A Justiça de Roraima determinou a prisão de quatro policiais militares pela prática de crime de tortura. Mark Dany Veloso, João Batista Medeiros de Matos, Glenisson Moura de Araújo e Antônio da Silva Carneiro estão detidos no Comando de Policiamento da Capital (CPC), em Boa Vista.
O mandado de prisão em desfavor dos policiais foi expedido pela 5ª Vara Criminal e encaminhado à Polícia Interestadual (Polinter) no dia 13 de setembro para cumprimento. Os acusados foram presos somente no último dia 24 .
O caso pelo qual os policiais respondem ocorreu em 2002. A vítima relatou que estava em seu local de trabalho quando os policiais chegaram e a jogaram algemada em uma viatura da Polícia Militar. Ela informou que foi levada ao balneário da Cachoeirinha, localizado no bairro Cidade Satélite, e 'apanhou bastante'.
Segundo a vítima, os policiais a teriam torturado para que confessasse onde estaria a arma de propriedade do soldado Carneiro, um dos militares envolvidos. Além disso, um dos policiais teria colocado uma arma em sua cabeça. Depois da agressão, o homem foi levado para a delegacia.
Em depoimento, os policiais negaram os fatos relatados por ele e o apontaram como principal suspeito pelo desaparecimento da arma de um deles. Afirmaram que foi feita a prisão do homem sem o devido mandado e que as lesões sofridas pela vítima foram ocasionadas devido aos machucados sofridos dentro do 'camburão'.        
O Ministério Público do Estado de Roraima (MP/RR) ofereceu denúncia, em outubro de 2005, contra os seis policiais que estavam na viatura. O pedido foi pela condenação dos militares por formação de quadrilha, tortura, abuso de autoridade e lesão corporal. Mas, nas alegações finais, o órgão ministerial pugnou pela extinção de punibilidade em relação aos dois últimos crimes.

A sentença foi proferida pelo juiz Iarly José Holanda de Souza em março de 2011. À época, o processo foi julgado no Mutirão Criminal e, posteriormente, encaminhado à vara de origem. A defesa dos policiais interpôs recursos contra a sentença, mas em janeiro deste ano o Tribunal de Justiça de Roraima (TJ/RR) manteve a decisão e determinou a prisão dos militares.
Na decisão, o juiz declarou que não restou comprovada a prática do crime contra dois dos seis acusados, dentre eles uma mulher. Todos os policiais militares foram absolvidos do crime de formação de quadrilha e os quatro condenados pelo crime de tortura.   
Para o magistrado, ficou claro que a vítima sofreu lesão provocada por alguns dos acusados. O exame de corpo de delito constatou a ocorrência da agressão de natureza leve ocasionada por instrumento contundente. Além disso, o juiz destacou que a prisão do homem foi ilegal, pois ele não estava em situação de flagrante tampouco havia mandado de prisão.
Sentença 
De acordo com a decisão, os quatro policiais condenados pelo crime de tortura deverão cumprir as penas, inicialmente, em regime fechado. Mark Dany Veloso, João Batista Medeiros de Matos e Glenisson Moura de Araújo foram condenados a três anos e meio de reclusão. Já Antônio da Silva Carneiro foi condenado a quatro anos e um mês de reclusão.
Foi declarada ainda a perda do cargo, função ou emprego público de policial militar para todos os condenados. Atualmente, os policiais atuavam no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da PM e outro já estava na reserva.
Outro lado 
O advogado dos policiais, Mauro Coelho, informou que ingressou com pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que os militares sejam postos em liberdade. Ele informou que não foi intimado sobre a decisão que transitou em julgado. "Isso gera nulidade do processo", destaca.
Por meio de nota, o Comando da Polícia Militar de Roraima informou que se 'trata de decisão judicial, de forma que os policiais encontram-se custodiados no Comando de Policiamento da Capital (CPC) de acordo com o que prevê a determinação da Justiça'.