Governador reconhece que Alagoas é o estado mais violento do país
A sua declaração foi após um noticiário nacional apontar o aumento da criminalidade no estado e a falta de estrutura da políciaRailton Teixeira
O governador de Alagoas reconheceu o enfoque dado pela mídia nacional relacionando o estado como o mais violento do país, na frente de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo chamado de “O Faroeste do Nordeste”. Em uma coletiva, Teotonio Vilela Filho (PSDB), reconheceu os altos índices de violência e relatou que já assumiu o estado com estas taxas.
Segundo ele, não é de hoje que a violência atinge os alagoanos, mas que vem fazendo um “esforço imerso” para coibir estás estatísticas, mas reconheceu que não é fácil "vencer está batalha".
“Estamos equiparando a polícia, já são 400 novas viaturas, armas, equipamentos, polícias comunitárias, parceria com o governo federal, com o Ministério Público Estadual (MPE), mas é um esforço em conjunto para vencer o crime organizado, que está sendo doloroso”.
Ele garante que o Seminário Nacional que debate a segurança pública, sediado em Alagoas, foi uma proposta sua, mas que segundo ele, mediante a visita da presidenta Dilma Rousseff (PT) à Alagoas não poderá está presente, porém quem o representará é o vice-governador, José Thomaz Nonô (DEM).
Contrário a ideia de que a violência se resolva com polícia nas ruas, o juiz Paulo Tamburini, membro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), defende que o estado deve buscar soluções e políticas públicas para combatê-las.
“Não é papel do CNJ apontar as soluções, e sim debatê-las com a população”, defendeu o Tamburini.
"Violência não se resolve com policiais", diz membro do CNJ.
Em Alagoas para promover o seminário “Poder Judiciário e Segurança Pública”, o juiz Paulo Tamburini defendeu o debate como o primeiro passo a ser dado para combater a criminalidade.
Em conversa com a imprensa na manhã desta sexta-feira (15), na sede do Tribunal de Justiça, Tamburini, que faz parte do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), disse que escolheu Alagoas para realizar o seminário devido aos altos índices de violência registrados no estado.
Ele explica que o objetivo do evento é discutir o assunto com a população e colher as sugestões para que sejam colocadas em prática. “O seminário irá fazer uma abordagem mais ampla da segurança pública. Para encontrar alternativas de combater ao crime, é necessária maior união entre os poderes executivo, legislativo e judiciário”.
Sem citar alternativas, o conselheiro frisou que a questão da violência não se resolve com policiais. “Não é papel do CNJ apontar as soluções, e sim debatê-las com a população”, disse ele acrescentando que não se pode pensar em segurança pública a nível local e sim no contexto nacional por uma série de fatos.
O seminário será realizado no próximo dia 25 de julho, em Maceió, e contará com a participação de ministros de Estado e de Tribunais Superiores, generais das Forças Armadas e representantes de entidades nacionais da Magistratura. Entre os palestrantes, estão a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Carmen Lúcia Antunes Rocha, e o ministro de Estado da Defesa, Nelson Jobim.
O evento é aberto ao público, mas as vagas são limitadas. As inscrições são gratuitas e já podem ser feitas por meio do site do seminário, mediante preenchimento de formulários específicos. Confira a programação e acesse o formulário de inscrição.
Alagoas está no topo da lista dos estados com mais homicídios do país.
Marcela Oliveira e Railton Teixeira
No mapa da violência, um lugar se destaca no Brasil: Maceió (AL). É a cidade onde os pais temem pela vida de seus filhos e os filhos choram a morte dos pais. Durante duas noites, a equipe de reportagem do Bom Dia Brasil acompanhou o trabalho de policiais na capital. Encontrou tristeza, descaso e, sobretudo, impunidade.
Anoitece em Maceió. É o prenúncio de mais um fim de semana de violência na cidade. A equipe de reportagem do Bom Dia Brasil acompanha uma noite na rotina dos policiais na sexta-feira (22), justamente quando aumenta o índice de criminalidade.
Em uma sala, há todo um sistema integrado monitoramento. Os policiais recebem as ocorrências e, da sala, partem para atendê-las. “Infelizmente, já começamos desta forma”, lamenta um policial.
A equipe de reportagem segue a viatura. Quinze minutos depois do chamado, às 20h, várias outras equipes já haviam chegado para atender a ocorrência. “Certamente com droga. O que é que ele veio fazer? Ele tinha 16 anos”, indagou Elísio Alves, pai da vítima.
De acordo com o mapa da violência, último levantamento divulgado pelo Ministério da Justiça e pelo e Instituto Sangari, Alagoas ocupa o topo do ranking da violência no Brasil. São 60 homicídios a cada 100 mil habitantes.
A equipe de reportagem do Bom Dia foi informada pela Polícia Militar que em outro local da cidade aconteceu mais um homicídio, mas a equipe decidiu ficar à espera da perícia.
“Depende como está a situação lá fora. Tem casos que não demora e o pessoal chega rápido, mas tem casos que sim”, afirmou o sargento Marcos Viana, da Polícia Militar de Alagoas.
Em 50 minutos, os primeiros peritos chegam ao local. “A dificuldade é grande. Nós somos cinco peritos, no máximo, por dia para responder pelo estado todo”, conta o perito José Fernando da Silva.
A Associação Brasileira de Criminalística recomenda que a cada cinco mil habitantes haja um perito. Em Maceió, o ideal seriam 600, mas a equipe é de 40. O Instituto de Criminalística na capital também não está equipado com laboratórios de toxicologia, química e biologia, o que torna quase impossível a analise cientifica das provas recolhidas pela polícia.
“Atualmente não tem dado as respostas de que precisa. O perito tem de ter os subsídios do laboratório para confirmar ou refutar a hipótese que ele está defendendo naquele caso”, afirma Rosa Coutinho, diretora do Instituto de Criminalística de Alagoas.
Logo na recepção, o flagrante da falta de estrutura: a fiação exposta coloca em risco o funcionário. Mas este é o menor dos problemas. Um médico legista conta que muitos exames dos exames necessários em caso de homicídio não poderão ser feitos por falta de material e estrutura.
“Em relação à perícia, que eu falo, que a gente faz hoje aqui, a que se fazia há 30 anos. É basicamente a mesma coisa. A única coisa que melhorou foi a questão da identificação. Só. Mas, no exame em si, de melhorar, de poder elucidar alguma coisa, nada. Nenhuma necrópsia. Tudo o que naquela época se fazia a gente faz hoje”, relata um médico legista.
Por onde a equipe passou, constatou-se a falta de higiene. Não há espaço sequer para armazenar os corpos. “Quando não tem, a gente manda enterrar e depois desenterra. Não tem como ficar aqui”, acrescenta o médico legista.
A ausência de uma estrutura adequada levou o IML a queimar, logo após a perícia, as roupas e o lençol que enrolavam o corpo da estudante de fisioterapia Giovana Tenório, assassinada no início do mês passado. Segundo o diretor, não há onde guardar as provas no instituto.
“Quando o legista acha necessidade de recolher esse material, é feito isso e torna-se um caminho de custódia. Como não houve nesse caso, obviamente para o legista não tinham importância aquelas vestes. Para os peritos criminais, provavelmente também não, porque se tivessem teriam guardado”, explicou Gerson Odilon, diretor do Instituto Médico Legal de Maceió.
Todas essas deficiências contribuíram para que Alagoas integrasse outro ranking: segundo o Conselho Nacional do Ministério Público, há 3.944 processos de homicídio não concluídos no estado. Rodrigo Cunha é advogado e ainda sofre a dor da perda dos pais: a deputada federal Ceci Cunha e o marido dela, assassinados em uma chacina quando ele tinha 17 anos. Alguns dos suspeitos chegaram a confessar o crime em um vídeo feito pela Polícia Federal, mas todos os envolvidos permanecem em liberdade.
“Isso, para a família, é como se fosse uma faca que continua sangrando. A gente precisa, tanto para diminuir um pouco essa sensação de impunidade, que se chegue ao fechamento final desse processo e que se chegue, pelo menos, ao júri, que é o que a gente vem buscando há mais de 12 anos”, lamentou o advogado Rodrigo Cunha.
“Esta é a nossa dificuldade, porque nós temos diversos crimes para julgar. O estoque de crimes passa muitos anos para ser julgado. Isso porque nosso sistema judiciário também é pequeno. Temos também a questão da nossa perícia, que não está aparelhada para que a prova material ligue aquele criminoso ao seu ato delituoso. Por fim, nós temos também uma polícia judiciária, que é a Polícia Civil, ainda muito lenta”, declarou Dário César Cavalcante, secretário de Defesa Social de Alagoas.
O secretário de Defesa Social de Alagoas também reconheceu as deficiências da perícia. O Instituto de Criminalística afirmou que já solicitou ao governo do estado a realização de um concurso público para contratação de novos peritos.
Fonte: Primeira Edição
http://www.primeiraedicao.com.br/noticia/2011/07/25/governador-reconhece-que-alagoas-e-o-estado-mais-violento-do-pais
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