Dois policiais militares foram condenados pela morte do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, de 78 anos, ocorrida no dia 1º de novembro de 2012 em Porto Alegre . O juiz Luis Felipe Paim Fernandes, da 5ª Vara Criminal da capital gaúcha, aplicou a pena de 23 anos de prisão a um deles, e 22 anos e 10 meses ao outro, além de pagamento de multa.
O militar foi morto por volta das 21h, quando chegava em casa no Bairro Chácara das Pedras, na Zona Norte da cidade. Segundo a polícia, ele foi atingido com pelo menos seis tiros. O corpo foi encontrado por vizinhos no lado de fora do veículo, e nada foi roubado. Imagens de câmeras de segurança mostram que o coronel foi seguido antes de morrer (confira no vídeo) .
Os réus pertencem ao 11º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento da área. Segundo a sentença, eles usaram um carro com placas clonadas para cometer o crime, com o objetivo de roubar a coleção de armas que o militar guardava. Eles não estavam trabalhando no momento do crime.
"Resta evidente que os acusados no afã de subtrair os armamentos pertencentes a vítima, que possuía uma coleção de armas, premeditaram a ação, porquanto tinham total conhecimento da área e possivelmente da rotina da vítima, haja vista que a localidade era o território do batalhão a que serviam, escolhendo o dia e horário mais apropriados para a execução do delito", escreveu Fernandes.
Coronel guardava documentos da época da ditadura
Molinas Dias fez parte na década de 1980 do Departamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro. Um documento que comprova a entrada do preso político Rubens Paiva no DOI-Codi durante a ditadura militar no Brasil, foi encontrado pela Polícia Civil na casa do coronel.
Ele atuou no DOI-Codi depois do desaparecimento do político, e mantinha um acervo com material da época. Os documentos foram repassados para a Comissão Nacional da Verdade e para os familiares de Paiva.
Rubens é um dos 183 desaparecidos políticos com o paradeiro a ser investigado pela Comissão Nacional da Verdade, criada pelo governo federal para examinar e esclarecer violações de direitos humanos praticadas durante o regime que vigorou entre 1964 e 1985. O deputado Rubens Paiva foi preso em 20 de janeiro de 1971.