A confusão começou com um acidente de trânsito. Segundo a PM, um dos motoristas se negou a fazer o teste do bafômetro e foi levado à delegacia.
Um coronel da Polícia Militar do Acre disse nesta segunda-feira (3) que se baseou no estado de direito para invadir uma delegacia de polícia no fim de semana, em Rio Branco. Ele e dezenas de PMs participaram da ação para libertar um sargento preso horas antes.
A invasão à delegacia, na noite de sábado (1º), foi rápida e surpreendeu os policiais que estavam de plantão.
A confusão começou com um acidente de trânsito. Segundo a Polícia Militar, um dos motoristas se negou a fazer o teste do bafômetro e foi levado à delegacia. Ainda segundo a versão dos militares, o delegado exigiu que o policial militar aplicasse o bafômetro, o que não aconteceu, porque o motorista voltou a se negar.
“Ele simplesmente bateu na mesa, sacou a arma, apontou para minha cabeça e disse: ‘você sargento está preso por falso testemunho’”, conta James Wendell da Silva, policial militar.
Ao todo, 50 PMs invadiram a delegacia e resgataram o sargento James Wendell da Silva.
“A nossa atitude de forma genérica, colocando para os senhores, foi embasada no estado democrático de direito. Tudo em função da ação de um delegado inconsequente, uma atitude infantil”, explica o coronel Márcio Alves, comandante da Companhia de Trânsito.
O delegado contou outra versão. Segundo ele, o PM se negou a assinar o boletim de ocorrência.
“Entendi que ele incorreu em crime de falso testemunho, diante da presença de um escrivão e de outro policial que acompanhava a situação e que ele estava preso. E dei voz de prisão”, disse o delegado Leonardo Santa Bárbara.
Três presos esperaram o fim do conflito algemados.
“Um exemplo de corporativismo maléfico dentro da segurança pública. Infelizmente, isso gera uma crise, a gente não pode esconder”, afirma o delegado Alcino Júnior.
Passadas mais de 24 horas da invasão à delegacia, tanto o delegado quanto o policial militar continuam trabalhando normalmente nas suas funções. O secretário de Segurança prometeu uma apuração rigorosa do caso e tratou de pôr panos quentes na relação entre Polícia Civil e Polícia Militar.
“As instituições estão acima de qualquer desentendimento. A situação está superada. Os fatos serão apurados e depois divulgados”, afirma Ildor Reni Graebner, secretário de Segurança Pública do Acre.
De acordo com a Polícia Civil, o motorista que se negou a fazer o teste do bafômetro não pagou fiança e ainda está preso. A Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial do Acre espera o relatório do promotor de plantão no fim de semana para começar a investigação do caso.
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