Benedito Roberto Meira acredita que o país está em 'situação de guerra'. Alexandre Hiath de Lima foi enterrado, nesta sexta (26), em Santos, SP
26/09/2014 12h34 - Atualizado em 26/09/2014 18h18
Do G1 Santos
O enterro do corpo do sargento Alexandre Hiath de Lima, que morreu após ser baleado em uma abordagem policial em São Paulo, aconteceu nesta sexta-feira (26), no Cemitério Areia Branca, em Santos, no litoral de São Paulo. O Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Benedito Roberto Meira, acabou se emocionando durante a cerimônia e desabafou. Segundo Meira, o Brasil vive uma 'situação de guerra'. Ele afirma também que é preciso repensar os modelos de segurança pública no país com urgência.
O enterro foi acompanhado por parentes, amigos e muitos policiais militares. O sargento recebeu várias homenagens da corporação e foi enterrado no mausoléu da Policia Militar. Após o enterro, o Comandante falou sobre o caso e desabafou. "É um momento extremamente doloroso. Infelizmente, creio que Santos é a cidade onde mais estive em funerais. Não só de policiais que morreram aqui, mas que morrem em outros locais do estado e são enterrados aqui. Esse é o oitavo caso de policial militar que falece em serviço neste ano, o sexto caso em confronto com criminosos", lamentou Meira, mencionando as mortes de policiais ocorridas no Estado de São Paulo.
De acordo com Meira, em nenhum lugar do mundo morrem tantos policiais como no Brasil. "Estamos em uma situação de guerra. É difícil e temos que fazer frente a essa criminalidade violenta que atira sem qualquer precedente matando inocentes. Eu tenho certeza que nós damos a nossa própria vida em defesa da sociedade. Aqui está um exemplo. Nesse ano já morreram 66 policiais militares vítimas de homicídios e vítimas de latrocínios. Tivemos também mais de 190 casos de policiais vítimas de tentativa de homicídio", contabilizou.
Para o comandante, é preciso repensar as várias vertentes que envolvem a segurança pública no Brasil. "Será que o modelo vigente é o melhor? Nós temos que mudar a nossa estrutura. Nós temos que mudar também a nossa legislação. Nós temos uma reincindência absurda. Nenhuma pessoa que cumpre uma pena normalmente volta para o trabalho. Ela nao tem oportunidade e volta para o crime", falou.
(Foto: Solange Freitas / G1)
Meira também disse que a circulação de drogas é um dos principais problemas do Brasil, o que influencia diretamente na criminalidade. "O volume de drogas que entra no nosso pais é enorme. Nós somos vizinhos dos maiores produtores de drogas do mundo, Peru, Bolívia, Colômbia e Paraguai. Somos os maiores consumidores de crack do mundo. Somos o segundo maior consumidor de cocaína do mundo. Eu falo de droga porque ela tem uma relação íntima com o crime", disse.
Para Meira, é preciso dar um basta nesta situação. "Não adianta ficar culpando ou ficar atribuindo responsabilidade ao governo municipal, estadual ou federal. O problema de segurança pública é um problema que tem que contemplar todas as esferas do governo. Não temos que ficar empurrando e jogando a responsabilidade um para o outro. Nós, da força de segurança, sofremos com isso porque perdemos homens. Temos que passar momentos constrangedores como esse, de ter que entregar para a mãe ou um familiar uma bandeira simbolizando a nossa gratidão", falou.
Ele também explicou a emoção de estar no enterro de um companheiro de profissão. "Eu estou extretamente emocionado e comovido. Não tem um enterro de um policial militar que eu não fique emocionado. Eu estou perdendo um companheiro, um amigo, um profissional. Nesse momento, não tem um vínculo de subordinação, de hierarquia. Eu estou perdendo um companheiro que morreu em uma trincheira. Só posso comparar a uma guerra, não tem outra comparação", falou.
Por fim, ele pediu, mais uma vez, a ajuda das autoridades para mudar essa situação. "Nós precisamos reverter esse jogo. Nós precisamos fazer com que as pessoas acordem para essa guerra. As pessoas, as autoridades que ocupam os cargos seja no executivo, legislativo e judiciário, que despertem para o problema. Quem esta sentindo são vocês cidadãos e nós, policiais militares", finalizou Meira.
(Foto: Arquivo Pessoal)
Caso
O sargento do 3º Batalhão da Polícia Militar Alexandre Hiath de Lima, de 37 anos, morreu após ser baleado no rosto durante uma perseguição policial, no bairro Ipiranga, na região central de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (24).
O sargento do 3º Batalhão da Polícia Militar Alexandre Hiath de Lima, de 37 anos, morreu após ser baleado no rosto durante uma perseguição policial, no bairro Ipiranga, na região central de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (24).
Dois homens armados assaltaram uma pessoa na saída de uma agência bancária, por volta das 16h. Alexandre Hiath e outros policiais tentaram abordar a dupla. Um dos criminosos, que estava na garupa da moto, durante a fuga, reagiu e atirou na viatura policial, ferindo Alexandre Hiath no rosto. Os assaltantes conseguiram fugir.
O policial foi levado para o pronto-socorro de Heliópolis, mas não resistiu aos ferimentos e morreu às 6h desta quinta-feira (25). Segundo a PM, o sargento estava na corporação há 17 anos, era casado e tinha uma filha. Ele morava em Praia Grande.
faz tempo que essa situaçao nao e vista pela altoridade deste pais porque eles nao estao sendo atingido diretamente so quando isso passa acontecer com eles ai sim vao abri. os olhos
ResponderExcluir