Ex-PM João Dias é preso suspeito de receptação em Samambaia, no DF
Material de construção de empresa foi encontrado na casa de ex-militar. Policial foi autor de denúncias que levaram à queda de ministro em 2011.
Do G1 DF
O policial militar reformado João Dias Ferreira, responsável por delatar um suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte que levou à demissão do ex-ministro Orlando Silva, foi preso nesta terça-feira (26) suspeito de receptação em Samambaia, no Distrito Federal . Ele nega a acusação.
Pela manhã, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Dias e localizou parte de um equipamento de construção que havia sido alugado há quatro meses e estava desaparecido. A dívida pelo não pagamento do serviço chega a R$ 6 mil.
De acordo com a polícia, o material não foi alugado por Dias, mas por um outro homem, que afirmou não conhecer o ex-militar. Ele foi ouvido pela 26ª DP e liberado em seguida. O ex-cabo, no entanto, afirmou que mantém uma relação comercial com o responsável pelo aluguel do material. A polícia informou que chegou a Dias após um mês de investigação.
Segundo o delegado-chefe da 26ª DP, Plácido Rocha Sobrinho, João Dias informou que sublocou o restante do equipamento para construtoras. A polícia informou que já localizou o material e vai fazer a apreensão ainda nesta terça.
Dias foi autuado em flagrante pelo crime de receptação dolosa qualificada. Segundo o delegado, o crime foi qualificado porque ele assumiu que sublocava uma mercadoria que já estava enquadrada como crime.
A pena para o crime é de três a oito anos de prisão. O militar foi levado para a delegacia e vai ficar à disposição da Justiça. O delegado não soube informar para onde Dias será transferido pelo fato de ele ser um soldado da PM reformado.
Histórico
Em dezembro de 2011, o cabo foi preso por ter supostamente agredido três pessoas ao entrar no Palácio do Buriti , sede do governo do Distrito Federal. Na época, ele foi indiciado pela Polícia Civil por lesão corporal e injúria racial contra os servidores.
Em dezembro de 2011, o cabo foi preso por ter supostamente agredido três pessoas ao entrar no Palácio do Buriti , sede do governo do Distrito Federal. Na época, ele foi indiciado pela Polícia Civil por lesão corporal e injúria racial contra os servidores.
Ainda no ano passado, o ex-cabo foi parar na delegacia por causa de outra confusão. Funcionários de uma marmoria disseram que foram agredidos pelo policial militar. O PM negou e disse que teve a casa invadida. No mesmo ano, ele se envolveu em uma briga com vizinhos .
Dias foi aposentado em julho da Polícia Militar por ter sido julgado incapaz definitivamente para o serviço.
Denúncias
O suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte foi revelado por Dias em entrevista à revista "Veja" em outubro de 2011. De acordo com a reportagem, Dias afirmou que o então ministro do Esporte, Orlando Silva, participou de suposto esquema de desvio de dinheiro da pasta.
O suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte foi revelado por Dias em entrevista à revista "Veja" em outubro de 2011. De acordo com a reportagem, Dias afirmou que o então ministro do Esporte, Orlando Silva, participou de suposto esquema de desvio de dinheiro da pasta.
Orlando Silva, que deixou o cargo devido às denúncias, sempre negou envolvimento com irregularidades. Em nota divulgada na época em que o caso foi tornado público, Silva disse que a denúncia era "falsa, descabida e despropositada".
Na entrevista para a revista, Dias afirmou que o ministro teria comandado um esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, de incentivo à prática esportiva entre crianças e adolescentes. Conforme a revista, o suposto esquema teria desviado cerca de R$ 40 milhões da pasta nos últimos oito anos.
As denúncias chegaram ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Segundo João Dias, o suposto esquema de fraude no Segundo Tempo teria começado durante a gestão de Agnelo no ministério. Ele foi ministro entre 2003 e 2008. Na época, Orlando Silva era secretário-executivo da pasta.
Agnelo sempre negou as denúncias, mas admitiu que conhecia o PM, devido a sua militância no PCdoB, sigla à qual o governador era filiado antes de se transferir ao PT.
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