O Ministério Público de Goiás pede que o governo do estado anule a promoção de tenente-coronel dada ao então major Davi Dantas. O policial militar foi condenado, em fevereiro deste ano, a 15 anos de prisão pelo assassinato do médico ortopedista Marcelo Pacheco, ocorrido em 2004, em Goiânia .
De acordo com a promotora de Justiça Villis Marra, a Polícia Militar (PM) promoveu Davi Dantas em julho de 2009, quando ela já era o principal suspeito do crime. Quatro anos depois, o MP decidiu se manifestar, com base no Estatuto dos Policiais Militares, que proíbe PMs julgados ou acusados em ações penais de serem promovidos.
"A situação hoje é muito mais complicada. Não bastasse à época o militar estar respondendo a processo criminal, atualmente ele tem uma condenação", explica Marra.
Segundo a polícia, Davi Dantas mandou matar o médico após descobrir um suposto envolvimento de sua mulher com a vítima. Mesmo condenado, Dantas aguarda o recurso da sentença em liberdade.
Na época do crime, Davi Dantas foi preso e chegou a ficar fora da lista de promoção. Mas, após ganhar a liberdade, entrou com recurso no Tribunal de Justiça de Goiás. A Corregedoria da PM informou que uma liminar judicial garantiu o direito do militar de voltar ao quadro de funcionários.
Mesmo sendo o principal suspeito de um homicídio triplamente qualificado, Davi Dantas foi promovido a tenente-coronel. Segundo a polícia, a promoção ocorreu por bom comportamento e tempo de trabalho.

Segundo a promotora, a resposta da PM ou do governo sobre a promoção do PM deve sair em 10 dias. "Ou a administração estadual anula o decreto ilegal, ou o Ministério Público terá de ingressar, em juízo, com ação civil pública para a anulação do ato ilegal", diz Marra.
O Comandante Geral da Polícia Militar irá analisar a documentação enviada ao Ministério Público para tomar posteriores medidas.
Crime 
O ortopedista Marcelo Pacheco, de 42 anos, era sócio de uma clínica em Goiânia e foi morto no dia 1º de dezembro de 2004, com um tiro de pistola na nuca. O corpo do médico foi localizado por um taxista no dia seguinte, dentro do próprio carro, no estacionamento da rodoviária da capital.
O laudo da perícia concluiu que o médico havia sido algemado antes de morrer e não tinha sinais de luta corporal, o que, para a polícia, indica que Marcelo foi morto de forma fria e cruel.