do Estado não está preparada para agir nessas situações. "A polícia do Paraná não sabe como lidar com as manifestações. Não eram delinquentes, eram professores. Evidentemente, é preciso ser revista a maneira que a Polícia Militar no Paraná opera."
Nesta quarta-feira, PMs e professores da rede estadual do Paraná em greve entraram em confronto na frente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Foi um dos maiores confrontos da história do País envolvendo um grupo de manifestantes e a polícia.
O grupo protestava contra a votação do projeto que autoriza o governador Beto Richa a usar recursos do fundo de pensão Paraná Previdência como parte das medidas de austeridade e ajuste fiscal. O projeto foi aprovado.
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