Informação policial e Bombeiro Militar

sábado, 22 de janeiro de 2011

Não dar pra ser feliz, não dar pra ser feliz, não dar pra ser feliz...

Assim fica difícil ser herói


Apesar do investimento de R$ 30 milhões, em 4 anos, em reformas e construção de quartéis, militares sofrem com a péssima condição dos alojamentos

João Valadares
jotavaladares@gmail.com

Não é apenas a falta de equipamentos e viaturas que envergonha, expõe e trava o Corpo de Bombeiros de Pernambuco. Mesmo com o investimento de R$ 30 milhões, nos últimos quatro anos, somente em reforma e construção de novos quartéis, a péssima condição dos alojamentos impressiona. Difícil ser herói assim. No Grupamento de Salvamento e Ações Táticas (GBsat), no município de Abreu e Lima, no Grande Recife, bombeiros passaram quase seis meses dormindo no chão do refeitório, porque o único ar-condicionado do quarto estava quebrado. As mesas ainda estão no corredor de entrada do local. Há um mês, o comandante do GBsat, Almir Rocha, retirou o aparelho da sua sala e colocou no alojamento para amenizar a situação.

“Passamos muito tempo dormindo no chão do refeitório. Só agora, depois que o comandante colocou o ar aqui, há aproximadamente um mês, voltamos”, afirmou um bombeiro, que preferiu não ser identificado por temer represálias. Na tarde de ontem, o JC conseguiu ter acesso a todas as dependências do GBsat. O alojamento feminino não tem ar-condicionado e não há cama para todas. Uma delas tem que dormir com o colchão no chão.

Os armários de ferro, utilizados pelos bombeiros para armazenar roupas e objetos pessoais, estão quase todos enferrujados. Do lado de fora, é possível atestar o improviso. Um pedaço de madeira escora o antigo aparelho de ar-condicionado.

Um bombeiro fotografou dez ratos mortos dentro do lixeiro do alojamento. “Aqui tem rato por todos os lados. Acho que nunca fizeram uma dedetização. É um absurdo o que a gente sofre aqui.” No quartel de Olinda, a situação é semelhante.

Um oficial, que preferiu não ser identificado, informou que, no interior, os alojamentos são ainda mais precários. “Veja só. Se a gente tem um alojamento de um grupamento importante como esse aqui no Grande Recife, imagine a estrutura do interior. Falta absolutamente tudo. Muitas vezes, não tem nem cama. O grande problema é que os praças, aqueles que mais sofrem, têm medo de repassar as informações, porque eles podem ser perseguidos. Mas a insatisfação é generalizada. Reconhecemos o esforço do governador Eduardo Campos, no entanto, há um problema grave de gestão do comando do Corpo de Bombeiros.”

Outro coronel declarou, em reserva, que, mesmo com o investimento, não é possível recuperar toda a estrutura. “Tem muita coisa para ajeitar. Quem vai querer pagar a taxa de bombeiro? A população paga e não tem o retorno quando precisa. Isso tem que ser resolvido urgentemente.”

O governo comunicou, na quinta-feira, que “foram arrecadados, nos últimos quatro anos, R$ 150 milhões por meio da Taxa de Prevenção e Extinção de Incêndios, recursos totalmente aplicados na corporação, totalizando R$ 390 milhões os recursos disponibilizados para o Corpo de Bombeiros”. Só no ano passado, houve investimento de R$ 115 milhões e arrecadação de R$ 42 milhões, dados repassados pelo comandante em exercício, Marco Antônio da Silveira.

MOTOS PARADAS

Dez motocicletas estão paradas na frente do Grupamento de Atendimento Pré-Hospitalar, em Olinda, desde o ano passado. Informações extra-oficiais apontam que não há motociclistas dos Bombeiros para pilotar os veículos, que deveriam ser utilizados no socorro a vítimas de acidente.

“Não posso falar sobre esse assunto. Você precisa falar com o comando”, informou o oficial que liderava o grupamento ontem pela manhã. O Corpo de Bombeiros não justificou o motivo de os veículos estarem parados, sem utilização.

Secretário evita falar sobre as novas denúncias
O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, informou, ontem, por meio da assessoria de imprensa, que não iria se pronunciar sobre os problemas no Corpo de Bombeiros. A assessoria também não emitiu nenhuma resposta em relação às denúncias de precariedade nos alojamentos.

Pela manhã, durante cerimônia de nomeação de 657 novos policiais civis, no Centro de Convenções, em Olinda, no Grande Recife, o secretário, em seu discurso, classificou de tendenciosas as notícias publicadas. “Essas notícias que saíram na imprensa são tendenciosas e não condizem com a realidade e a responsabilidade do Corpo de Bombeiros.” O governador Eduardo Campos também discursou, no entanto, não falou sobre o Corpo de Bombeiros. Na quinta-feira, durante entrevista no Palácio do Campo das Princesas, sede do Executivo, Eduardo, questionado por repórteres, se negou a falar sobre o assunto. Disse apenas que a Secretaria de Defesa Social iria emitir uma nota oficial.
 
Em entrevista após a cerimônia, Damázio assegurou que, ainda este ano, 400 novos bombeiros vão entrar na corporação. Ele ressaltou que é normal existirem carros quebrados e em manutenção numa instituição como o Corpo de Bombeiros. O déficit estimado, levando em consideração padrões internacionais, é de mais de cinco mil homens.
 
Na quinta-feira, um dia após a publicação de denúncias de sucateamento e insatisfação de comandantes de grupamentos em razão da estrutura precária, o governo do Estado anunciou investimento de R$ 21 milhões.
De acordo com nota oficial, publicada ontem nos principais jornais de Pernambuco, o dinheiro vai ser empregado na compra de 76 veículos (incêndio, salvamento e resgate) e embarcações operacionais. A Secretaria de Defesa Social assegurou que os processos licitatórios foram iniciados.
 
A SDS comunicou que “vem investindo fortemente no Corpo de Bombeiros, principalmente no reforço e modernização do Sistema de Resgate. Até 2007, ele contava com apenas cinco ambulâncias. Atualmente, dispõe de 45 veículos, além de duas UTIs móveis e de um helicóptero aeromédico.”

Fonte: Jornal do Commercio http://jc3.uol.com.br/jornal/2011/01/22/not_409017.php

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