Informação policial e Bombeiro Militar

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Veto a socorro de vítimas de crimes em SP abre crise com PMs



DE SÃO PAULO
São Paulo
Folha de São Paulo



A decisão do novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, de proibir que policiais militares socorram vítimas com ferimentos graves abriu uma crise entre os PMs. A resolução, antecipada pela Folha, passou a valer ontem.

Análise: Aguardar resgate adequado é mais seguro para paciente
Governo de SP proíbe polícia de socorrer vítimas de crimes

Uma das intenções da resolução é evitar que policiais alterem a cena de um crime, de modo a acobertá-lo.

Representante dos PMs na Assembleia, o major reformado Olímpio Gomes, e a associação dos PMs portadores de deficiência dizem que vão tentar revogar a norma.

"A mensagem que o governo dá é a de que não confia na polícia", diz o major, deputado estadual pelo PDT.

Segundo ele, o governo Geraldo Alckmin (PSDB), para combater maus policiais, põe sob suspeita toda a PM -há casos de mortes de vítimas socorridos por policiais em que os PMs são investigados.

Olímpio irá propor um projeto que anule a norma. Alckmin, porém, tem maioria na Casa. Já a associação ameaça ir à Justiça. "A decisão é absurda, parece que foi tomada por quem desconhece a atividade policial", diz a entidade.

PMs, sob a condição de anonimato, disseram ser treinados para prestar socorro e que a medida prejudica a imagem deles junto à população.

Agora, o policial passa a ser obrigado a informar ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mesmo que tenha participado da ocorrência. Isso vale para crimes como homicídio, tentativa de homicídio e lesão corporal grave.
Editoria de Arte/Folhapress


SUSPEITA

Além de preservar a cena do crime, a iniciativa pretende assegurar o atendimento às vítimas por profissionais habilitados, como médicos e socorristas. A medida é elogiada por especialistas (leia abaixo).

Para o comandante da PM na capital, coronel Marcos Chaves a medida dará maior transparência à ação policial.

"Hoje, quando há confronto, o policial já é visto com suspeita. Não se sabe se ele socorreu mesmo, se alterou a cena do crime. Com a proibição, a suspeita contra o PM vai cair."

Sob a condição de anonimato, dois comandantes de batalhões da PM disseram temer que o número de vítimas aumente porque o socorro poderá demorar mais do que hoje.

Um deles disse que em cidades menores o Samu não é tão eficiente e os PMs serão obrigados a descumprir a regra.

Ex-comandante da PM entre 2009 e 2012 e vereador do PSD, Álvaro Camillo revelou o mesmo temor, embora apoie o atendimento por especialistas.

"O que preocupa é um policial deixar de socorrer, ficar em dúvida, e uma vida se perder."

O Samu diz que atende 96% dos casos em até dez minutos e que a nova demanda não será problema.

Capitão reformado da PM e vereador pelo PTB, Conte Lopes diz que, com a medida, parece que "só o PM erra".

Para o criminalista Leopoldo Louveira, se a vítima morrer, o policial e o Estado podem ser responsabilizados por omissão de socorro.

Não fica claro na norma se o policial, mediante orientação telefônica do Samu enquanto a ambulância não chega, poderá intervir para ajudar um ferido. (AFONSO BENITES, ANDRÉ MONTEIRO, RICARDO GALLO E TALITA BEDINELLI)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O autor desse Blog não se responsabiliza pelos comentários aqui postado. Sendo de inteira responsabilidade da pessoa que o fez as consequências do mesmo.