Investigar encontrado morto hoje apresentava quadro de depressão há meses
Namorada de policial civil ficou abalada ao saber da morte de companheiro (Foto: Victor Chileno)
Lamentando dois casos de suicídios de policiais civis nos últimos cinco dias, o sindicato da categoria voltou a cobrar acompanhamento psicológico rotineiro destes servidores. “Hoje, a Segurança Pública só disponibiliza o atendimento quando o próprio policial procura. O que queremos é que haja um acompanhamento psicológico rotineiro de todos os policiais mesmo daqueles que não peçam atendimento”, diz Geancarlo Miranda, diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol).
O sindicalista afirma que tal reivindicação já foi feita anteriormente, mas que a cúpula da Segurança Pública não tomou providências. Ele cita que hoje existe um déficit de policiais e falta estrutura nas delegacias. “O trabalho é estressante. Há risco de morte todos os dias. Somando isso a situação familiar, chega num ponto que a pessoa não aguenta”, analisa.
Miranda alerta para a sensação de insegurança que pode gerar na sociedade em razão da fragilidade emocional dos servidores que deveriam estar preparados para defender a população. “Não podemos permitir que este tipo de situação se torne rotineira. A Segurança Pública tem que agir em favor do bem estar do policial”, reivindica.
Na tarde de hoje, o investigador Allan Martia, 33 anos, foi encontrado morto em sua residência, na Travessa do Policial, no Bairro Arnaldo Estevão de Figueiredo, em Campo Grande. Ele, segundo policiais, se enforcou usando uma corda. No dia 3, o policial de Fátima do Sul, Bruno Leandro da Silva, foi encontrado morto às margens do Rio Dourados, com um tiro na cabeça que seria da própria arma.
Em frente à casa de Allan, nesta tarde, a cena era de comoção. Parentes e amigos choravam desesperados. Uma vizinha contou que o policial apresentava quadro de depressão há meses. Recentemente, ao precisar ser levado ao médico, após suposta crise de ansiedade, ele teria mencionado que preferia “acabar com a vida a ficar incomodando as pessoas.”
Hoje, pela manhã, ele foi encontrado morto por um colega de trabalho que estranhou a falta dele no serviço. Allan estava lotado na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro da Capital e era policial civil há nove anos.
Esta não é a primeira vez que os moradores da Travessa do Policial testemunham tragédias no local. Há dois anos, a mãe de Allan morreu, na mesma casa, após ingerir uma superdose de medicamente, situação que foi considerado um suicídio. Ela tinha 56 anos. Cerca de um ano antes, um vizinho de 60 anos se matou com um tiro no peito. “Já fizemos correntes de oração para espantar o mal desta travessa”, relembra uma moradora.
Fonte: Diário Digital
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