"Algema!". "Está preso". "Cadê o explosivo dele?". Os berros são de um policial militar a um jovem de 15 anos, detido no protesto do dia 30 de setembro no Rio. A ação acontece segundos depois de um outro agente largar morteiros aos pés do menino, como se fossem dele. A Polícia Militar, em nota, afirmou que a acusação de flagrante forjado — divulgada pelo jornal "O Globo" em vídeo nesta quarta-feira (2) — é "equivocada" e, num segundo documento, prometeu abrir sindicância. Entretanto, o advogado que prestou assistência jurídica ao menino na 5ª DP, Lucas Sada, afirma que, na delegacia, o motivo apresentado para a detenção foi, sim, a posse dos artefatos.
Ainda segundo o advogado, o jovem foi levado ainda algemado para a delegacia. Lá, policiais disseram que o flagrante se perdeu junto à mochila onde estariam os explosivos. A bolsa teria sido levada por outros manifestantes que atrapalharam a ação policial. Cerca de duas horas depois, um dos policiais responsáveis pela ação, enfim, chegou à delegacia e contradisse sua própria versão inicial.
"Mudaram a versão. Os primeiros policiais falaram do objeto na mochila. E a delegada, que foi correta, perguntou onde estava a tal mochila. Depois, chegaram outros policiais e falaram: 'ninguém vai fazer covardia e falar o que não aconteceu'", afirmou Sada.
Para ele, a detenção, além de ilegal, é recorrente. O grupo do qual ele faz parte auxiliou também no caso de Bruno Teles . Na ocasião, o estudante chegou a ser preso por portar artefatos explosivos — antes de imagens desmentirem a versão policial.
"A polícia detém para averiguação. Simplesmente conduzem para apurar, sem nenhum flagrante de delito", criticou o advogado. Na detenção do rapaz de 15 anos, há um agravante. "Obviamente essa detenção é ilegal. Não há razão nenhuma para ser conduzido, muito menos algemado. Ele foi detido por nada", finalizou. Em nota, a PM diz que o menor "foi visto em correria junto com outros manifestantes mascarados".