Informação policial e Bombeiro Militar

domingo, 13 de julho de 2014

Presa em Porto Alegre, Sininho negociou por telefone compra de fogos de artifício


Ativista e outras 18 pessoas foram detidas. Grupo é acusado de planejar atos de vandalismo durante a final da Copa

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RIO — Elisa Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, de 28 anos, foi presa neste sábado em Porto Alegre por policiais da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) do Rio, sob a acusação de formação de quadrilha armada. Outras 18 pessoas foram detidas, entre elas um professor de História que estava em casa, na Urca. Segundo investigadores, há nove foragidos, inclusive o namorado de Sininho, conhecido como Game Over. Os mandados de prisão foram expedidos pela 27ª Vara Criminal, onde corre um processo sobre atos violentos durante manifestações no Rio. Numa entrevista coletiva, o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, disse ter provas “robustas e consistentes” de que parte do grupo planejava protestos violentos, que aconteceriam entre este sábado e no domingo, na final da Copa do Mundo.
— Essa operação pode ter evitado uma série de atos de violência que essa quadrilha pretendia desencadear, especialmente amanhã (domingo) — disse Veloso.
ESCUTAS TELEFÔNICAS
Segundo a DRCI, interceptações telefônicas e de mensagens de Elisa, feitas com autorização judicial, revelaram que ela negociou compras de fogos de artifício para uso em manifestações. Elisa já havia sido detida em outubro de 2013, num protesto, e em janeiro deste ano, por desacato. Policiais viajaram na noite de sexta-feira para a capital do Rio Grande do Sul, onde vive o pai da jovem. Ela foi encontrada na casa do namorado.

Também houve prisões no Rio e em Búzios. Além de Elisa, 17 detidos vão responder por formação de quadrilha armada. Mas duas prisões foram flagrantes sem relação com a lista de procurados: um dos detidos tinha um revólver; um outro estava com drogas.
Natural de Porto Alegre, Elisa vinha sendo investigada desde a morte do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da TV Bandeirantes, em fevereiro. Ele foi atingido na cabeça por um rojão, durante um protesto na Central do Brasil. Dias depois, a polícia identificou Fábio Raposo e Caio Silva e Souza como responsáveis pelo lançamento do explosivo. Ambos mantinham contato com Elisa, que chegou a ir a uma delegacia para tentar defendê-los.
Elisa desembarcou na noite deste sábado no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Os outros detidos passaram a tarde na Cidade da Polícia, no Jacaré. Segundo a Secretaria estadual de Administração Penitenciária, todos os presos seriam levados para o Complexo Penitenciário de Gericinó.
Na operação da DRCI, batizada de Firewall 2, foram apreendidos máscaras de gás e explosivos, além de computadores e celulares. A Justiça expediu 26 mandados de prisão temporária e dois de busca e apreensão de menores. Os suspeitos ficarão detidos por cinco dias. Se forem condenados, poderão ter que cumprir até três anos de prisão.
Amigos dos detidos estiveram na Cidade da Polícia e afirmaram que a ação foi motivada por perseguição política. O advogado de Elisa, Marino D’Icarahy, disse ao G1 que não falaria sobre o caso.
Renata Araújo, delegada adjunta da DRCI, informou que declarações de integrantes da Frente Independente Popular e de black blocs indicaram que Elisa tinha papel de liderança na organização de atos violentos.
ONGs E OAB REPUDIAM PRISÕES
Por meio de notas, ONGs repudiaramamanha as prisões. Segundo a Justiça Global, o propósito da polícia foi amedrontar aqueles que têm feito da presença na rua uma forma de expressão e de luta por justiça social. A Anistia Internacional afirmou que o fato é “preocupante por parecer repetir um padrão de intimidação’’.
Felipe Santa Cruz, presidente da OAB-RJ, também divulgou uma nota na qual manifestou preocupação com o fato de a prisão dos ativistas ter sido feita com base numa acusação de formação de quadrilha armada, ressaltando que a ação policial parecia “ter caráter intimidatório’’, já que havia uma manifestação marcada para este domingo. Marcelo Chalréo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da entidade, afirmou que a ação não impedirá o protesto, às 13h, na Praça Saens Peña, na Tijuca:
— A convocação foi reforçada. Não há um motivo para a prisão dessas pessoas.

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