Ministério Público apura denúncia de abusos durante curso do Bombeiros
Aussiner Dutra morreu dia 11 durante treino em piscina, em Porto Velho. 20ª Promotoria de Justiça do Ministério Público de Rondônia apura o caso.
Por Vanessa Vasconcelos
Do G1 RO
Após receber denúncia da Associação dos Praças e Familiares da Polícia e Bombeiro Militar do Estado de Rondônia (Assfapom) de que a morte do aluno do curso de formação de bombeiros, Aussiner Dutra Ferreira, teria ocorrido devido a abusos cometidos pelos coordenadores do curso, a 20ª Promotoria de Justiça do Ministério Público de Rondônia informou que está apurando o caso e que, se confirmada a denúncia, os responsáveis podem responder por crime de tortura seguida de morte e homicídio culposo.
Jesuíno Boabaid, presidente da Assfapom, diz que a associação abriu uma investigação por conta própria e que testemunhas que presenciaram o fato e relataram os abusos por parte do coordenador do curso.
Aussiner e os demais companheiros de curso estariam realizando exercícios dentro da piscina a cerca de três horas, quando por volta das 13h, quando já estavam sendo liberados por um auxiliar, receberam o comando do coordenador do curso para que continuassem dentro da piscina, realizando novos exercícios.
De acordo com Jesuíno, Aussiner apresentava sinais de cansaço assim como outro colega. “Neste momento, o tenente ordenou que ninguém tocasse neles, que eles teriam que se virar sozinhos. Um conseguiu alcançar a borda da piscina, mas o aluno Dutra afundou”, relata o presidente da associação.
Os dois alunos chegaram a receber atendimento médico, mas Aussiner já teria sido retirado da piscina desacordado. “Tentaram reanimar, mas ele não resistiu, já tinha engolido muita água”, conta Boabaid.
Na ocasião, a corporação informou que o aluno teria sido vítima de um mal súbito, mas no atestado de óbito está registrada como morte por afogamento acidental. De acordo com o advogado e amigo da família que acompanha o caso, Francismar Landi, as respostas para a morte de Aussemir Dutra virá com a divulgação do laudo, que deve sair nos próximos dias. "A família espera apenas que o caso seja investigado que se for comprovada alguma falha humana, que o responsável seja punido, para que isso não venha a acontecer com outras famílias", diz o advogado.
Segundo o presidente da Assfapom, os alunos que participavam do treinamento no dia do ocorrido estariam sendo coagidos por superiores para não testemunhassem sobre o caso. Ele afirma ainda que todos os depoimentos ouvidos foram gravados em DVD e será encaminhado ao MP para auxiliar nas investigações, assim como a identidade das testemunhas, que será mantido em sigilo por motivo de segurança.
De acordo com o promotor de Justiça Alan Castiel Barbosa, as denúncias deverão ser apuradas pela Polícia Judiciária.
Por telefone, a assessoria do Corpo de Bombeiros informou que só vai se pronunciar sobre o caso após a liberação do laudo da morte do aluno, que, inicialmente, estava previsto para sair na segunda-feira (21).
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