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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Não sei o que ele fez! Motorista arrancado à força de ônibus por PM será multado por bloquear a via, afirma oficial



Motorista arrancado à força de ônibus por PM será multado por bloquear a via, afirma oficial

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Luã Marinatto

Depois de ser arrancado à força do ônibus que conduzia por um policial militar, na tarde desta terça-feira, o motorista Gerson Rodrigo, de 28 anos, também será autuado por infringir as leis de trânsito. Na 6ª DP (Cidade Nova), para onde o caso foi encaminhado, oficiais da PM afirmaram, após o registro da ocorrência, que o rapaz receberá quatro multas - entre elas, uma por bloquear a via, já que o veículo fechou parcialmente por cerca de duas horas o cruzamento entre as ruas de Santana e Benedito Hipólito, no Centro do Rio, enquanto a confusão desenrolava-se.
Segundo o mesmo oficial, que preferiu não se identificar, as outras autuações são por desobeder à ordem expressa de uma autoridade de trânsito; por recusar-se a apresentar a carteira de habilitação; e pelo fato de o ônibus estar circulando sem o Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV). Um representante da Auto Viação Tijuca, responsável pela linha 345 (Praça Mauá/Barra da Tijuca), assegurou, na delegacia, que o CRLV estava no coletivo, e alegou que ele só não foi apresentado aos policiais por conta da agressão ao motorista.
Sobre a multa por bloquear a via, Gerson afirma que, durante o tumulto, a chave do ônibus desapareceu, impedindo que ele retirasse o veículo da rua. Ainda de acordo com o condutor, a chave só foi encontrada por volta de 18h, cerca de duas horas depois do início da discussão envolvendo o sargento Carlos Fernando Dias Chaves, lotado no 41º BPM (Irajá). A assessoria de imprensa da Polícia Militar não foi localizada até o fim da noite desta terça-feira para confirmar as autuações ao motorista.
PMs e motorista discutem durante confusão em ônibus no Centro do Rio
PMs e motorista discutem durante confusão em ônibus no Centro do Rio Foto: Foto da leitora Naara Maritza
Prisão administrativa decretada
O sargento Carlos Fernando teve a prisão administrativa decretada pelo comandante da corporação, coronel José Luís Castro Menezes, e passará as próximas 72 horas aquartelado, período no qual deve ser ouvido pela Corregedoria. A ordem de detenção ocorreu depois que um vídeo gravado por passageiros, mostrando o policial aplicando uma gravata em Gerson, foi publicado pelo site do EXTRA.
O ônibus da linha 345 levava muitos professores que se dirigiam à manifestação da categoria, ocorrida na tarde desta terça no Centro da cidade. Ao chegar a um cruzamento próximo à Central do Brasil, o coletivo teria fechado um micro-ônibus da PM, que acabara de ser abastecido e levava cinco policiais para o mesmo protesto. Segundo os PMs, Gerson foi abordado e negou-se a apresentar a carteira de habilitação. Ao receber voz de prisão por desobediência, ele também teria se recusado a acompanhar o sargento, que alega ter usado força bruta por necessidade.
- O registro tem as duas versões, de desobediência por parte do motorista e de abuso de autoridade do PM. A investigação pode concluir por uma ou outra, ou por ambas - explicou o delegado-assistente Bruno Gilaberte, da 6ª DP.
Policial avança sobre motorista para golpeá-lo
Policial avança sobre motorista para golpeá-loFoto: Foto da leitora Naara Maritza
Exame de corpo de delito
De acordo com o delegado, Gerson faria exame de corpo de delito ainda na noite desta terça-feira. Além da blusa rasgada durante a agressão, ele apresentava vermelhidão no pescoço causada pelo golpe do PM.
- Já dá para afirmar que houve um excesso, independentemente das circunstâncias que envolveram o fato - afirmou o delegado.
Além de Gerson, três policiais militares, incluindo Carlos Fernando, foram ouvidos na delegacia. Três professores que estavam no coletivo também prestaram depoimento. Segundo Gilaberte, os vídeos gravados pelas testemunhas serão anexados ao inquérito, assim como as imagens da câmera de segurança do ônibus e possíveis registros feitos pela CET-Rio no local da confusão:
- As imagens do ônibus já foram solicitadas à empresa e serão, provavelmente, as mais importantes, pois podem mostrar todo o desenrolar dos fatos, do início ao fim. Já o vídeo da CET-Rio pode ajudar a entender o incidente de trânsito em si. É uma coisa secundária, não é de suma importância, mas pode, por exemplo, mostrar uma motivação e influenciar numa eventual pena.
O motorista Gerson Rodrigo foi agredido por PMs
O motorista Gerson Rodrigo foi agredido por PMs Foto: Luisa Lucciola / Extra
'Falei que não daria a carteira e ele me enforcou'
Depoimento do motorista de ônibus Gerson Rodrigo, de 28 anos
"O condutor do micro-ônibus da PM me fechou na curva. Ele entrou no ônibus e pediu o documento do veículo e a minha habilitação. Até onde eu sei, ele não pode exigir esse documento. Falei que não daria a carteira (de motorista) e ele me enforcou. Não sei se ele fez isso por causa dos professores que estavam no ônibus. A agressão foi absurda, quero processar o Estado por danos morais e constrangimento."

O ônibus da linha 375, interceptado por PMs, ficou atravessado no meio da rua
O ônibus da linha 375, interceptado por PMs, ficou atravessado no meio da rua Foto: Luisa Lucciola / Extra

Confira, abaixo, a nota sobre o caso enviada pela Polícia Militar na tarde desta terça-feira:
"O Comandante-Geral da PM determinou a prisão administrativa do policial militar que dirigia um microonibus da corporação e deu voz de prisão a um motorista da linha 345 (Praça Mauá/Barra da Tijuca), na Rua de Santana, no Centro, na tarde desta terça-feira, 15/10. Segundo as primeiras informações, o motorista teria fechado o ônibus da Polícia Militar após uma freada brusca. Houve um princípio de briga quando o policial solicitou os documentos do motorista. Tanto os policiais que estavam no veículo quanto os passageiros do ônibus seguiram para a 6ª DP (Cidade Nova)."


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