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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Que cachaça em Coronel! Vídeo com comandante-geral da PM embriagado e brigando em estádio circula entre oficiais e praças. Coronel Sílvio provoca jogador e cartolas, leva a pior e "enquadra" policiais




Coronel vexame

Vídeo com comandante-geral da PM embriagado e brigando em estádio circula entre oficiais e praças. Coronel Sílvio provoca jogador e cartolas, leva a pior e "enquadra" policiais

DIÁRIO DA MANHÃ
HÉLMITON PRATEADO
Vídeo com comandante-geral da PM embriagado e brigando em estádio circula entre oficiais e praças. Coronel Sílvio provoca jogador e cartolas, leva a pior e “enquadra” policiais O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Sílvio Benedito Alves, é o protagonista do vexame contido em um vídeo que policiais tiveram acesso e que tem causado constrangimento a quem se depara com as cenas. Na confusão envolveram-se ainda outros oficiais que tentaram conter o coronel e praças que evitar o prolongamento da briga.
Na gravação que durou aproximadamente quatro minutos, o coronel aparece de camiseta de um time de futebol, chinelos e visivelmente embriagado provocando um ex-jogador do Goiás Esporte Clube e se envolvendo em uma briga com dirigentes do clube, saindo da refrega sangrando e desmoralizado, apesar de protegido por policiais fardados. O principal agressor foi o diretor-administrativo do Goiás, Marcelo Nunes Segurado.
O caso aconteceu em 29 de dezembro de 2010 em um jogo do Goiás contra o Corinthians, válido pela última rodada do Campeonato Brasileiro da primeira divisão daquele ano. Sílvio Benedito já era coronel, posto máximo da Polícia Militar, e estava no setor das cadeiras numeradas com uma camiseta do Fluminense, clube carioca, e provocava o ex-jogador do Goiás Rafael Moura, que havia sido vendido antes do final desse mesmo campeonato em que o clube goiano foi rebaixado para a segunda divisão. He-Man, como era chamado o atacante, havia sido um dos destaques do Goiás em outra competição, a Copa Sul-Americana, em que ironicamente o time sagrou-se vice-campeão.
O Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) lavrado logo após a confusão instruiu que o coronel Sílvio foi vítima e Marcelo Segurado foi o agressor, causando-lhe “lesões corporais”. As explicações, contudo, foram diferentes e as imagens falam por si.
No primeiro momento aparece o atual comandante-geral sentado em um fileira logo atrás de onde estava o jogador Rafael Moura com sua família – esposa e filha – e alguns funcionários do Goiás Esporte Clube. Sílvio Benedito relatou no TCO que a discussão com Rafael Moura iniciou-se porque ele estaria usando uma camisa do Fluminense, clube para o qual ele havia sido transferido recentemente e que a situação ficara apenas no “bate-boca”. Após isto, disse o oficial, ele teria sido agredido pelas costas com socos e chutes por Marcelo Segurado e que ao cair sobre a apoio de braço das cadeiras, que é de metal, feriu-se no rosto e daí veio o sangramento.
Comprovação
O vídeo que corre entre os militares mostra quadro a quadro a sucessão de posições em que o coronel, o jogador e o dirigente se encontram e como se deu o desfecho do caso até que um capitão da PM consegue conter o comandante-geral.
Nos primeiros quadros da gravação aparece o coronel Sílvio de camiseta, bermuda e chinelos com um copo de bebida na mão (aparentemente cerveja). Ele dirige alguns comentários diretamente a Rafael Moura. Algumas pessoas disseram posteriormente que era algo do tipo: “abandonou o barco, seu vendido”, referindo-se ao fato do jogador ter retornado ao Fluminense e deixado o clube goiano ser rebaixado.
Rafael Moura estava com sua família e ladeado por pessoas do próprio Goiás Esporte Clube, como Marcelo Segurado e Bruno Pinheiro, além do tenente-coronel Bites, que presta consultoria na área de arbitragem para o clube. Bites é o primeiro oficial que tenta conter o coronel.
Esses funcionários do Goiás tomam as dores de Rafael e encaram a discussão com o coronel Sílvio, provavelmente alguns não soubessem que se tratava de um oficial de alta patente. A discussão de acirra com Rafael Moura se virando para trás e animando a claque esmeraldina a crescer pra cima do oficial.
Sopapos
Ao 1:20 minuto da gravação a temperatura sobe. O amontoado que se formou junto ao coronel Sílvio encobre temporariamente o oficial até que se vê a cerveja indo para o alto e os pescoções sendo distribuídos. Um homem não identificado dá um primeiro sopapo no coronel e se afasta. No mesmo instante o diretor Marcelo Segurado se torna protagonista da situação e aplica dois violentos petardos no coronel. O segundo murro joga o militar contra a parte de metal da cadeira que fere o lado direito de seu rosto e provoca o sangramento maior.
Logo na sequência surge o tenente-coronel Luís Alberto Sardinha Bites, que prestava serviços para o Goiás Esporte Clube. Ele não estava no estádio naquele dia, como comparece a outros jogos, para torcer pelo time. Como ex-árbitro de futebol renomado ele dava consultoria ao clube goiano e era remunerado por isto.
Bites tenta separar os brigões e contém o coronel Sílvio em um corredor ao lado da grade de proteção. Sílvio nesse estádio já ficou sem seu chinelo e sangra do lado direito da face. O coronel aparentemente cambaleante, em virtude dos socos que sofreu, agravados com a queda no braço de metal da cadeira e do teor alcoólico que se encontrava, tenta se recompor.
Covardia
Como em confusões desse tipo surgem todas as espécies de malfeitores para agravar a situação aparece um indivíduo gordinho, trajando camiseta cavada, bermuda e chinelos, um estereótipo do torcedor desleixado. De forma covarde, pelas costas ele desfere um pontapé nas nádegas do coronel Sílvio. “Muito provavelmente ele não fizesse isto de forma alguma se soubesse que se tratava de um coronel da Polícia Militar”, comentou um praça que viu o vídeo.
Outro militar, dessa vez um oficial, brincou com o seguinte comentário: “gostaria de saber que ele tem tanta macheza a ponto de dar o mesmo pontapé no coronel Sílvio agora, fardado e com as divisas de comandante-geral. Se fizer isto eu me ajoelho a seus pés”.
Ajuda
Outro policial militar vem em auxílio do coronel Sílvio. Dessa vez é o sargento Maxuêlo Braz de Paula, presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar e diretor da Goiasprev. Maxuêlo também está de bermuda e camiseta (listrada) e busca apaziguar o coronel Sílvio. Surge também um outro personagem: Almir, militar e que trabalha como segurança para o Goiás. Ele está com o fone de comunicação restrita entre eles e fica postado às costas do coronel para garantir que a baderna não ganhe proporções ainda maiores.
Sílvio Benedito Alves rechaça a contenção feita pelo tenente-coronel Bites e na gravação é possível decifrar nitidamente que ele fala o famoso: “me solta” e “tira a mão de mim”. Nesse momento a turma do Goiás retira Rafael Moura e familiares do local. Ele aparece descendo as escadas e indo embora. O coronel aponta o dedo para Marcelo Segurado e esbraveja algumas palavras ininteligíveis.
Logo em seguida surgem três praças, alunos-soldado, que simplesmente acompanham o desenrolar dos fatos, sem colocar a mão em ninguém. “Se fosse um civil qualquer com total certeza os policiais já chegariam descendo seus cassetetes sem piedade. Mas, como provavelmente já haviam sido avisados de que se tratava de um coronel da ativa mais pareciam cordeirinhos”, comentou um outro oficial que assistiu o vídeo.
O gesto do coronel Sílvio nesse momento (3:02 minutos) é emblemático. Ele leva a mão esquerda à genitália e aperta. Especialistas em linguagem corporal explicam que isto significa uma descarga de testosterona monumental. Algo como que o indivíduo quisesse dizer “sou macho”. Faz isto no momento que aponta o dedo em riste, provavelmente para Marcelo Segurado. Os militares ao seu lado nada fazem.
Aparece outro militar: capitão Borges, que tenta acalmar os ânimos do coronel. Ele também está de camiseta, bermuda e chinela. Junto com ele chegam outros cinco policiais militares (praças) fardados e se juntam aos outros três que, claramente, já estavam dando proteção ao coronel embriagado e brigão. Sílvio já está com o rosto todo ensanguentado, com um filete de sangue escorrendo pelo lado esquerdo (onde levou o mais violento murro) e coberto de sangue do lado direito (onde se feriu).
Panos quentes
O desfecho do caso é um mistério. O TCO foi resolvido em um juizado especial e não foi possível levantar qual foi seu deslinde. O diretor do Goiás Esporte Clube, Marcelo Segurado, provavelmente também não soubesse naquele tempo que estava esmurrando um coronel da PM e muito menos que ele viria se tornar comandante-geral da corporação.
Alguns políticos tiveram acesso ao vídeo ficaram escandalizados com o que viram. Eles lamentaram que um oficial superior, coronel, patente mais alta da força militar, estivesse em um estádio de futebol embriagado e em trajes impróprios, com o agravante de se envolver em uma briga generalizada com ferimento e sangue escorrendo. “Um oficial deve dar exemplo a seus comandados e subordinados. O que esse senhor coronel proporcionou foi um vexame”, sentenciou um deputado estadual que pediu para ser mantido no anonimato.
A reportagem tentou ouvir o coronel Sílvio Benedito Alves. Seu telefone 9968-xxxx estava somente na caixa de mensagem, bem como o número  9905-xxxx , de sua ajudante-de-ordens, capitã Elisângela. O diretor do Goiás, Marcelo Segurado também não foi encontrado.
Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO)
ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA
POLÍCIA CIVIL
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA
01 DELEGACIA DISTRITAL DE POLÍCIA DE GOIÂNIA
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA
Art. 69 da Lei 9.099/95
Numero: 909/2010
Data/Hora de
Registro: 29/12/2010 15h21
Circunscrição: 01 DELEGACIA DISTRITAL DE POLÍCIA DE GOIÂNIA
Infração Penal : CPB ART. 129 CAPUT: LESÃO CORPORAL
Data/Hora do Fato: 29/11/2010
17h00
Local do Fato: ESTADIO SERRA DOURADA JARDIM GOIÁS GOIÂNIA GO
VITIMA-NOTICIANTE(1)
Nome: SILVIO BENEDITO ALVES
Sexo: MASCULINO Nascimento:
30/09/1966 Idade: 35 A 64
Nacionalidade: BRASILEIRA Naturalidade: GOIÂNIA GO
Estado Civil: CASADO(A)
Profissao: CORONEL PM/GO
Comercial: GOIÂNIA GO
AUTOR(1)
Nome: MARCELO NUNES SEGURADO
Sexo: MASCULINO
Nascimento: 07/06/1964
Idade: 35 A 64
Nacionalidade: BRASILEIRA Naturalidade: GOIÂNIA GO
Estado Civil: CASADO(A)
Cor/Raça: BRANCA
Profissao: DIRETOR ADMINSTRATIVO GOIAS
Grau de Instrucao: 3º GRAU COMPLETO
HISTÓRICO
QUE na data e horário acima citados, encontrava-se no Estádio Serra Dourada, nas cadeiras ''numeradas'', assistindo ao jogo Goiàs X Corinthians, válido pela última rodada do Campeonato Brasileiro, observando que o jogador do Goiás E. C., Rafael Moura, encontrava-se sentado na fileira da frente de onde a vitima se encontrava, tendo o mesmo se virado para a vitima e iniciando uma discussão, tendo em vista que a vítima vestia uma camisa do Fluminense, portanto, a discussão ficou somente em ''bate-boca'' entre a vitima e Rafael Moura, oportunidade em que a vitima foi agredida pelas costas com socos e chutes pela pessoa do autor, o qual é diretor administrativo do Goiás E. C.; QUE além de ter recebido vários socos e chutes, ainda foi empurrado vindo a se chocar contra um obstáculo, causando-lhe lesões no seu dorso direito, além de vários ferimentos no rosto, provenientes dos socos, conforme relatório médico; QUE no momento das agressões algumas pessoas que ali se encontravam, conseguiram amenizar a situação, oportunidade em que a vitima foi levada do local pela testemunha Guilemar até o banheiro, onde se lavou e, posteriormente, foi para o Hospital dos Acidentados, onde recebeu atendimento médico; QUE no local das agressões haviam várias pessoas, mas pode afirmar que foi agredido fisicamente, sem nenhuma sombra de dúvidas, pelo autor. Nada mais.
VERSÃO DO AUTOR
O suposto autor declara que com relação aos fatos noticiados no presente procedimento não são verídicos, uma vez que o declarante não participou em momento algum de agressão a vítima da forma de que foi colocada nos autos. A versão do declarante é que estava sentado a trabalho, já que era o responsável pela segurança dos jogos do Goiás e no dia do evento o declarante estava sentado algumas fileiras acima da confusão, ladiados pelos membros da comissão técnica do Goiás e de vários torcedores, nós já haviamos percebidos que havia um cidadão trajano uma camisa de um outro clube, visivelmente embriagado e alterado que estava trazendo desconforto para as pessoas que estavam próxima, isto no primeiro tempo da partida .
Que no intervalo do jogo o declarante percebeu uma confusão, que envolvia os atletas Rafael Moura e Marcão do Goiás e também de um instrutor de arbitragem do Goiás Esporte Clube, Cel. Bites, nesse momento o declarante aproximou-se do local e pode perceber que a suposta vítima, estava ofendendo e ameaçando os atletas, em especial o Rafael Moura, que naquele momento estava com a sua filha menor no colo e junto com todos os seus familiares. Que a vítima ameaçava o Rafael Moura e sua família, quando o Cel. Bites, tentou tirar de perto, já que ele estava embriagado e muito alterado, nesse momento ele empurrou o Cel. Bites, quando o declarante aproximou e tentou segurar, foi a´quando ele de posse de um copo de cerveja, jogou no rosto do
declarante, chegando a esfregar, nessa confusão muitas pessoas, estava revoltadas com a presença da vítima, tentaram tirar do local, vindo a vítima cair ao solo e em seguida o declarante, Rafael Moura, Marcão e seus familiares, retirados do local, uma vez a suposta vítima, não atendia os pedidos e determinações de policiais fardados para se retirar do local. Que esclarece a bem da verdade de que se houve uma agressão a vítima, não foi o declarante, pelo contrário o declarante, Cel. Bites, é que foram agredidos fisicamente e Rafael Moura, moralmente, além de ter sido ameaçado de ser
sequestrado a sua filha. Que inclusive várias emissoras de TV, gravaram o comportamento alterado em função da embriaguez da vítima.Que esclarece que o declarante a pedido do Cel. Bites, não fez nenhum registro em Delegacia e tampouco foi expedido qualquer tipo de relatório médico, isso pelo fato de que o próprio Cel. Bites, lhe pediu pelo fato da vítima ser também Cel. da Polícia Militar.

Assinatura do Autor
TESTEMUNHA(1)
Nome: GUILEMAR SILVA ROCHA
TESTEMUNHA(2)
Nome: FRANCISCO BORGES DE LIRA
Elaborado por: JOAO FERREIRA DOS SANTOS, Escrivã(o) de Polícia
Visto: DR. ANDRÉ LUIZ ABRÃO - Delegado(a) de Polícia
Digitado por: JOAO FERREIRA DOS SANTOS
DESPACHO
Com as devidas cautelas remeta-se ao 4º Juizado Especial Criminal competente.
GOIÂNIA, 05/01/11
OBS: dados pessoais foram removidos do termo pela equipe do DM para não prejudicar os envolvidos

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