Exército aposenta militar que assumiu relação homossexual de 13 anos
O Exército decidiu aposentar o segundo-sargento Laci Marinho de Araújo, 39 anos, que ficou conhecido por tornar pública sua relação estável de 13 anos com outro militar. A decisão foi informada ontem a Laci e, segundo a Ata de Inspeção de Saúde, a que o Correio teve acesso, se baseia no diagnóstico de doenças que o torna “incapaz definitivamente para o serviço do Exército”. Na inspeção de saúde feita pela Força, o militar foi diagnosticado com “transtorno misto ansioso e depressivo”, “outras reações ao estresse grave”, “epilepsia de lobo temporal” e “hipertensão primária”.
Companheiro de Araújo, o também segundo-sargento Fernando Alcântara de Figueiredo, 38, se disse surpreso com o reconhecimento da doença de Laci. “O Exército insistia que a doença era uma invenção. Fomos pegos de surpresa. Nos chamaram ontem no Comando do Exército para que tomássemos conhecimento da decisão”, explicou. O militar acredita que uma perícia judicial concluída recentemente teria levado à mudança de posição do Exército. Segundo Alcântara, a perícia atesta que a doença existe há oito anos. “A perícia derruba a tese da deserção. Para não ficar estampado que o Exército não amparou uma pessoa doente, agora eles decidiram pela aposentadoria.” Araújo chegou a ser preso, acusado de deserção.
O laudo, assinado por três militares, não o considera inválido, o que permite ao Exército aposentá-lo de forma proporcional. Com isso, o Exército diminui o salário a ser pago a Araújo após a reforma. “É isso que a gente está contestando. A gente sabe que todo paciente com problema neurológico tem que se afastar do trabalho porque tem crises, mas o justo é que ele saia com o salário inteiro”, reivindica Alcântara.
Araújo e Figueiredo se conheceram em 1997, em Brasília. Desde então, dividem o mesmo apartamento, de propriedade do Exército, na Asa Norte. Em 2008, quando o companheiro foi preso, Alcântara licenciou-se do serviço militar. Hoje, comanda o Instituto Ser Direitos Humanos, que auxilia militares vítimas de preconceito dentro das Forças Armadas.
''A perícia derruba a tese da deserção. Para não ficar estampado que o Exército não amparou uma pessoa doente, agora eles decidiram pela aposentadoria'', Fernando Alcântara de Figueiredo, companheiro de Laci Marinho de Araújo.
Fonte: Correio Braziliense
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