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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Desvios de conduta nas polícias federal e militar alertam comandantes


Por Redação - do Rio de Janeiro

A 'UPP informal' funcionava na casa do sargento, em Jacarepaguá
A ‘UPP informal’ funcionava na casa do sargento, em Jacarepaguá
Correio do Brasil

A Corregedoria da Polícia Federal (PF) investiga o que agentes, nos bastidores, batizaram de ‘kit-extorsão’: uma corda, duas armas — uma de choque e outra raspada —, algemas e touca ninja, encontradas numa viatura do órgão há duas semanas. O material foi descoberto na mudança de plantão e devidamente registrado.
Em nota oficial, a PF informa que apura o caso. O procurador da República Orlando Cunha já pediu explicações. Para Cunha, não é necessário montar um ‘kit’ para um mau agente praticar extorsões, mas o episódio é grave, e os servidores responsáveis pelos equipamentos devem ser identificados e punidos.
O material foi encontrado pelo delegado Marcelo Nogueira. Ao assumir o plantão, ele não teve dúvidas em registrar o fato. É inadmissível que agentes da Polícia Federal tenham arma raspada. O Ministério Público Federal tem o Grupo de Controle Externo da Atividade Policial, criado especialmente para investigar agentes federais. As informações constam na coluna da jornalista Adriana Cruz, do diário popular carioca O Dia.
Milicianos
Na polícia estadual do Rio de Janeiro também há desvios de conduta dos servidores públicos. O sargento Ronald César Força, do Batalhão de Choque, um dos idealizadores da ‘UPP da Milícia’ na Praça Seca, foi afastado do policiamento de rua por ordem do comando da PM. Denúncia do diário O Dia mostrou, na véspera, que o policial transformou a casa da família, na Rua Parintins, na Favela da Chacrinha, numa base da milícia liderada pelo ex-sargento Luiz Monteiro Doem. Ele pintou paredes e muros nas cores azul e branca — bem semelhantes aos tons usados pela Polícia Militar — e cunhou a expressão ‘UPP’ na fachada e no muro lateral da residência, em referência à Unidade de Polícia Pacificadora.
Ainda segundo o jornal, “o sargento Força é investigado num Inquérito Policial Militar (IPM), aberto após investigação preliminar da Coordenadoria de Inteligência da PM, em junho. Nesta segunda-feira, ele foi novamente ouvido no processo. O agente é acusado de transportar armas e milicianos do bando de Doem e usar a casa para reuniões do grupo, além de hospedar paramilitares de outros bairros”.
Ronald Força, afirma o coronel Cláudio Costa, relações públicas da PM, “vai realizar apenas serviços burocráticos enquanto durar o IPM. Ele atuava no policiamento motorizado e, inclusive, trabalhou nas ruas durante as manifestações de protesto de junho. O IPM está correndo sob sigilo e, inicialmente, tem o prazo estipulado de 40 dias para a conclusão”.
Tiro no pé
Outra investigação para apurar o envolvimento do sargento com as milícias da Praça Seca foi aberta ontem pelo delegado Marcus Vinícius Braga, da 28ª DP (Campinho). Ele esteve no imóvel, constatou que havia a inscrição UPP na casa e pediu o laudo técnico da perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli. Ele convocou o sargento Força a prestar depoimento durante a semana e ouvirá outras testemunhas. O policial pretende também anexar as informações que constam no inquérito da PM. A Favela da Chacrinha é uma das comunidades carentes de Jacarepaguá que são monitoradas por policiais militares desde a morte de um subtenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope), sexta-feira. Ontem, a PM informou que localizou acampamentos e casas usados por bandidos para se refugiar na região. As operações não têm data para acabar.
A instalação de uma ‘UPP informal’ na Favela da Chacrinha, na Praça Seca, foi um ‘tiro no pé dado pela milícia’, segundo o sociólogo Ignácio Cano, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e especialista em violência urbana. Ele acredita que a visibilidade negativa dada pela manchete desta segunda do DIA vá atingir a ação do grupo. “O que eles menos querem é ser vistos. A reportagem mostrou a cara deles, que terão de lidar com a opinião pública”, opinou o especialista. O caso, segundo ele, serve para ‘lembrar da necessidade de criar uma política pública de retomada dos territórios controlados por milicianos’.
O objetivo da inscrição da sigla ‘UPP’ seria mostrar às 13 comunidades do bairro que a milícia será a responsável pela ‘pacificação’ das favelas, mesmo objetivo da polícia. Ignácio forneceu outras duas interpretações.
– Não sei se é um deboche, ou se eles querem dizer que aquela área nunca será contemplada com uma UPP. É necessário não apenas a prisão dos chefes, mas o desmonte desses grupos – concluiu o professor, em entrevista ao repórter João Antonio Barros.

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